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quinta-feira, janeiro 04, 2007

Dor convexa

A cena era relevante, uma sala semi-escurecida, no canto uma mesa em caos, objetos desordenadamente colocados, objetos cheios de significados, um diário, uma chave, algumas gotas se sangue. Na frente desta mesa, uma mulher adormecida, sentada, amarrada no silêncio. Imagem revoltante, de alguém escravo, preso, um pouco mais a ao lado da mesa um espelho, embaçado. Subitamente ela acorda, e se dá conta o que aconteceu, lembranças vagas do ocorrido anteriormente?Lembra que se sorria muito, todas as pessoas a sua volta eram felizes, algo parecido com uma festa, a única coisa que passava na sua mente era, o prazer intenso e uma felicidade que nunca acaba, e depois quando acordou estava ali...
Deu-se conta que naquele solitário momento de dor, quanto era real a vida, que por uma ironia do destino, perdemos a noção disto quando a barca navega em águas mansas, o quanto que os fatos simples e do cotidiano, embora muitas vezes inexpressivos aparentemente, estão repletos de importância e significado em nossas vidas, que felicidade é simples, que complicados somos nós e nossos eternos conflitos feitos de nada.
Embora o quadro surrealista, ela lucubrava isto, exatamente nos momentos em que a vida nos coloca a tomar decisões, não há escolhas.
Não decidir significa, decidir.
A dor traz a realidade, mas isto em via de regra jamais será um determinismo, tudo é apenas resultado, causa e conseqüência, ao bom observador e apreciador das sutilezas vida, percebe que quando as coisas do caminho começarem a se estreitar, cordas surgirem, espelhos embaçados, é hora de tomar novos caminhos...
Não deixemos que a dor nos desperte amanhã, em circunstancias estranhas.

Fraternal abraço.

Fabiano.



Um comentário:

Anônimo disse...

Tchezinho....


Mais um dia
para que?


Para ver as peles do tempo
enrugarem o chão pétreo
e os pensamentos ondularem
os segundos do tempo,
na corrida enceguecida
esvaindo os estímulos?
Por ser a vida divina herança amorosa
caída dos céus,
peca todo aquele que desperdiçar
suas gotas sagradas,
posando de inerte incompetente
expectador displicente!

Viver mais um dia...
um dia a menos para juntar fotos
que o tempo amarela
e ostentar vaidades vãs
que constroem castelos de areia.
Que seja um dia a menos no calendário,
que cobranças descompensam
e castram chances de humanismo.
As horas passarão,
ainda que não valorizadas
com sementes abortando
intempestiva e criminosamente,
enquanto pessoas indiferentes
vêem o tempo ir!

Não é nossa missão
empurrar o tempo friamente,
como fosse ele um estranho
a quem imputar nossa culpa,
tão pouco disfarçar
a própria incompetência,
como o que
não vê o elefante no olho.

O tempo são frações de vida
que não convém interromper
e para melhor maturarmos nossos frutos,
sincronizemos nossos passos lerdos ao fuso
horário veloz do mundo,
e não padeceremos tristinfinitamente
por beijos perdidos,
abraços desencontrados e esquecidos
na curva deliciosa do tempo!

Outra vez a pergunta
“Mais um dia para que?”
Que tal mudarmos a concepção de infinito
para um minuto e
repensarmos a resposta dentro do minuto,
que pode valer a vida?,
ou nada adiantará VIVERMOS!

Lo - 05/01