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domingo, janeiro 13, 2013



Pérola do dia:

Eu sou um alienígena onde quer, ou quem quer que eu esteja. Venho descobrindo isso dia após dia”.

Luís Fabiano.




O que desaparece

Me incomoda um pouco como as coisas desaparecem...
Areia do deserto virando nada
Os rastros ficando invisíveis
As trilhas perdidas de si mesmo...sem ancoras
Sendo engolidas por outras coisas
A mancha de batom na gola, sumindo a cada lavada...

Não gosto de copos vazios
Espaços vagos por longos períodos
Arranhões se apagando na pele
Lembranças que foram cultivadas com carinho
Fortalezas em musgo, aceitando a digestão do tempo
Aquelas pessoas que foram como foram...
Tornaram-se diferentes hoje...
Como o dente da serpente
A presa em mim e em ti...

Gosto das ondas do mar
Jamais se repetem
Uma nova onda, uma nova onda e outra nova onda
Mas que não te deixa só
O perene traço que não sepulta formas
Como o milagre a cada respiração agora

Um aquário de peixes...
Que morreram um a um...
As virgulas faltantes de um texto...
O castigo que não sabemos de onde vem
Nos fazendo sofrer por algo errante...

Sim tudo desaparece
Nos também iremos desaparecer
E isso só terá sentido
Se você fez algo que valeu a pena...
A pena a dor, o amor, o semblante de satisfação
Não tenha pressa...
Mas faça.

Luís Fabiano.






sábado, janeiro 12, 2013


- Este vídeo é um complemento do texto: Último Olhar -
Para quem não viu o texto clique no link abaixo: 


Video - Paulo do Bar




sexta-feira, janeiro 11, 2013




Solidão das Estrelas

Hoje o nevoeiro esta mais denso
Um grito  vai se afogando no coração
Lamentos não pronunciados
E mesmo o silencio parece gritar...
Restos de cabelo e caspa presos no pente
Sim tudo grita
Um telefone mudo grita
A televisão sem volume grita

Os pedaços que vamos deixando pela estrada
Passos desconhecidos, em uma madrugada
O gelo que derreteu no copo lentamente como nossa vida
Um gato que mia longe
Cães uivando como criaturas da noite
O mendigo catando comida no latão do lixo ontem

A brisa de uma droga que termina
Trazendo a vida real... e  com ela...
Sim tudo grita
A puta abrindo as pernas sem vontade
Moedores de carne em sinfonia
Aquela freada em alta velocidade quase fatal
O clack da algema no pulso
A folha seca encontrando o solo num beijo terminal
A semente do que desconhecemos...

O olhar de despedida ... Uma última vez
Uma navalha agitada ao vento
Grita, grita, grita...
Os acordes de um violão terminando a canção
Deus
Tanta solidão e beleza
Um desconhecido estendendo a mão de verdade
Tornado a esperança possível em resto de humanidade

Tantos gritos que não ouvimos
Tudo que passa batido
Como um garrote frouxo e sem brilho
Somos assim...
É preciso perder para querer ganhar...
Lambemos a escuridão para encontrar o sorriso das estrelas
Eu, você e todos...
Procuramos nossa estrela solitária.

Luís Fabiano



Pérola do dia:

Quanto mais limpa for a aparência da vida de uma pessoa... cuidado, ela soube esconder muito bem a dimensão de sua merda”.

Luís Fabiano




Navalhadas Curtas: Opiniões são como o Cu

Uma coisa constatada, os leitores do blog não deixam marcas ou pegadas aqui, não dizem absolutamente nada, nada de comentários. Sinceramente prefiro assim. Que fiquem remoendo a merda sozinho na intimidade de suas almas.

Mas vez por outra, alguém que lê e me conhece, tece algum comentário a respeito, ao vivo de corpo presente:

-Fabiano, eu realmente não entendo porque tu escreves desse jeito... Escritos cheios de putaria, palavrões, pelos, cheiros e gostos horríveis – disse Ronaldo, um cara que eu considero amigo eventual e meio confiável (agora ele sabe disso).
-Olha brother, escrevo assim porque é assim que sinto assim... Penso assim, vivo assim... E na minha tentativa, tento dizer o que é a vida é...
-A vida é isso?? Se for isso cara, é pra ti... Minha vida não é assim de jeito nenhum... Não, minha vida não é aquela merda...

