Pesquisar este blog

segunda-feira, agosto 28, 2006

Considerações sobre o ciúmes

Tipificando insegurança psicológica e desconfiança sistemática, a presença do ciúme na alma transforma-se em algoz implacável do ser. O paciente que lhe tomba nas malhas estertora em suspeitas e ”verdades”, que nunca encontram apoio nem reconforto.
Atormentado pelo ego dominador, o paciente, quando não consegue asfixiar aquele a quem estima ou ama, dominando-lhe a conduta e o pensamento, foge para o ciúme, em cujo campo se homizia a fim de entregar-se aos sofrimentos masoquistas que lhe ocultam a imaturidade, preguiça mental e o desejo de impor-se á vitima da sua psicopatologia.
No aturdimento do ciúme o Ego vê o que lhe agrada e se envolve apenas com aquilo em que acredita, ficando surdo á razão, á verdade.
O ciumento, inseguro dos próprios valores, descarrega a fúria do estágio primitivista em manifestações ridículas quão perturbadoras, em que se consome. Ateia incêndios em ocorrências imaginarias, com a mente exacerbada pela suspeita infeliz, e envenena-se com os vapores da revolta em que se rebolca, insanamente.
Desviando-se das pessoas e ampliando o seu circulo de prevalência, o ciúme envolve objetos e posições, posses e valores que assumem uma importância alucinada isolando o paciente nos sítios da angustia ou armando-o com instrumentos de agressão contra tudo e contra todos.
Mas liberdade é possível, somente o self pode conseguir essa façanha arrebentando as algemas a que se encontra agrilhoado, para assomar, rico de realizações interiores, superando a estreiteza e os limites egóicos, expandindo-se e preenchendo os espaços emocionais, as aspirações espirituais, vencidos pelos gases venenosos do ciúme.

Libertando-se da compreensão do ciúme, a pouco e pouco, o eu profundo respira, alcança as praias largas da existência e desfruta de paz com alguém ou não, com algo ou nada, porém com harmonia, com amor e com a vida.

Joana de Angelis - O Ser Consciente

Nenhum comentário: