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quinta-feira, agosto 30, 2007

Min, a min.

“...me dêem licença para então agora contar uma historia, desta feita irei guardar minhas adagas feitas de verbos fortes, carregadas na ironia que a própria vida significa, para então tornar-la mais diáfana leve e profunda essa bela representação, ainda lamentavelmente somos muito limitados e tomamos os acontecimentos de tudo com a passionalidade daqueles que são os nossos, mas afinal amigos, todos são os “nossos”,mas não nos interessa crer nisso.
Naquele dia saímos de casa normalmente, uma família feliz tranqüila, eu, minha esposa Isabel e uma filha emprestada chamada por nós de Min, mas curioso como é vida, biologicamente a filha não era ou é minha,mas sua alma, seu espírito e coração me tomou como tal, e por assim dizer eu descanso em seus frágeis braços naquilo em que é seu pequeno imenso coração soprou.
Minha esposa, mulher forte determinada e que busca sempre fazer o melhor dentro do melhor possível, como toda mulher moderna muito centrada nas preocupações com seu trabalho, filhos e família, por tudo que a vida a fez passar ela tornou-se eternamente grata a isto, e assim o é, a grandeza de uma coisa reside não naquilo que aparenta mas, naquilo que essencialmente é, as aparências são tão frágeis como grãos de areia de um deserto ao sabor do vento do norte. Bem eu não tem muito o dizer de mim, posso dizer que possuo alguma responsabilidade e nada mais,não me considero importante porque é de minha alma ser assim, não desejo ser importante para quem quer que seja, sou apenas eu, e isso de alguma forma estranha me satisfaz.
Aquele dia era para ser um dia comum, mas a tudo que é comum guarda em seu cerne, em embrião o nascedouro de uma revolução, por vezes boa, por vezes nem tanto, até mesmo insípida, acontece, bem fomos todos em direções opostas em busca de seus destinos, deixamos a filha em casa com os avós ,e cada um partiu para seus respectivos serviços.Tudo certo.
No entanto e isso é a curiosidade, a tarde fomos notificados pelos avós que a Min, não estava bem, apresentou de um momento para o outro um quadro estranho,parara de escrever e revirou os olhos nas órbitas, mas que teria ocorrido? Até aqui ninguém sabia, pelo telefone a voz insegura de Isabel que traduzia uma preocupação pelo que estaria ocorrendo, afinal nós saímos e tudo estava bem. Isabel trabalha como secretaria de um médico,notem a ironia, ao chegar a Min, então o susto definitivo, de uma criança alegre sorridente e cheia de vida ela converteu-se em uma criança semi-paralitica, tinha os olhos estáticos e fora de suas órbitas normais, o pescoço estava voltado para baixo como que se uma força estranha a tivesse empurrando, não falava,não chorava, não sorria, não espremia nada, apenas deformidade e alguma dor, neste momento percebemos o quanto era grave.
E então começam as colocações dos médicos inseguros ou excessivamente seguros e errados, um disse que ela estava com gripe, outro que estava com medo de alguma coisa, outro com mal estar, no entanto,ela apresentava febre muito alta, vômitos e todo o aspecto acima descrito era difícil adivinhar o que estaria ocorrendo.Advinhar?
E assim Isabel voltou para casa com a Min, com alguns medicamentos a mão e aquele estado de estupor que ela estava continuava, que estaria acontecendo? Eu estava no trabalho quando o telefone tocou, Isabel me disse que ela estava a mesma coisa e que o medico tinha dado um medicamento e mandado para casa, bla,bla,bla, naquele momento fiquei muito perturbado, mas minhas perturbações são em forma de ação,então anotei todas as características que ela apresentava e fui em busca de informações, e encontrei! Mas o diagnóstico me alertou mais ainda, não era possível mas estávamos diante de uma provável quadro de meningite,em uma criança de 3 anos?Ironia novamente.