Meu olhar o fixou... E por trinta e nove segundos, fiquei olhando-o sem dizer nada... E pensei comigo: pensa melhor filho da puta... Pensa no que estas dizendo... Então eu falei:

-Quem ontem contava vantagem, porque a gostosa do serviço te deu mole? Chamou-a de vagabunda, putinha, safadinha? Quem estes dias deu um tapa na bunda de uma travesti na rua? Quem se gaba de ser o estraçalhador de cu? Hein? Me diz Ronaldo... Me diz que isso nada tem haver com textos marginais?
-Não é bem assim... Eu sou um homem de caráter e de família... (comecei a rir...)
-Claro que não Ronaldo, nunca é bem assim... Dificilmente divulgamos o tamanho do “cagalhão” que carinhosamente depositamos no vaso, como um ovo podre sem vida e perfumado... Isso nada tem haver com caráter ou ser de família, Ronaldo... Alias, falando em família, quem disse estes dias que preferia ver a filha morta, que lésbica?

Eu estava calmo... A maioria das pessoas não vale a pena a exaltação insana... Fico tranquilo, já me disseram coisas bem piores que isso.
Ronaldo pareceu não ter gostado das minhas palavras... Mas se manteve ali...  Com aquele sorriso desconfortavelmente amarelado. Não é preciso vasculhar muito a vida de um ser humano pra achar merda.

Luís Fabiano


quarta-feira, janeiro 09, 2013


  Momento Boa Música   

Miguel Poveda - Homenaje a los maestros

pura emoção.







Quem se importa

Um beco escuro a noite
Uma madrugada infinita e sem estrelas
Ambulâncias indo e vindo clamando por dor
Um baseado pequeno demais queimando os dedos
Um cara na cadeia, arrependido pensando em se matar em breve
O cara que já se matou...
Crianças enfeitando os sinais de transito
Esqueletos animados jogando bolinhas para o alto
Aquele dia que você deveria ter feito a coisa certa e não fez...
Cães vagabundos estirados nas calçadas, depois de atropelados
Um luar espetacular inspirando horrores
Mijar em poste meio bêbado a noite
Cagar nas aguas do laranjal...
Com a pedra que vira fumaça...
O vizinho infeliz que perdeu tudo lentamente
Com o gol contra
A pisada na bola que você deu... E deixou quieto
Nos dias que você se sentiu um merda...
Com andarilhos sem ter o que comer por ai...
Hospícios em chamas, rivalizando com as estrelas
A menina que aborta solitária
O culpado saindo tranquilo, sorrindo pela porta da frente...
Sim...
Com todas aquelas coisas que não consegues compreender
O destino te ajudando
Com as crianças más
Pais difíceis
Doenças incuráveis
Um poema fudido
Uma porta que se abre diante de ti
Ser abandonado em pleno voo por quem se gosta...
Pilhas de cocaína sobre a mesa  muitos e muitos narizes para consumi-la...
Um pneu furando em dia de chuva
Aquele olhar fixo em você... Como a última esperança
Quando é você ou a outra pessoa... Matar ou morrer...
Uma cólica renal que não sessa...
A morfina nos levando para uma viagem boa, deixando tudo em paz na alma...
Um copo bem cheio de rum, uísque, cachaça ou anestésico
A maldição divina e a benção do capeta
Os asteroides rasgando o universo tentando colidir
O coração em desalinho com saudade ... Com muita saudade mesmo...
A ultima vez... Que você nunca sabe quando é...
O tempo perdido batendo cabeça com os próprios erros
Com as medidas simples de que a vida é feita
Com a solidão de ontem, hoje e amanha
O cara que passa no sinal fechado e não dá nada...
O sorriso cínico
A mentira...
Com os problemas do chefe
Um amigo que deixa de existir
Um amor que vai até ali...
Quantidade de ódio provocado
O orgulho do papai
A quantidade de jorros de esperma que você consegue ejacular
Os gemidos nos estertores da agonia final
O ultimo suspiro
Uma mãe má
Um herói de ocasião

Me pergunto quem se importa... Hein?
Quem se importa?
Isso so faz diferença quando o erro nos acerta
Quando estamos no outro lado da linha
Quando a distancia se faz mais estreita que uma lamina
E lobos furiosos te visitam em alta madrugada
Uivando em teu coração
Aqui tudo faz diferença.

