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segunda-feira, novembro 10, 2008



O amor asmático


(a natureza em busca do equilíbrio...)

Tenho pra mim que o Criador, Senhor do céu e da Terra é alguém que sem duvida alguma tem bom humor, é impossível pensar o contrário, a não é verdade quando suas “vitimas” o chamam de sádico por motivos pessoais, mas vocês bem conhecem o ser humano, ele manisfesta o que lhe interessa de acordo com os interesses, algumas poucas almas são por assim dizer sinceras, desprovidas de segundas e terceiras intenções, malandragem a parte a verdade é essa. Mas sempre que olho para o Céu tenho a impressão que Deus pisca o olho para mim ou alguma coisa parecida , afinal o mundo da voltas e se hoje estamos relativamente bem amanhã sempre é uma ponte estendida sobre um duvida, mas isso é viver e por assim dizer, sou grato a isso, o restante vamos ajeitando aprendendo e dando forma como um artista ante sua obra, sua obra sua vida!
Mas ironias a parte, realmente as vezes nestes momentos de bom humor o Senhor resolve pregar peças em nossas débeis existências e então a diversão começa: Era o caso de Arnaldo, bom sujeito, pessoa correta e em primeiro momento dava-nos a impressão de profunda confiança, falava devagar e olhava nos olhos e dos seus castanhos claros era uma simpatia só,porem o que lhe sobrava de qualidades morais lhe faltava a saúde física, estava agora com quarenta e poucos anos e era profundamente asmático e de peitoral estreito, naturalmente não podia com aromas, cheiros e odores fortes, fumaça, poluição lhe era um verdadeiro veneno, mas do alto de sua nobreza moral jamais queixava-se de nada. Por vezes tossia por meia hora e puxava o ar como um desesperado mas mantinha-se por assim dizer elegante, sim impressionava, ele era elegante na enfermidade isto era quase o que agradecer a agulha de uma Benzetacil a “prazerosa” dor que ela nos empresta naqueles breves segundos de sua aplicação!!Mas vocês sabem muito bem, cada um de nós trata de acordo com nossas disposições pessoais, mas se muitos dias fazem existem outros tantos que existe tempestade sim. Arnaldo era um solteirão convicto dizia com refinamento entre uma tossida e outra que ele olhava a mulher, com os olhos de amanhã, naturalmente poucos entendia sua jocosidade, mas ele tinha para si mesmo que o amor que não tinha aparecido até a sua idade, não iria aparecer agora,mas não foi bem assim, e o destino lhe presenteou com uma vizinha de apartamento, ela mulher alto poderosa de vasto busto e tinha uma idade misteriosa, sabíamos que não era tão jovem, mas era absolutamente jovial, repleta de vida intensa e de carnes firmes,Francisca havia se separado do marido, mas estava muito bem, era daquelas pessoas que tinham anseios profundos de ser feliz, verdadeiramente feliz.
Não demorou muito para Arnaldo e Francisca se encontrarem, trocarem cumprimentos, e depois palavras até que foram a uma festa juntos, para apenas dançarem e sorrirem um pouco assim foi. E como se o destino traçado os ligasse surgiu um carinho entre eles, carinho generoso repleto de amizade e fraternidade, logicamente que eram homem e mulher e isso nunca é bom perder de vista, mas digamos que foi um caso de amor espontâneo se é que posso me utilizar de tal expressão.
Francisca fumava muito, e embora tivesse amor por Arnaldo, adorava o seu vicio, seu cigarrinho, é claro que aquilo não era uma disputa, mas a verdade que ela fumava perto de Arnaldo que por sua vez tinha crises de asma homéricas, literalmente quase desfalecia, ela tentava colocar a fumaça para o outro lado, ficava de ladinho, soprava-lhe as faces, mas nada dava certo, estranhamente e contrariando todo o bom senso, Arnaldo queria porque queria ficar ao lado dela o tempo todo, como um cavalheiro era para ele um prazer estar ao lado de sua dama, ainda que quase o matasse.Escravo de sua educação não deixaria Francisca sozinha, para Francisca o que sobrava de peitos com toda certeza faltava-lhe no cérebro, antes as tosses de Arnaldo ela mantinha o cigarro aceso e ria qual um galináceo enquanto Arnaldo tocava a nona sinfonia com suas tosses intermináveis e aquela falta de ar...
O amor faz caminhos misteriosos realmente, cada beijo uma tosse, cada tosse...onde está a minha bombinha...!E´claro que em alguns casos os destinos nos aproximam mas a nossa falta de tato em lidar com nossas limitações nos leva a dilemas existenciais, as pessoas dizem que não gostam de dilemas, mas por outro lado vivem se envolvendo neles , mas isso é assunto pra outra hora.
Eu agora vou socorrer Arnaldo antes que morra de vez, asfixiado pelo cigarro e os peitos de Francisca.

Paz e luz em teu caminho.
Luis Fabiano.

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