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sexta-feira, julho 15, 2011

Pérola do dia:


“ Mais jovens somos cheios de ideais, com o tempo eles fatalmente morrem, e passamos a querer resultados imediatos, não é bonito mas é o esperado.”


Luís Fabiano


Tranquilo muito Tranquilo

Botecos no inverno são tristes
Como as folhas secas que caem
Poucas almas penadas vagam ali
Fieis ao culto infame
Bebia a espera que algo acontece
Mas nada
Nem doidos suicidas, putas sujas, veados viciados, brigas ou sex apeal gratuito
Os mestres estavam em férias
Atendente hermafrodita passa pano engordurado no balcão
O mesmo que seca os copos
E garante o gosto típico das bebidas
Pote com ovos cozidos adormecidos eternamente
Madrugada avança como um doente no hospital
A espera do amanhecer
Fervilham esperanças silenciosas
Mais um gole na cerveja
Para matar o verme dentro de mim
Estamos sempre matando algo
Mas que eu queria, em uma noite sem estrelas?
Queria um pequeno show
Destas coisas que amo
Gente fora dos trilhos
Cabelos desgrenhados ao vento da primavera
Beberia lagrimas verdadeiras de vez em quando
Mas pela porta não entrava ninguém
Hoje o vampiro voltaria com sede pra casa
Teria que dar um jeito
Olhei a hermafrodita com segundas intenções, sorri idiota
Ela fecha a lata, e as esperanças escapam pelas frestas da porta
Tudo bem
Ficarei tranquilo com uma boa punheta em minha cama
E adormecerei feliz e molhado
Gosto assim
E o melhor
Acordar melecado e um pouco suado com aquele cheiro fantástico matinal
A cerveja termina as 02h47min da manha
Junto meus panos de bunda e ganho a rua
A noite continuava sem estrelas
Mas eu fiquei feliz
Afinal nem tudo é sempre uma noite que rasga amor
Meu coração batia devagar e tudo estava tranquis
Respirei e cambaleando voltei pra casa
Porra
É impossível dizer o quanto me sentia bem
Um anjo adormecido abraçado as divinas tetas

Luís Fabiano.

quinta-feira, julho 14, 2011

Pérola do dia:


“ No meu entender, celulite quer dizer: gostosa em braile.”


Luís Fabiano.
Poesia Fotográfica





Uma Mãe de santo, mulheres frustradas
e mesquinharia a rodo...


Minha profunda descrença em tudo, é uma espécie de isolante, das magnéticas forças que permeiam a Terra e as criaturas humanas que as manipulam. Tanto as de boa natureza, como as que apresentam fúteis interesses, que nas mais das vezes, não passam de emoções frustradas, egos feridos e outras doenças egoísticas da alma.

O grande problema ou solução, é que os macumbeiros da cidade, possuem uma rede informal de informações. Pois as clientes, trocam de pais e mães de santo, como quem trocam de lingerie ao meio dia, basta não funcionar a macumba a contento, procuram outro “mais forte”.

Então felizmente ou infelizmente, eu acabo esbarrando em algumas verdades desagradáveis. Conheci, conheço e conhecerei ainda muitas mulheres, então isso acaba virando uma fatalidade previsível. Costumo dizer aos meus amigos, que as entidades do outro lado da vida, precisam fazer fila para despejar a quantidade de macumba feita pra mim, mas tudo certo, eles vão vindo de um a um e tudo bem.

Isso me faz lembrar de uma ex, que deixou cair velas vermelhas e pretas na minha frente, enquanto vomitava desaforos e ofensas de um final quase dramático, juntando a bolsa caída no chão e as velas apagadas, quase perguntei, onde estava a galinha ?

Mas isso não foi significativo. Tiveram casos piores.
O Significativo é o que escutamos da boca de algumas mães de santo, alugada para estes eventos patológicos. Ela cruzou no meu caminho, e tivemos um momento mais intimo. Com a intimidade, ela foi vomitando a verdade, alias ela vomita qualquer coisa se você pagar. Sabe exatamente quem eu sou. Para que a coisa não acorde velhos revanchismos, chamarei a mãe de santo, de Mãe Fulana.