Luís Fabiano.




Pérola do dia :

“ Confiança é infinitamente mais útil, que o amor”.

Luís Fabiano.



terça-feira, janeiro 08, 2013




Selva do Amante Latino

Algumas baratas andavam pelo apartamento. É estranho, mas as baratas que habitam o quinto andar, o quinto inferno, parecem não ser tímidas como as “normais”. Será que elas andaram bebendo meu rum?

Elas desfilam pelo AP, durante o dia, dando uma banda tranquilas, sem medo algum. Chego a pensar que o invasor do espaço delas sou eu. Talvez eu seja. Vocês sabem, eu odeio naturalmente Ongs que protegem animais, o Deus Salve as Baleias, o Greenpeace e outros tantos caras deste estilo. Mas eu não mato as baratas. A bem da verdade as considero melhores que muitas pessoas que conheço. Não foram poucas vezes, alta madrugada, elas me fizeram companhia. Nem telefone, nem e-mail, computador, nem uma carta nada... Apenas as baratas e o rum. Talvez em respeito a esta amizade, eu não as mate.

Tenho uma ética duvidosa, sem duvidas, com um senso de justiça próprio, onde o ato em si não pesa nada... Mas o que há por detrás do ato sim... Me disseram que sou filho da puta, por causa disso. Eu me sinto justo sabe. 

Tomo as rédeas e faço o que quero. Ultimamente mais do que nunca, a opinião das pessoas tem se tornado cada vez mais desimportante. Nunca foi muito. Não faço nada para agradar o mundo. Agradar deve ser uma consequência natural, como plantas que crescem, rosas que desabrocham o orvalho matinal. Sem predefinições de nada. Mas a porra não é assim, não é meu ? Você precisa agradar alguém sempre...precisa... Precisa se prostituir um pouco? É ? Agrade ao seu chefe, ao patrão, a mãe, aquela mulher geniosa a puta que pariu, agrade. Tudo bem. Relaxe, tá tudo bem.
Fui arrancado da profundeza destes pensamentos sórdidos.

Gosto de me perder no que penso, gosto escarafunchar as feridas humanas, ver a ferida fresca, com pus e sangue. Minha poesia bizarra nos requintes de um carinho lascivo, como uma dor pornográfica.
Na telinha do micro, a mensagem de Marisa brilha: Fabiano, tô com muito tesão, e o meu marido foi viajar e vai voltar apenas em dez dias... Então negão, eu quero até o teu osso.
Creio que comecei pelo lado errado a historia. OK.

Tenho um caso com Marisa a um bom tempo. Gosto dela por ela ser uma vigarista profissional. Tudo que pensa e vive é dinheiro, o sonho dela é ser um caixa eletrônico cuja fenda dos cartões é a buceta, onde apenas entra o cartão e os valores sem jamais sair de lá. Daria a xoxota para o diabo se fosse necessário, para levantar uma boa grana.

Ela faz o tipo dama. Mas a xota dela é musculosa, capaz de arrancar porra até de um jumento. (conto isso em detalhes depois). Nos conhecemos durante um papo num atendimento de informática. Fui ver instalar o microcomputador novinho do marido dela... E lá estava ela. De minissaia preta, curta e mesmo se ter conversado com ela... percebi que seus “garrões” eram bem grandes. Ela percebeu meu olhar para as suas cochas e em um dado momento abriu as pernas, e ficou me olhando, o marido dela estava na outra peça da casa. Entendi tudo.

A vida é assim. Ela foi sincera comigo, expondo sua faceta sórdida e meio cruel. É preciso coragem pra fazer isso. Ela não tem dramas de consciência, creio que jamais soube que é isso. É o que costumo dizer, a sinceridade, mesmo sendo para te mostrar o pior lado, estabelece uma confiança que não é rompida. Confio em pouca gente, mas em quem confio é para sempre. Tive outras mulheres oportunistas, ladras, cretinas, putas, que traiam, que se achavam muito espertas. Mas com estas eu me comportei como uma cobra adormecida, dei o bote depois.

