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segunda-feira, março 17, 2008


Ainda ao dia Internacional da Mulher


“...Adelaide esposa de Durcet e filha do Presidente,possuía uma beleza talvez superioridade de Constance,mas de um gênero absolutamente diferente.Com vinte anos, era baixa,esguia,extremamente franzina e delicada, digna de retrato, e tinha os mais lindos cabelos loiros que se pudessem ver. O ar de interesse e de sensibilidade, que emanava de toda a sua pessoa e principalmente de seus traços dava-lhe a aparência de uma heroína de romance.Seus olhos,extraordinariamente grandes,azuis;exprimiam ao mesmo tempo ternura e decência.Duas grandes sobrancelhas delgadas, mas singularmente desenhas,ornamentavam uma testa pouco elevada,mas de uma nobreza e de um encanto tal que pareciam o próprio templo do pudor.Seu nariz estreito ,ligeiramente apertado em cima,descia imperceptivelmente em forma semi-aquilina.Seus lábios eram finos,bordados do mais vivo encarnado e sua boca um pouco grande,único defeito de sua celeste fisionomia so se abria para revelar trinta e duas perolas que a natureza parecia ter semeado entre rosas.Tinha o pescoço um pouco comprido,singularmente preso,e por um habito bastante natural, sempre reclinava ligeiramente a cabeça sobre o ombro direito,sobretudo quando escutava.;mas quanta graça lhe conferia essa postura interessante! Seu seios pequenos e bem redondos, muito firmes e bem sustentados, mal enchiam a mão;eram como duas pequenas maçãs que o Amor,brincando,trouxera do jardim de sua mãe.Seu peito era ligeiramente apertado e por isso muito sensível.Seu ventre liso parecia um cetim;uma moitinha loira e rala fazia as vezes de peristilo para o templo de Venus que parecia exigir sua homenagem.Este templo era estreito, a ponto de não se poder introduzir um dedo sem fazê-la gritar e,entretanto, graças ao Presidente,havia quase dois lustros que a pobre criança não era mais virgem,nem desse lado,nem do outro, tão delicioso,que ainda nos resta pintar.Quantos encantos no segundo templo!Que curva dorsal!Que nádegas bem torneadas!Quanta brancura e encarnado reunidos!Entretanto, o conjunto era um pouco pequeno. Delicada em todas as suas formas,Adelaide era antes um esboço do que um modelo de beleza parecia que a natureza quisera apenas indicar em Adelaide o que tinha enfatizado tão majestosamente em Constance.Bastava entreabrir essa bunda deliciosa para que um lindo botão de rosa se oferecesse aos olhos em todo o seu frescor e no mais terno encarnado com que a natureza quis presenteá-la .E como era apertada...minúscula !
Adelaide tinha a mente e seu rosto presumia ,ou seja extremamente romanesca.;os lugares ermos estavam entre os que mais lhe proporcionavam prazer e neles costumava derramar lagrimas involuntárias.lagrimas que não se estudam suficientemente e que o pressentimento parece arrancar da natureza!Perdera recentemente uma amiga a quem venerava e essa perda horrenda assombrava constantemente em sua imaginação.
A religião era o alimento da alma de Adelaide, rezava a Deus escondida e cumpria secretamente seus deveres de cristã,mas era sempre punida com muito rigor,que por seu pai ou por seu marido,assim que um o outro percebesse.Adelaide aturava tudo com paciência, convencida de que o céu a compensaria um dia, talvez ?Seu caráter , por sinal, era tão doce quanto seu espírito e sua vontade de fazer o bem, uma virtude que mais levava seu pai a detestá-la,beirava o excesso.Era proibida a tudo!
Não tendo senão suas lagrimas ao oferecer ao infortúnio, Adelaide continuava derramando-as sobre seus males, e seu coração impotente, embora sensível, não conseguia deixar de ser virtuoso.Sou um dia que uma infeliz mulher, impelida por uma necessidade extrema, prostituiria a própria filha a seu marido,mas Adelaide sabendo disso antecipadamente, mandou vender um de seus vestidos, as escondidas e imediatamente fez com que o dinheiro chegasse ás mãos da mãe, desviando-a assim, com esse pequeno socorro e um bom sermão, do crime que estava preste a acontecer.É claro, quando seu marido veio a saber disso, ele procedeu com tanta violência contra ela que esta ficou quinze dias de cama.E nem assim cessaram os ternos movimentos dessa alma sensível.”

Marquês de Sade – 120 dias de Sodoma.

2 comentários:

Anônimo disse...

Ainda vou ter que ler este bendito Marques de Sade, muito embora algo me diz MINHA sensibilidade será um pouco aviltada na leitura, mas nossa mente precisa estar aberta pra todo tipo de "coisas da vida", não? E provavelmente, devem haver coisas piores por aí, no mundo, na rua, nas casas, nas famílias, na sociedade...argh...consegui finalmente inaugurar, novamente, meu blog...convite feito, espero q aceite...está no msn o endereço...fraternalmente, aguardo a nova postagem prometida...

Fabiano disse...

É preciso estar aberto para tudo na vida, Marques de Sade é leitura obrigatoria,indefinivel em sou profunda autenticidade,não escamotea nada,é nú e cru,como talvez a maioria das pessoas nem sequer ousa em ser, pois quanto tantas mascaras passam a fazer parte da personaliade, o real torna-se envolto em misterio e disfarçado para que o "bom" seja-o sempre,entre cinismos e mentiras como é dificil distinguir o "real",Sade é a salvação de tudo isso mas contudo é preciso desapegar-se da letra que mata e ler entre-linhas como tudo na vida para perceber-se a profundiade de sua geniosa loucura.
Paz e luz em teu caminhar.