Sai de meu trabalho e fomos fazer os exames recomendados, radiografias, sangue e o que fosse necessário, o curioso em o episódio da radiografia, entramos em um hospital de nossa cidade e o mais estranho que ninguém nos barrou na porta, não havia ninguém lá cuidando naquele momento, meio estranhos entramos , neste momento burocracias haviam cedido a interferência de tudo aquilo que é bom e vem em busca de ajuda o que não deixa de ser amor em oculto. Tiramos a radiografia com muita dificuldade, as lágrimas de Isabel diziam tudo, a Min, não erguia o pescoço, apenas um fraco gemido muito baixo que para mim era como se mil vozes entoassem aquela dor, como mediremos isso? Um sussurro de dor assim grita mais alto que as torturas das incompreensões humanas,ou uma dor que até a surdez entende, me calei. A radiografia tirada, fomos para o exame de sangue, o curioso Min, não sentiu a agulha perfurando sua pele, calada, excessivamente calada. Então chegamos no medico, uma doutora simpática que após olhar todas os exames fazer alguns testes sem a reação de Min, e com todas as duvidas possíveis do mundo decidiu afirmar que o que ela apresentava naquele momento ou seria uma meningite ou um tumor cerebral! Que golpe. Neste momento você se faz uma pergunta, afinal que estaria acontecendo?Porque algo assim estaria acontecendo tão repentinamente? Que seria aquele pesadelo? E neste momento eu me lembro que pensei na imensa gama de probabilidades que a vida tem, tanto boas como ruins,neste segundo tudo amigo tudo esta acontecendo, a segurança é um cristal a beira de um precipício, frágil e flutuante.Eis um porque de falar tanto no presente.
A recomendação medica era ir para o hospital urgentemente, e assim foi feito. No hospital a espera foi breve em função da gravidade, embora se tratasse de um pronto socorro fervilhante, ao menos naquele dia, naquele momento, mediante a todas as dificuldades existentes fomos acolhidos em braços maternos, acariciados mesmo, para uns um inferno para outros uma benção,então não é assim a vida? O que será que muda? O ponto de apreciação, o que precisa flexibilizar amigos é a nossa alma, por que o corpo acompanha. Naquele dia fui embora para casa deixando para trás Isabel e Min, em uma cama de mini UTI,não podia ficar lá porque era apenas um responsável por pessoa que entrava, e segundo pela total inutilidade de minha presença ali, sou de espírito prático, como uma faca de dois gumes e muita afiada, o que cura certamente mata. Fui embora deixando lá elas, e crendo no fundo de meu espírito que tudo daria certo,não sei ser diferente,embora realista.Sentíamos todos de alguma forma a presença da morte a rondar Min. A noite dormida passou pesada e lental.
O dia que se seguiu o contato telefônico com Isabel as noticias de sua transferência para UTI pediátrica, dividindo a cama com outra criança tão enferma quanto Min, mas Min apresentava sutil melhora, relaxara o pescoço pela manhã, então faria novos exames de todo tipo desta feita para então confirmar ou descartar efetivamente o que estava ocorrendo. Assim foi, o dia passou pesado, duro e difícil, a espera das revelações dos exames, a tarde Min apresentou fome, falou que queria leite o que foi providenciado,queria água, gradualmente parecia que ela estava saindo de um “umbral”,seria isto? Mas ainda ninguém havia relaxado, existia a tensa preocupação presente no ar.
Então ao findo do dia a tardinha a noticias chegaram, ela não tinha nada! Felicidade e alivio para nós, para os médicos e enfermeiras que fizeram uma comemoração, então naquele momento as coisas começaram a ficar mais nítidas, a vida fica sem a visão de sua verdade quando estamos assim, tudo fica meio pardo,triste, mas a luz estava voltando, para iluminar nossas almas, e dar paz aos nossos corações. Um mar revolto, se abrandava depois da tormenta. Silencio e quietude em fim.
Minha maior alegria foi ir buscá-las no hospital, ambas bem, a vida é algo muito significativo e as vezes tem final feliz e nós estávamos neste final,ela estava viva.

Gratidão.
Com os fiapos de meu coração,e traduzido pela minha alma.
Carinhosamente.

Luís Fabiano.

Um comentário:

Anônimo disse...

POR FAVOR ME FALE MAIS SOBRE ISTO........
O QUE SIGNIFICA TRADUZIDO???

LO