É assim, sinto o cheiro da falta de sinceridade e cretinice de longe, um cretino conhece o outro.
Naquele dia mesmo eu enfiei a mão naquela buceta completamente careca de Marisa, estava com uma calcinha mínima, as que gosto. Ela sempre mantem assim sem pelos, ela seguia falando com o marido que estava na outra sala... Arredava a calcinha e estava encharcada, uma puta mestre.

Deus, o paraíso é assim, tem que ser... uma calda de buceta numa ilha de adrenalina. Ela dizia que o cara era um broxa... Bem os broxas dão excelentes assassinos. Mas nunca aconteceu nada, ao menos até hoje. O tempo passou, e confiança torna-se mais importante que amor. Não nos amamos, mas temos uma confiança interessante. Ela disse que vai ficar com o cara da grana pra sempre... E eu serei o seu comedor eterno. Ai caralho... Por vezes penso: porra Fabiano, tu deverias te acertar na vida, deveria deixar essas coisas pra trás e ficar mais tranquilo, mais em paz. Mas aí, vem outra situação e extermina com estes pensamentos, e vou ao abismo novamente, batendo minhas asas em chamas, redimindo o meu folego em direção ao paradouro.

Fudendo com o que posso. Destino isso? É talvez amigos, talvez seja o plano de Deus ou do diabo para mim... De forma que desisti de tentar organizar alguma coisa. Deixo a trilha decidir o que vai ser, deixo a vida me conduzir e tento extrair de tudo a minha volta um pouco de felicidade... É assim que venho sendo feliz... No meu jeito, um pouco aqui outro pouco ali.

Minha  vida é relativamente curta ou longa eu não sei. Quarenta anos uma quantidade de ex-mulheres considerável, uma quantidade de mulheres que comi aqui da cidade... Um salto de lembranças afiadas, algumas poucas boas.
Respondo o e-mail de Marisa: Marizinha... Minha gostosa, tudo em paz? Espero que sim... Sabes que conosco é tranquilo, você é minha bucetinha querida e creio que isso e mais confiança, é tudo que temos. É só dizer onde e quando, vou estar lá... Você manda afinal a casada é você...  Um beijo na buceta e uma lambida no cu macio. PS- Por favor, não tome banho... Venha suada de um dia inteiro, nem lave as partes intimas, seja exatamente como a vida é... meio limpa e meio suja. LF.

Gosto de escrever estas coisas. Mas raras mulheres tem este gosto literário. Elas gostariam que eu fosse filho da puta apenas com elas e depois na real fosse um outro tipo de cara, o que diz, venha limpinha e cheirosinha me esperando. Mas quando você compra um pacote você compra ele por inteiro. Sou isso, meio brutal, primitivo, uma catapulta de emoção atirando no abismo, e depois me enfiando no seio da terra, beijando e comendo a tua merda, o coração com alma e as vísceras fumegantes... Exatamente como você agora.


Luís Fabiano.




 - Momento Mestre - 

Charles Bukowski # 16








Navalhadas Curtas: Os demônios esperam em fila

Não há duvidas, a fila é uma invenção do diabo. Qualquer merda de fila é uma merda. Fui encarar duas filas hoje. Pagar as contas, é isso que digo, parece que para você ser alguém de bem, é preciso fazer muita força de vontade e ter muita paciência.
Ser homem de bem é foda. Isso seria um convite para ser um cara do mal? OK.

O que resta é olhar gente. Bundas, tetas, rostos e nenhuma alma. Então ela chegou cheia de pose, parecia que estar na fila era o ponto alto da vida. Óculos escuros, parecia interessante assim, naquela calça justa e bons peitos. Porra antes tivesse ficado assim. A ilusão é sempre melhor que a realidade. Então ela tirou o óculos, e que merda, ela era completamente vesga. Nada contra os vesgos, já trepei com algumas. Mas acho que preferia que ela permanecesse de óculos.

