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terça-feira, outubro 21, 2008



Não há nada lá fora

Seria tão simples perceber isso ,se em mãos serenas tivéssemos nossa alma, nossa calma, nós...
Mas tu coração inquieto, andas por caminhos por vezes sem caminhos e como peregrino em noite funda e escura te perdes, para onde vais coração amigo? Para onde, diz-me?
O silencio confessa segredos
Não sei, não sei.
E no tempo que o tempo consome, queres todas as tuas respostas,rápidas, instantâneas, como se pudéssemos acelerar o ritmo da natureza, a vinda das estações, fazer dos novos pomares a fruta, fazer da juventude senilidade e da ignorância, sabedoria.
As respostas virão ao nosso encontro, não talvez da maneira que imaginemos, pronta, bela e acabada, a isso cabe ao pensamento de cada um, saber verter a sua arte,espremer a sua alma e dela extrair o sumo, o mel e o néctar.
Tempo passa e nas asperezas da estrada arestas vão se arredondando, tornado-se curvilíneas, e o que dantes era a inflexibilidade titânica, hoje e com alguma dificuldade aprendeu a curvar-se ao sabor vento, segredo que as árvores e as plantas já sabem a muito, a arte de não quebrar ao vento atroz e frio.
Então como quem ouve o sussurro das vozes silenciosas de todas as coisas vivas,naquele momento me ouvi, me vi e me senti, e como janelas que se abrissem em meu rijo espírito, soube naquele momento que em si o mundo é feito de mil nadas, mas nós lhe empregamos vida, beleza e sentido por aquilo que somos.
Não há nada hostil ou benévolo no existir, apenas existe, o não perceber a si, e conseqüentemente os outros e disso resulta desatinos e dores, saudades e amores.
Quem não enxerga a totalidade transforma toda a existência em ausência profunda, ainda que seus campos estejam repletos de pomares, flores e vida, essa é a única e verdadeira miséria do ser.
Cachoeiras, transformam-se em pedras e água corrente simples, montanhas se convertem em morros e campos em desertos para todo aquele que simplesmente não se vê.
Naquele dia dei-me conta e me vi pela primeira vez.
Soube então que não existia nada lá fora, nada fora de mim, nada ,nada ,nada, e o que existe é reflexo de nosso melhor e nosso pior, são os valores que nossa emoção e pensamento de alguma forma já adquiriu.Tesouro que a traça não roe e o ladrão não rouba, tesouros da alma.
Não existem inimigos lá fora, existe apenas um único inimigo que és tu mesmo.
Gostaria de gentilmente tornar isto palpável para todos, como o ar que se respira e o abraço de quem amamos, penso nisso dia após dia mas tais respostas dependem do tempo também, como querer ganhar o céu águia amiga se tuas asas ainda não nasceram? Como saber os mistérios das estrelas, se ainda tateamos em furnas e sombras? Como dar a voz o vento que apazigua corações se ainda emitimos grunhidos dissonoros?
Não posso, e ti e a ninguém mais cabe descerrar as portas do teu ser, abrir os teus olhos e afagar teu inimigo, combater o bom combate.
Não tarde em ver-te.

Paz e luz em teu caminho.
Luis Fabiano.

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