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terça-feira, maio 16, 2006

A MORTE DO POETA

Estendeu a noite seu manto sobre a cidade,e a neve a vestiu de branco.O frio explusou os homens das ruas e os fez procurar seus ninhos.O ulular dos ventos entre as casas evocava as elegias pronunciadas sobre os túmulos em louvour aos mortos.
Havia,fora dos bairros,um casebre de madeira,tão sobrecarregado de neve que parecia prestes a desabar.No seu interior,um moribundo gemia no seu colchão gasto e olhava para uma candeia enfraquecida que lutava debalde contra a escuridão.Era um jovem na primavera da vida que,sentindo aproximar-se sua libertação deste mundo,aguardava a morte com uma luz de esperança na face pálida e,nos lábios,um sorriso melancólico.Era um poeta que viera para alegrar o coração dos homens com lindos poemas,que definhava de fome na cidade dos ricos.Alma nobre,descera do além como um dom dos deuses para acrescentar beleza a esta vida,e agora despedia-se da humanidade sem que ela lhe tivesse sequer sorrido:um moribundo a exalar seu ultimo suspiro ,sem ninguém para ampara-lo senão uma lâmpada,que havia sido a companheira de sua solidão,e alguns papéis que retratavam sombras de sua bondosa alma...e de-repente o casebre ficou vazio,a não ser do pó e dos diversos papéis espalhados nos cantos escuros.
Durante séculos,os habtantes da cidade permaneceram afogados na ignorância e na ingratidão.Quando por fim desperataram para a aurora do conhecimento,ergueram uma gigantesca estátua do tamanho do vazio de suas almas, e começaram a celebrar seu nome,ano após ano...Ai da incompreensão humana!

Gibran,Uma lagrima e um Sorriso.