Então um cara estranho me chama na fila:
-E ai Júlio? Tudo bom? E a família?
-Hã? Há, sim tudo bem( fingi ser o tal de Júlio, e sorri como um politico sorri...), tá tudo ótimo mano...e tu? E a tua família?
-Tudo beleza, Júlio. Fiquei sabendo do premio que tiraste hein... Mas que sorte em negão?Quando vais fazer o churrasquinho aquele?
O tal Júlio prometeu churrasco? Então foda-se.
-Claro amigo... agora neste sábado, dia 12... é só vir... Não precisar trazer nada... Eu vou cumprir minha promessa, vou pagar tudo... Carne e cerveja... E nada de carne ruim... só carne boa...

O infeliz deu risada... E a fila toda nos observava.
Mas vocês acham que acabou aí? Não.

Tinha um porra de uma adolescente mal educada... Que roía as unhas e cuspinha nas minhas costas. Desejei que Deus a matasse. Uma cuspida, duas cuspidas, três cuspidas, quatro cuspidas então cinco cuspidas, virei pra trás:

-Vem cá menina, tu queres que eu traga um penico pra cá?
-Hã? Por que moço? Que isso...
-Pra quanto tu sentires vontade de cagar, ele já esteja ali... E pra tuas unhas também...
-Hã.. hã...bah tio desculpa...foi mal...

Felizmente o caixa chamou: próximo...
Era eu.

Luís Fabiano.



segunda-feira, janeiro 07, 2013



Pérola do dia:


" O que separa o cara normal, da vida criminal, é o crime. 
Entendeu?
O resto do ser humano continua sendo o mesmo".


Ferrez.



Navalhadas Curtas: O Valentão

Vez por outra nos bares que frequento, pinta um cara neste estilo. Macho pra caralho, o fodão, o pirocudo desta galáxia... Normalmente chegam fazendo muito ruído.

Quem faz ruído demais, costuma ser um merda. A vida ensina. Eu estava sentando a mesa, sozinho bebendo rum, então:

-Ta pensando o que meu... Quando cheguei lá... o puto já tava com medo...

O cara entrou aos berros no bar, uma sirene de ambulância feita de idiotice. Conversava com outro comparsa, concordava com tudo. Não me abalo.

-Cheguei em cima dele, e já dei o intima: O malandro, que tu disseste pra minha mulhé? Ele disse que não havia dito nada... E se mijou... Aquilo foi lindo... era um cagão... Os caras quando olham meu bíceps já sentem a pressão... sabes como é sou foda...

O idiota contava vantagem demais. Do tipo, eu faço tudo e não dá nada. Naturalmente já comecei a odiar este cara. Mas também não iria tomar nenhuma atitude. Não era problema meu, então que se fodam todos.

Nestas horas você espera que algo aconteça. Um sinal do céu. As pessoas do bar estavam incomodadas com a situação, um inconsciente coletivo em ebulição.

Então o Leco entra no bar. Muito bêbado e sujo como de costume. Ao passar pelo valentão esbarra nele...

-O seu bêbado filho da puta... Olha pra onde anda... ( disse isso empurrando o Leco que caiu e bateu forte com a cabeça...e sangrou)

Aquilo foi uma gota d’água.
A dona do bar puxa um porrete de ferro, debaixo da mesa e coloca sobre o balcão:

-Escuta aqui... Aqui quem empurra os meus clientes, é apenas eu... Caiam fora agora... Vazem...

O Valentão viu o tamanho daquela mulher, que mais lembrava uma lutadora de sumô da liga profissional, e fica na dele. Cala a boca e sai de fininho, sem encrencar mais. 
Aquilo foi uma trombeta tocando por toda Pelotas, sob os aplausos dos frequentadores.