Mãe Fulana, teve uma destas vidas fudidas, mas conheceu a macumba e com ela a oportunidade de mudar de vida, uma profissão rentável, especializou-se em trambiques afro-religiosos!

Faço aqui uma ressalva importante. Existem verdadeiros e sinceros praticantes da religião, que não exploram os consulentes, agem de forma ética, trabalhando no sentindo da boa natureza, e não antagonizando ou pervertendo as forças espirituais da vida, a favor de si próprios.
Mas desses eu não quero falar, prefiro falar dos piores, suculentos vilões.

Isso que se segue, eu ouvi da própria boca de mãe Fulana. Tendo um terreiro a principio humilde, então passou a explorar as pessoas que frequentavam a sua casa, dando “mensagens”, de supostas entidades espirituais incorporadas, enquanto dizia as piores atrocidades, até alguns palavrões, as pessoas iludidas que frequentavam sua senda:

-Mas mãe Fulana, tu achas isso certo?-Eu perguntava.
-Isso não tem nada haver com certo ou errado, faço o que acho que devo fazer, eu sei das coisas, eles não... são uns burros...
-É te entendo... mas cada um faz o que acha melhor... mas a tua ética passa longe...
-Tu estas aqui pra me comer ou dar sermão?
-Os dois, mas deixa o sermão pra depois...

Ficamos naquilo.
Tenho uma curiosidade grande, de saber qual é o final do abismo. Então com mais tempo ou menos tempo, ela acabou vomitando a verdade, numa destas noites frias, onde o inferno congela e tudo se torna hostil.

Ligou-me dizendo para ir sua casa, pois sua xana tinha saudade, depois dos trabalhos da noite, quando o tamboreiro fosse embora. O tamboreiro era um caso dela, era um homem casado, eles trepavam eventualmente, atrás do altar. Sua natureza quase insaciável, permitia fazer muito sexo. Acho que essa era única coisa que chamava atenção nela, era a sua falta total de caráter e uma cicatriz de bala no braço esquerdo.

Essa sujeira era selvagem quase brutal, talvez um elemento afrodisíaco nisso tudo.
Quando cheguei a sua casa, ela estava feliz e meio bêbada. Gosto de mulheres meio bêbadas. Prefiro as completamente bêbadas, a coisas fluem mais facilmente assim. Me abraça forte, e seu sorriso distorcido ,cai falando:

-Tua cabeça tá premio Fabiano... há, há, há...tu é a bola da vez...
-É?
-É...
-Quase sempre tá, de uma maneira ou de outra... que foi?
-Hoje a tarde, recebi uma visitinha... dizendo que era pra te pegar cara, pra te fuder, tornar tua vida um inferno... pra nunca mais te apaixonares ou amares alguém e morreres doente e sozinho...
-Que isso, caridade? Pagou por algo que é da minha natureza. Pagou bem ao menos? Eu to valendo?
-Sim, foi generosa mas não ficou muito tempo, perguntou o material e quanto sairia... pagou em grana... e se foi embora bem limpinha...
-Essa grana aí que tá na tua mão??

Ela segurava algumas notas de cem reais.

-Essa mesma... há,há,há...
-Então vamos fazer uma picanha com ela ?
-Picanha, cerveja e charutos pra ti Fabiano...

Como sempre digo, o sujeito pode ter o que tenha, mas ás vezes é preciso sorte. Não sei mãe Fulana fará o feitiço, talvez faça um dia, mas seu forte é a mentira. Fico pensando na grana que ela embolsou, sem fazer nada para as pessoas, que supostamente queriam feitiços.

As pessoas não sabem que foram suas próprias intenções distorcidas que levaram a acontecer coisas ruins. Quantas ilusões.
Aquela noite, terminamos assim.
A historia da picanha realmente não me interessava, como disse, o que me move até ela, é sua aparência de uma beleza ausente, uma xoxota com lábios grandes, as marcas de cicatrizes no seu corpo e essa sujeira que lhe era característica.

Com mãe fulana, não havia amor, era sexo por sexo, a coisa brutal a qual eventualmente me satisfaço.
É preciso sair dos trilhos as vezes.

