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terça-feira, dezembro 26, 2006

Esparso

“...ao despertarmos,sentíamos sua forte presença, dando a impressão de ter permanecido a noite toda.Irradiava intensa beleza, que não provinha das imagens geradas pelo sentimento ou pensamento, incapazes de perceberem a verdadeira beleza.
Fala-se do medo.Trata-se de uma abstração,pois está sempre no futuro ou no passado, jamais no presente.Ao surgir o sentimento denominado medo, trata-se realmente de medo?Perante o perigo, de ordem física ou psicológica, é impossível fugir dele.Mas , na absoluta atenção, o medo desaparece.Ele surge da desatenção, do desejo de escapar do fato e, portanto, ele é a própria fuga.
Nos relacionamentos, o medo assume diferentes formas, tais como arrependimento, ansiedade, esperança, desespero.Esta intimamente vinculado a busca de segurança, aquilo a que chamamos de amor e devoção, á ambição e o bom êxito, á vida e á morte.O medo existe em todos os níveis de nossa consciência, sendo também a origem da resistência da autodefesa e da renuncia.O medo do escuro e o medo da claridade;medo de ir e medo de vir.O desejo de segurança esta no principio e no fim do medo;desejo de segurança, física ou psicológica, o desejo de escapar a incerteza e a impermanência das coisas.Desejamos a continuidade na virtude, nas relações, na ação, na experiência, no conhecimento, em todos os níveis da existência.Todos clamam por segurança, e dessa insistente busca nasce o temor.
Existirá a estabilidade material ou psicológica?Vemos que mesmo no plano físico, vivemos na incerteza, sob constante ameaça de guerras, revoluções, da implacável marcha do progresso, acidentes e terremotos. É indiscutível a geral necessidade de abrigo, alimentação e vestuário.Apesar da desenfreada busca de segurança, conhecemos nós a segurança ou permanência psicológica?Claro que não.E a não aceitação deste fato, a fuga deste fato, é o medo.A incapacidade de encarar esta realidade cria a esperança e o desespero.
Libertemos-nos do medo, superficial ou profundo, ao compreendermos totalmente a estrutura do pensamento e do tempo, seus efetivos criadores.A autocompreensão é o desabrochar e o findar do medo.
Cessando o medo, cessa também o poder de criar ilusões , mitos, visões, carregadas de esperança e desespero.Tem inicio, então, o movimento que vai alem da consciência , do pensamento e sentimento.É a libertação, por parte da consciência, dos desejos, anseios íntimos.Então nesse vazio, livre de influencia, de conceitos, barreiras ou palavras, nessa imobilidade do tempo e espaço, vislumbramos o inefável, paz em fim.

O Diário de Krishmurti.

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