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sexta-feira, junho 20, 2008


Ave Ferida

Canta em dor o teu canto de agonia,
Melodia que abrasa a alma dos transeuntes
Que misteriosa voz se entrecorta ressentida
Não buscas atenção, é apenas só em teu sofrimento permaneces
Talvez abatida em teus melhores anseios e devaneios, conspurcada tua inocência e candura
Ferida por ferir-se nas farpas brutais do existir,agora entendes que o melhor isolado é só melhor.
Queria tanto distender tuas gentis asas e buscar o alto sublime de mim e vós, queria mesmo voar em companhia ,de algo, alguém...
Viver dos ventos, e na noite da vida beijar as estrelas e ao dia abraçar o sol.
Mas tuas asas por agora não mais voam, e nem sequer se distendem, acolhida em meu/teu ninho, ali permaneces em um cantar que se misturam amargas lembranças e profundas esperanças.
Descansa, eu te peço, não forces tuas asas a romper cicatrizes recém nascidas, não te preocupes mais, tudo esta bem, sei que tua mente aspira o céu, mas teu corpinho frágil agora precisa de quietude e paz.
A luta das feridas é o reparar da alma, por vezes o corpo se lanha quando a alma baqueia, e torna-se claro, não bastam poesias e lirismos para descortinar espaços, nem tão pouco a força bruta, mas entendimento e leveza.
Nunca disse é verdade, mas em meu silencio arrancaria tuas dores mais atrozes e as espetaria em meu coração para ter a alegria de ver teu sorriso buscar as alturas novamente e na tua vitoria não mais voltares abatida a mim.
Minha alma se alegra.
Na mais sutil e pura alegria, tua grandeza me enche de vida e teu brilho onde quer que estejas me alimenta em sintonia, sem olhos, sem mãos, sem toques, apenas pelo carinho de ser o que é.
Agora minha pequena ave parte e se feliz, ganha os céus teu lar último, te fortalece e voa o mais longe que tuas asas permitirem, não te prendas ao ninho de meus braços e nem aos afagos do meu coração, pois a real grandeza de um sentimento está em sua liberdade e desapego, vínculos reais daqueles que se amam.
Correias, correntes, algemas e grilhões são justificativas de uma ausência.
Mas eu estou em ti e tu em mim, em serena e eterna comunhão.
Vai, o éter te aguarda, não te demores mais...

Paz e luz em teu caminho.
Carinhosamente.

Luis Fabiano.

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