Luís Fabiano.

quarta-feira, julho 13, 2011

Dia do Rock? Massa...

Nada como o bom e velho rock a moda antiga
Sem guitarristas sorridentes...




Eu não me escolho...

Elas escolhem sempre o pior em mim
Doenças que chamam doenças
Suspiros de suspiros
Depois vem o arrependimento
Quando a verdade desce como ácido na garganta
Então o canalha sai da toca
O imprestável
Enganador amado
O filho da puta carinhoso
O mentiroso alado
Tantas contradições
Por quê?
Deveria ser mais simples
Órgãos que se encontram
E se despedem
Mas sempre tem o mais...
O mais fode tudo
Tento explicar o quanto é importante
Mas não ouvem
Lavo minhas mãos e cavalgo a luz do dia
Você não entende porque não entende
Não há problema algum
Não sei como a vida surgiu no planeta
Não sei um monte de coisas
Ainda assim cometas riscam o céu
Esperanças brilham a noite
E mesmo que eventualmente
Algumas coisas funcionam
Mas talvez o que nem desconfiem
Que sou a pior das escolhas
Eu apenas lambo suas feridas


Luís Fabiano.



Navalhadas Curtas: Resistência ?


Poucas são tão confortáveis, como estar em uma sala de estar (sua ou não), usando apenas uma cueca, com uma garrafa de cerveja na mão, controle remoto na outra, e a tevê passando besteiras, ou um jogo desimportante. Sou o dono do mundo.
Isso eu chamo combustível para bomba atômica.

Então ela chega à sala e diz:
-A resistência do chuveiro queimou, podes fazer o favor de trocar?
-Yes baby, depois eu faço isso...
-Depois do que? Tu não estas fazendo nada ai...

Deus sabe o quanto eu detesto manutenções caseiras, tenho orgulho de ser um inútil, embora resistência de chuveiro eu saiba mais ou menos trocar. Troquei de canal e segui onde eu estava, enquanto ela parada me olhava, queria uma atitude imediata, rápida. Dei mais um gole na cerveja, e tirei a cueca da bunda e voltei a inércia:

-Ta, Fabiano tu não vais fazer?Eu preciso tomar banho agora...

Aquilo havia avançado para o próximo estágio, uma nevoa de irritação já estava no ar, disse pra ela relaxar, mas era tarde demais. Ela ficou ali falando sem parar, dizendo coisas desagradáveis pra mim, cuja mais suave era o quanto filho da puta eu era.
Troquei o canal, ela seguia falando alto.

Apontei o controle remoto para ela, tinha pensando em atira-lo na sua cabeça, mas não, apenas apontei, pressionei as teclas, mas o canal dela não mudou, nem ficou mudo. La no banheiro eu ainda ouvia o chuveiro despejando uma agua fria...



Luís Fabiano.

terça-feira, julho 12, 2011

Momento Mestre

Nelson Rodrigues – Amor Mercenário


 


Xavasca

A xoxota já estava em carne viva
Coçava-se a exaustão
Enquanto tentava pegar alguns “chatos” escondidos entre a pentelhama
Tudo era resultado natural
Homens demais
Vida a toda velocidade
Sem limites
Agora isso
Vê-la assim fez lembrar-me como era
Divertida em um short enterrado na bunda gulosa
Vinte poucos anos, achava aquela vida o ponto máximo
Avisei-a depois de uma foda mais ou menos
Que grande merda aquilo representava
Era puta de alma
Ignorou-me estendendo as mãos para pegar o dinheiro
Notas rotas
Comida para sua filha dizia
Nunca cotejei se era verdade ou não
Era seu show
Sua vida
Sua decisão
Não queria que assim fosse
Nos fragmentos de humanidade que me restam
Não queria tantas outras coisas
Que meu querer torna-se nulo
Barragens que se rompem
Pontes arrastadas
Inaceitáveis sentimentos de nossos apelos engolidos
Agora esses bichinhos insuportáveis
Caminhavam por ela
Sentia asco de si
Não me reconhecia
As vezes é bom não lembrar de bons passados
Segui caminhando
Como todos que seguiam
Levando consigo mesmo suas coceiras
Os bichos que carcomem por dentro
Afinal não é tal mal assim
Vez por outra
Algo nos pica e dói
Mas essa é a vida
Lagrimas e risos.

