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quinta-feira, outubro 09, 2008






Fé, asas e tridentes

Sempre me pego pensando o quanto o tempo passa rápido, num piscar de olhos tudo já aconteceu, tudo já se transformou e nada mais é ou será o que então antes era, logicamente que não tenho nada contra, quem sou eu afinal? Uma ridicula massa de carbono de média inteligência, entretido em tentar ganhar a vida e em sobreviver num planetinha de merda que não faz diferença para o universo e seus bilhões e bilhões de galáxias, apenas para constar, só na nossa galáxia existem aproximadamente quinhentos bilhões de estrelas, alguém tem alguma duvida? Se for romântico(a) o suficiente aproveite a noite a vai contá-las enamorando-se da lua, quando mãos procuram seus destinos...
Eu e minhas imensas tolices, pensava nisso e ao mesmo tempo me questionava a respeito da aridez de minha não crença, no contraponto de minhas emoções e nos momentos de lucidez eterna que minha consciência esta mergulhada, posso com alguma experiência dizer, que fui testado a exaustão!!Sofrendo e me felicitando ante a desafios como qualquer mortal, a duras pena aprendi que poucas emoções são verdadeiras e que raríssimas são nobres, e que tudo e absolutamente tudo nesta vida é meramente circunstancial, não importando o tempo, um segundo, um minuto ou cem anos...circunstancial, baseado nisso re-vi os meus valores dos poucos que sobraram,e me descobri indiferente a quase tudo, sem dor excessiva ou alegria demasiada,um pendulo, um limiar, uma fronteira em mar aberto com plena e total noção disso, um tanto abismo e outro tanto céu e ambos em paz.
Houve um tempo na infância de minha consciência que precisava de Fé, em alguma coisa, em qualquer coisa, posso dizer mergulhei em fé e em “fezes” ,graças a isso, diversas vezes acho que cheguei a exaustão,e em uma manhã cinza de inverno de um dia que não sei quando, me dei conta plena que não a tinha mais, em mais nada,um dia que todas as ilusões somem, em mais ninguém e em momento algum acreditei mais, não gosto de parafrasear ninguém, mas nesta medonha manhã entendi efetivamente o que *Nietzsche quis dizer:” Deus está morto, e permanecerá morto...”, de fato naquele dia tudo fez sentido,mas estranhamente eu não me tornei pior ou sequer melhor,não me tornei nada, o que eu sentia em mim nas minhas entranhas era que tudo e toda a responsabilidade é e era minha, total exclusivamente,não culpo a ninguém ou nada pelo dia fatídico, mas minha consciência foi transportada por assim dizer, a um entendimento mais aprofundado o qual a Fé é um acessório desnecessário... Nietzsche tem razão!
As pessoas procuram a Divindade com as suas quinquilharias, como crianças cagadas, mijadas, medrosas, inseguras, com medo de perder seus brinquedinhos prediletos, curar suas doenças, é esse o papel da Divindade? Um mercador de coisas, um vendilhão...que ele escolhe a quem dar? Se ele é isso, que as pessoas fizeram Dele, para mim ele já morreu a muito tempo, aliás não preciso dele, talvez novamente para freando o Livro do Magalhães (O Homem que Brigava com Deus...) com este tipo de Deus eu estou definitivamente livre.
Me diga sinceramente, do fundo do seu coração? Deus é isso para você?E por favor não imagine um velhinho de barbas brancas lá no céu...(este é o papai Noel, alias que também não existe...) Deus é apenas a melhor explicação que as pessoas tem para seus infortúnios e o total esquecimento nas suas alegrias, é isso que as pessoas fizeram de Deus.
Mas o filho dele disse uma vez: “a fé move montanhas...”!! Detalhe, isso é verdade quando devidamente interpretado: coisa simples, quem acredita profundamente em algo, o primeiro movimento é concentrar, a segundo, é acumular(energia,partículas, elétrons,magnetismo,calor etc...) a terceiro é direcionar, é claro, quanto mais pessoas se prontificarem a fazer tal ato de “ fé ”o resultado será mais imediato logicamente dentro dos parcos limites da consciência humana, nada mais, não existe milagre algum, o milagre somos nós mesmos que o fizemos, podemos chamar do que quisermos isso, não importa:para os espíritas serão os espíritos de luz, para os católicos o espírito santo, hinduístas será Bramam,shiva ou Visnu, para os evangélicos será Deus/a palavra dele...que interessa o nome? Nada.
Chame ele do que você quiser, ele vai te atender se fores concentrado e autentico e insistente, do contrário é perda de tempo e entretenimento para mente, ele fará ouvidos de Mercador...
Desde quanto Deus morreu eu nunca mais fui o mesmo, mas me sinto em paz,não sei no que a antiga fé se transformou, realmente não me interessa se ela se transformou em refinada, ou simplesmente deixou de existir, pessoas me questionam a respeito de minhas atividades espirituais e coisas assim, mas estranhamente me sinto fazendo minhas atividades espirituais, vivendo o mais serenamente possível, sem nenhuma expectativa para o amanhã e plenificado pelo hoje, pelos segundos que vivo, não preciso de mais...me sinto satisfeito.
Lembro que mesmo nos momentos de agonia profunda em minha existência, não apelei a Ele, e quem sabe o que é agonia sabe, desespero, apelei a mim mesmo primeiramente e aqueles que pudessem fazer alguma coisa só isso...realmente não sei acho que para mim Deus é um pouco mais que um mero vendedor de quinquilharias que me agradam...talvez bem mais.


* NIETZSCHE - A Gaia Ciência, §125.
“ Deus está morto! Deus permanece morto! E quem o matou fomos nós! Como haveremos de nos consolar, nós os algozes dos algozes? O que o mundo possuiu, até agora, de mais sagrado e mais poderoso sucumbiu exangue aos golpes das nossas lâminas. Quem nos limpará desse sangue? Qual a água que nos lavará? Que solenidades de desagravo, que jogos sagrados haveremos de inventar? A grandiosidade deste ato não será demasiada para nós? Não teremos de nos tornar nós próprios deuses, para parecermos apenas dignos dele? Nunca existiu ato mais grandioso, e, quem quer que nasça depois de nós, passará a fazer parte, mercê deste ato, de uma história superior a toda a história até hoje! “

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