Luís Fabiano.



sábado, janeiro 05, 2013



Uma piroca em mil e uma pirocas

Ela entra no carro
Com o peso da noite em si
Bebidas, inquietação, drogas e uma minissaia curta
Espécie de pai, filho e espirito santo as avessas
Por sete minutos nada é dito
Ela apenas cruza as pernas
Já sei o final

Não tínhamos nada pra falar... 
Nunca tivemos
Olhar as pernas dela, era um templo
Imaginar que aquilo era o melhor possível
Que talvez houvesse algo muito melhor que uma buceta acima
Só por isso, já valia pena

Mas a realidade desfaz tudo
Coloca os pinguins em marcha
Avança o dente do tubarão
Então ela abre as pernas
Fixa os olhos em mim...
Deixando a própria mão acariciando
A buceta molhada
Tira de lá e coloca os dedos em minha boca
Gosto ácido, como gosto
Mijo e excitação
A seiva vaginal floresce

Vamos para um lugar qualquer...
Trepamos como locomotivas a vapor
Sem assunto, sem tema, sem emoção, sem nada
O silencio é asfixiante
Vida afivelada em dobras mudas
Respiração apressada como a espera do último suspiro
Ela bebe toda a porra que consegue engolir
E agora quer ir embora...
Aquilo durou o que ? 45 minutos?
Também não quero dizer nada
Somos estranhos que trepam
Numa fronteira sem medo

Ela desce do carro
Caminha languida ficando longe
Um eco que jamais existiu
Penso: será que ela existe?
Isso não é importante

Gostaria de ter ejaculado
Por todos os meus orifícios
Boca, ouvidos, nariz, pau e cu...
Para que ela se afogasse em mim
A naufraga na porra de um boneco sebento
Não precisamos considerar um ao outro
Não há cobranças ou reclamações
O lixo carinhoso reclama piedade
Rompendo mordaças triviais
É isso...
Sou apenas uma piroca e ela uma buceta.


Luís Fabiano.

sexta-feira, janeiro 04, 2013





O Vazio tem eco

Existem dias fatais
Que detalhes tornam-se atômicos
Que nãos, são trombetas
E sims, espinhos de roseira
É...

Existem dias mais difíceis
Dias que a voz, insiste em não sair da garganta
Dias que olhares ferem muito
Cometas sem destino

Sim 
Mas existem aqueles outros dias
Em que o corriqueiro por do sol, parece bom
Que a luz do luar, afaga a alma
E a lagoa parece serena
Dias que as ideias fluem bem
Como asas desarmadas no horizonte
E feridas caladas 
Parecem elegantes tatuagens do tempo
E o pior
Parece estar de bom humor

Não posso esquecer-me dos outros dias
Dias que ninguém significa nada
Dias que o amor é tudo
Que a morte parece boa e a vida rápida demais
E a bebida é claro 
Melhor que uma prece
Dias que o diabo, sorri feliz com sua obra
E Deus parece estar em férias

Uma mão se estende
Sem querer nada em troca, hoje
Como o vento que sopra levando o perfume do jasmim
E o peito recolhe tua alma, como um colchão sedado de luz
Vagalumes do espirito rebrilham aqui e acolá
Pontos e teias de esperança
Embarrados, vasculhando a ausência das dores

Sim... Existem...
Dias fatais sem plutônio ou poluição
O sim carinhoso, faz bem
E meu desejo...também
Um vento com perfume de jasmim

É isso...
Que estejas em paz...
Hoje e amanha...
Amém.

Luís Fabiano.











Navalhadas Curtas: Uma pedra nem tão longe...

To chegando ao portão do prédio. Um cara magrelo, olhos esbugalhados, boca trincada, ele parecia uma animação de terror, sujeira, magreza, fedor e desespero...

Ele chega à janela carro:
-Tio... tio... Uma pedra... tio uma pedra...agora...uma pedra...pedra...

Entendi tudo na hora... Tava “noiado”. Que merda...

-Não trabalho na área da construção civil – disse pra ele...
-Hã... o que? Hã? Tem pedra? Uma pedrinha por Deus... uma pedra...

Fiquei analisando aquilo. Eram três da manha... Aquele cara tava infeliz, uma muralha de desespero... Talvez ele fizesse merda a qualquer momento? Talvez ? Eu não tinha medo. Nunca tenho.

Foda-se, uma pedra a mais ou menos não faz diferença em nada. Tinha cinco reais, dei pra ele. E ele ficou mais feliz que a mulher que estava a horas atrás. Ela apenas bebeu demais e o sexo não aconteceu. A deixei vomitando massa em casa.

Ao menos alguém ficou feliz hoje.

Luís Fabiano.