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quinta-feira, setembro 18, 2008



Espuma ao vento.

Me peguei pensando, como é difícil falar de coisas impalpáveis, em que mãos não tocam, olhos não vêem, e nada objetivo se pode fazer algum pobre paralelo de entendimento, falo de emoções e idéias,penso que nunca mergulhamos suficientemente uns nos noutros, porque isso talvez revelaria nossas próprias brumas e sombras, encontrar-se com as sombras nunca é tarefa fácil!
Ficamos todos no terreno do ideal de possíveis entendimentos, mas sem que isso seja de fato um real entendimento, uma suposição de possibilidades , pensava em meus devaneios, o quão tais manifestações lembram as belezas da natureza...contraponto de nossas feiúras...
Assim volitei...
Sempre senti teu toque amigo vento, mas nunca logrei te abraçar...
Noites e olhos fitos nas estrelas...e a sua luz suave e brilhante vem afagar-me, mas nunca pude tocar tua essência e luz... mistérios..
Sim, embora eu amasse e de meus carinhos profundos vertesse em alma, nunca pude olhar ao amor nos olhos, tocar-lhe a nudez diáfana e apenas sorrir...sempre vi seus enviados e sempre fui seu instrumento, beleza entre belezas, sorrisos entre sorrisos...
Destas coisas tão simples e singelas que a vida nobre é feita, pegamos apenas a espuma que esvoaça e vai encontrar o éter, nos debatemos entre espumas num imperceptível entendimento que pegar espumas as tornará eternas...não...espumas são feitas para o vento...amigo meu.
Será que conseguiremos ser são leves...breves como a brisa que sobra para leste? Ou voltaremos as costas e acompanharemos as tempestades do entardecer sem nada nas mãos? Sim, é preciso ser tão rígido na substancia e ao mesmo tempo tão flutuante como as partículas que voejam ao vento, não tentemos agrilhoar espumas...elas são filhas do vento...
Neste instante meu coração quis ganhar os espaços, quis buscar infinitos e talvez lá ao sabor da brisa encontra-se com sua amada espuma tão viva e tão nada...é assim , o que é nobre em ti sempre quer ganhar espaços, mas existem corações agrilhoados..prisioneiros ...cativos daquilo que não se vê, não se toca e não se permite.
Tomei mais um hausto e tentei alçar meu vôo para acompanhar as espumas...

Paz e luz em teu coração.
Luís Fabiano.

Um comentário:

Anônimo disse...

Interessante questionamento, creio que não temos a sutileza suficiente para alcançarmos as espumas da alma, não sentimos nossa propria nobreza. Avaliamos o poder do oceano pela inconsistência de sua espuma, eis o equívoco. E assim vivemos na rasura, nos contentamos somente com o que pensamos enxergar com nossos olhos tortos e densos. A essência está em nossas profundezas, como bem sabemos não há nada lá fora.
Belo aprofundamento este meu amigo, sensibilidade aflorada.
Abraço