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segunda-feira, julho 30, 2007

Retratos

Caminhava pela rua então...


"Entre as estrelas do meu drama, você já foi anjo azul.
Você se lembra, torrentes de paixão, ouvir nossa canção.
A caravana do deserto atravessou meu coração
E eu fui chorando por você
Até os setes mares do sertão.
Você se lembra?”

Fevereiro/2000

O resto desta carta se perdeu pois estava rasgada, caminhava eu pela rua quando o vento matutino arremessou este pedaço de sentimentos e emoções humanas infantis,lembrança de amor romântico quase inocente e puro, mas nem mesmo adolescentes são tão ingênuos assim, não que os sonhos tenham sido estuprados, não, mas por uma total ausência de conteúdo inerente a nossa geração, isso é quase congênito, bem entendido e bem explicado pela vida cotidiana onde sentimentos estão em segundo plano ou talvez terceiro.
Este pedaço de papel representava um imenso sentimento que existiu, que talvez mesmo tenha amado e que gradualmente foi perdendo a luz, foi sendo dilapidado até tornar-se um borrão obscuro, confesso que me senti feliz com tal papel que esbarrara em minha face, visto que mais alguém havia libertado-se desta mesquinharia chamado “amor humano”, repleto de interesses, egoísmos e orgulhos, palco de drama e carmas inumeráveis, certamente aquele abraço não seria mais dado, aqueles lábios não mais se tocariam, e tudo é reduzido a essência daquilo que realmente é.É inescapável e mordaz e as vezes um pouco doloroso.
Não por favor não pense que estou seco em minha alma ou que simplesmente não creia no amor humano, alguns até são verdadeiros, por sua pureza, pelas vontade das pessoas em que “de certo”, mas o relógio que regula estas estações de amor não funciona no jeito humano de ser, se for humano e estritamente humano, com toda certeza já nasceu morto.
Me tornei tão romanesco neste texto, que irresistivelmente sinto enfado e tédio, não posso deixar de encerrar seguindo esta linha trágica e medonha, de cantores sertanejos (é da dimensão exata do sentimentos humanos, por isso fazem tanto sucesso...) em se referindo ao amor: ”...ele foi tanto em só momento, que agora não pode ser mais nada,nada.


Um pedido, se você por acaso
ama assim,
por favor fique bem
longe de mim.

Fraternalmente e carinhoso.

Fabiano.

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