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domingo, maio 18, 2008



"Portanto deixa tua alma exaltar tua razão ás alturas da paixão para que ela possa cantar; e que tua paixão seja dirigida pela razão, que tua paixão possa viver pela própria ressurreição diária e,como a fênix , elevar-se acima das próprias cinzas.”


Gibran


Paixão

Indo algo contra minhas convicções talvez em função da minha total descrença a certas emoções humanas, pessoais e claro alheias também, conhecedor leviano e debochado e irônico da alma humana torna-se bastante claro para mim o quão as pessoas são parciais e obviamente almejantes do aspecto absoluto de todo e qualquer sentimento, falho e sujeito a alguns fatores que são anexos a personalidade humana, assim fica mais ou menos entendível sob que condições a “paixão” se torna possível, talvez neste instante as coisas percam o encantamento ficando apenas o aspecto real, frio e do tamanho exato de cada emoção, ironicamente emoções superlativas são repletas de acessórios desnecessários, então elas precisam decantar e cair em si, e a partir daí do “nada”,o que sobra é o quantum de emoção verdadeira, com alguma maturidade, e inexorável castigo do tempo entre uma ou duas dicotomias de ajustamentos, como algo surreal que cotidianamente acontece.
Mas, geralmente com quem converso não tem esta manifestação o desejo,as pessoas em uma genérica abordagem não menos verdadeira, querem estar apaixonados, fazendo a busca por estas endorfinas que as outras provocam em si, poderia isto ser uma espécie sofisticada vicio?? Químico vicio, como heroína, como álcool ou talvez cigarros? Talvez este “encantamento” seja em função de quimicamente você ser completamente (neuropeptídios) viciado em sentir determinados estímulos na circulação sanguínea ,e possivelmente uses as outras pessoas para alcançar este fim? Neste caso o outro ser não tem lá muita importância como ser humano, mas seu valor especifico é no que ele provoca em mim, uma injeção de neuro felicidade instantânea e narcotizante, natural, mas narcotizante!
Eu estou apaixonado ,pela vida, por sua vida, pelas imensas possibilidades de estar aqui neste instante simplesmente respirando, podendo olhar este mundo” horrível” repleto de dores e lagrimas(mas é isso que temos...)e claro também as belezas da existência, puxa ,estar apaixonado por poder entender esta imensa dualidade que a vida propõe, de sentir-se vivo, de poder conhecer as pessoas as melhores e as piores que este mundo pode produzir, onde ambas se tornam mestres de nosso aprendizado a duras penas, estar apaixonado é compreender que apesar de tudo e todas as cosias é muito bom estar vivo, é claro todos temos nosso pequeno/grande calvário, normal, é a vida afinal, mas estar pulsante almejando dentro da gama de seu imenso/minúsculo entendimento e cultura, sendo tudo isso um puro resultado de uma clara visão de si mesmo e aqui amigos entram os aspectos do conceito que se tem de si mesmo, para tanto uma autocultura é absolutamente necessária, tendo esta visão do que sejam e de onde vêem os sentimentos, como eles se processam em teu coração, logicamente existira com isso uma aproximação da realidade mais profana, despojado de todos os adendos do imaginário(sempre que o imaginário entra em jogo, perdemos completamente o contato com a realidade criando uma espécie de paranóia em relação a si mesmo, como criança que fala com personagens imaginários...) e perante tal sentimento como não se encantar-se com os pés enterrados no solo e os olhos luminescentes e fixos nas estrelas do firmamento?
Não nego e nunca negarei a paixão como sendo uma das mais profundas e belas manifestação da alma humana, apenas não compartilho do seu pior, do seu ridículo pessoal e da sua pueril manifestação transtornante e infantil assemelhando-se a um aspecto patológico ou distúrbio,puxa mas como não ficar feliz poder apreciar uma opera, um quadro, uma simples musica que toque a tua alma, uma peça teatral, ou um simples olhar mudo e desconhecido que tudo diz, como não enternecer-se diante de um gesto autentico de desprendimento, sim eu estou apaixonado, apaixonado pela existência, e talvez como a Noite Negra da Alma de São João da Cruz, neste perder-se em uma noite sem fim como a vida por vezes se manifesta, saber vislumbrar o minúsculo ponto luminoso e saber ser uma estrela guia repleta daquilo que o ser humano tem de melhor é compreender-se apaixonado pela vida, e eis a mensagem subliminar que a paixão brutal insiste em querer nos permear, é justamente este entendimento, quase um sussurro que assim diz ”...as coisas não valem por sua forma, mas pelo que elas significam em teu espírito, em tua alma.”
Que beleza, encantamento e paixão permeie a tua vida trazendo aquilo que é o melhor de ti.

Com meu profundo carinho.
Paz e luz em caminho.
Luis Fabiano.

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