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segunda-feira, maio 14, 2007

Prisão de silêncios

Hoje não serei jocoso ou mesmo malicioso com vocês, tentarei ser quase humano, por um momento esqueçam de si mesmos, de seus problemas e permitam mergulhar na sublimidade que a vida raramente as vezes oferece quanto nos permitimos a isso.
Quando cheguei ela estava calada, muda , emudecida pelas suas condições sem condições, no entanto seu olhar era de brilho inigualável e na luz de seus olhos a mais bela das verdades manifestava-se em busca da minha, da tua e das nossas verdades últimas, doces e sutis, não sorria e nem chorava e nada expressava, não mexia um músculo no entanto em sua alma tudo entendia, e não obstante as circunstancias mais agrestes de dor lancinante, ainda ela conseguia sorrir, sim sorria eu senti.
Naquele lar desmontado estruturalmente onde a miséria objetiva fez morada havia algo raro, doce perfume de nobres sentimentos, de um amor sem limites do tipo daquele que não acredito mais, essência de beleza e livre, absolutamente livre por natureza, ali eu era um anão emocional, eu que podia ver, observar, sentir e manifestar, eu que era o “ deformado ”que tendo todas as condições era como se não as tivesse.
Sim entendi que embora todos os elementos alquímicos da felicidade conjuminados e presente se faltar vontade, nada se tem, mas se existe a vontade, se escassear o entendimento profundo da vida e de si mesmo toda vontade é vã, seguirás sendo um mísero, um aleijado.
Os dramas ocultos na vida que se dão na tua individualidade, na minha e de todos nós, e que nada ou ninguém ficam sabendo, as vezes apenas você e Deus, se ele existir para ti nestas horas, estas sós e assim que deves enfrentar a ti mesmo, teus medos e tuas dores, a patologia das patologias, filhas da incompreensão sobretudo de si mesmo, razão das tuas derrotas e dissabores.
Onde tudo carece, e que em cálido e essencial entendimento eclode a chama da beleza da alma, calcinada é verdade, mas em busca de liberdades, em busca do infindo e do amor sem liames, daquilo que da pele não aprisiona mas que somente sobrevive se não for táctil, impalpável que deve permanecer e no mundo viver, do contrário como que da pele morta nada sobra, apenas memórias, fantasmas feitos de passado e sem sentido algum, pois o passado é local onde enterram-se cadáveres.
É engraçado pois, naquele lar onde nada tinha e a tudo tinha, e não pense que era pena, não sinto pena de nada e de ninguém, não seria nobre isto, piedade é a mesquinhez olhando para si mesma, tenham pena de si mesmos, e eu olhava nos olhos dela e agradecia a oportunidade de ver tal beleza, reconhecia a sua nobreza desafiadora e corajosa, pois assim é sublimidade de raras almas em ascensão, não havia medo em seus olhos, havia entendimento coisa que não vejo nos ditos “ normais ” fisicamente falando.
A ela a Rafinha minha gratidão por ter me oferecido o seu melhor sua melhor taça transbordante, presente que jamais e por toda minha vida irei esquecer.*

*Rafaela ou a Rafinha como a chamam é uma criança de cinco anos de idade que conheci no sábado dia 12/05/2007, que sofre de uma doença degenerativa que lhe paralisa gradativamente, músculos internos e externos, não fala, respira com dificuldade, sofre de convulção todos os dias, não anda, não possui uma grande expectativa de vida, tem imensas dificuldades para comer e apenas seus olhos se movimentam, falam e refletem o grandioso de sua alma, a ela dedico meu carinho profundo respeito e o melhor de mim.

Tenham todos uma execelente semana Paz e Serenidade em nossos
Corações.
Fraternalmente.
Fabiano.

Um comentário:

Anônimo disse...

Para vc também uma semana de mais amor ainda ....se isto for possível....porque seu coração transborda deste sentimento tão gostoso....Parabéns pela pessoa que vc é .....Parabéns pela doce narrativa que me transportou no tempo e me senti ao seu lado....vendo tudo o que vc descreveu.....

Beijos
LO