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quarta-feira, novembro 29, 2006

WAAAL...

“...não mudei muito desde que percebi que podia pensar sem que fosse mero reflexo de uma necessidade.Olhar para si próprio como alguém de fora é uma sensanção saborosa;de poder? Em parte sim, mas é também um prazer sensorial, estético e filosófico. O grande momento de minha vida foi quando percebi as possibilidade da imaginação.
Foi como o macaco de 2001 ao descobrir o uso agressivo de uma ossada animal. Escritores me revelaram maneiras de ver, de entender, de formular questões de comportamento e o próprio pensar. A metáfora de Platão sobre a caverna, onde pobres diabos se adaptam á sua disposição sem sequer notar o mundo rico e variado ás suas costas, é o princípio da alfabetização intelectual. É melhor do que cinema, o entretenimento favorito de minha geração.
Tenho desprendimento racional.Ou seja, procuro olhar o que analiso sem as habituais pressuposições, preconceitos e hábitos meus. Sei que não é bem assim, que todos somos criaturas do nosso ambiente físico, social, mental.
Mas falei de um certo desprendimento.E uma certa atitude de desafio do que é vetado pelo respeito humano, do que é a ortodoxia da moda.
Faz bastante tempo que me convenci de que a vida não tem pé nem cabeça, que religião é uma tentação emocional resistível, porque não faz sentindo.E ideologias. Mesmo em momentos muito emocionais me dei conta de que havia um outro eu, ausente. Medo de morrer? Not really.
A melhor maneira de existir é o trabalho, a melhor maneira de escapar da realidade, de embroma-la. O trabalho bem feito é satisfatório como a realização, saber que se deu um teço no marasmo, na confusão, que se fez círculos na água, que volta a parar, mas o movimento é real enquanto dura.
Confio em que meu humor me salve, quer dizer, que me facilite o que der e vier. Enquanto há vida se vai levando. Aproveitei o maximo. Devo dar graças ao destino que me permitiu viver confortavelmente. Minha cabeça é meu produto primário e minha industria.Saí da caverna. É minha satisfação que partilho com pessoas de cabeça limpa.”

Paulo Francis - Diário da Corte.

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