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terça-feira, novembro 25, 2008



quando fiquei sozinho, tinha muito tempo para pensar nisso tudo. Vivia no melhor lugar do mundo:um apartamento de cobertura num velho edifício de oito andares de Centro Havana. Ao entardecer preparava um copo de rum muito forte, com gelo escrevia uns poemas duros(as vezes meio duros, meio melancólicos) que largava por ali, em qualquer lugar.Ou escrevia cartas.
Nessa hora tudo fica dourado e eu olhava os arredores. Ao norte o Caribe Azul, imprevisível, como se a água fosse de ouro e céu. Ao sul e a leste da cidade velha ,arrasada pelo tempo, pelo salitre e pelos ventos e maus tratos. A oeste a cidade moderna, os edifícios altos. Cada lugar com sua gente, seus ruídos e sua musica. Eu gostava de beber rum no crepúsculo dourado e olhar pelas janelas ou ficar um tempo no terraço, olhando a entrada do porto, com aqueles velhos castelos medievais , de pedra nua, que na luz suave da tarde parecem ainda mais belos e eterno.Tudo aquilo me estimulava a pensar com alguma lucidez. Pensava no porque de minha vida ser assim. Tentava entender algo. Gosto de me sobrevoar,de observar de longe a Pedro Juan.”
Na verdade, aqueles entardeceres com rum e luz dourada e poemas duros ou melancólicos e cartas aos amigos distantes me faziam ganhar confiança em mim mesmo . Se você tem idéias próprias - mesmo que sejam só umas poucas ideias próprias – tem de compreender que estará sempre encontrando caras feias gente que vai fazer questão de dar o contra, de diminui-lo de “ fazer você entender” que não tem nada a dizer...”

Trilogia Suja de Havana - Pedro Juan Gutierrez

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