Luís Fabiano.

segunda-feira, julho 11, 2011

Existe o outro dia...



Existe o outro dia...

Bom acordar hoje
Uma corda distendida de redenção
As verdades continuam as mesmas
Imutáveis
Farpas e seda
Goteira do dia a dia
Tudo bem
Essa e muitas outras amanha
Relaxe
Afinal existem coisas que não podem ser concertadas
Como cagadas do passado
Como coisas que se foram em definitivo
Como se quase tudo não fosse definitivo
Deixa pra lá
É a vida
Deixe sereno
Não provoque-se
Afinal
Só se pode voar
Quando nos desapegamos do ninho
O primeiro salto sempre vai ser foda
É viver ou morrer
Mas o tempo todo é assim
Então desencane para não enlouquecer
Va com calma
Pois o fruto amadurece você querendo ou não
E tempo é o que se tem
Se tudo estiver muito ferrado
Uma dica: vá transar com alguém que você goste
Vá dar uma aliviada na vida
De alguma forma
Magias não existem
Mas uma coisa é certa
A vida esta em tuas entranhas
E se ali tá tudo bem...
Então tá tudo bem.

Luís Fabiano.

domingo, julho 10, 2011



Domingo Desalento

Tem dias que abrir os olhos pela manha é terrível
O nó na garganta
Os pedaços mal digeridos do ontem
Gosto ácido na boca
Fel adocicado destilado entre ausências e saudades
A cabeça toca a Cavalgada das Valquírias
Mas sem Valquírias
Antes fosse apenas ressaca
Uma vomitada um pouco d’água a cura
O chão ruindo sob meus pés
Minhocas e vermes minando o solo
Olho pra cima
O teto confunde-se ao céu cinza
Um grito mudo de desespero
Quero agarrar-me aos cabelos de Deus
Agarrar-me as tetas de Maria
Qualquer coisa
Dependurar-me nos galhos retorcidos do amor
Mas nada acontece
E esse aperto claustrofóbico no meu peito?
Recém abri os olhos neste domingo cinza
Preciso resistir as janelas
Preciso resistir a tudo
Ao mal estar
Ao veneno
Levanto correndo e vomito
E outra vez, e outra vez...
Lágrimas nos olhos
Cara colada ao sanitário
Um breve alivio estelar
Acho que é o inicio da esperança
Volto ao leito
Meu esquife
Durmo cinco minutos
Acordo novamente
Ainda não tenho muitas respostas
Mas não importa
Sinto-me melhor
No telefone silencioso algumas chamadas brilham
Desejos fulgurantes frustram-se
Mas hoje não...
Deixem-me morrer em paz.

 
Luís Fabiano.

sábado, julho 09, 2011

Pérola do dia :



“De uma maneira ou de outra, todos pagamos por sexo.”


 
Luis Fabiano.

sexta-feira, julho 08, 2011

Momento Boa Música


Pérola do dia :


“ Massageei o ego de alguém, e ele lhe dará o rabo com prazer, se achara digno por fazer isso.”



Luís Fabiano.

Gengivas musculosas


Samanta era uma sex... melhor dona Samanta, era uma sexagenária. Tivemos um caso breve e tórrido, repleto de todos os elementos de paixão arrebatadora, e claro de término fatal. Ela contava com sessenta e sete anos, uma disposição invejável de mulheres de vinte. Lembro de certa vez pensar: ela tinha pacto com o demônio?

Coxas firmes, pelas caminhadas e uma musculação leve, um cabelo bem hidratado, um olhar sorrateiro e decidido, uma vagina que era uma cachoeira de líquidos tenros. Mas não havia milagre, ela gostava de viver, queria viver e tomava os remédios certos. Remédios que diziam para seu corpo, que ele na verdade tinha trinta e sete. Fazia parte do seu ritual.

Encontramos-nos na noite, nos lugares “mal” frequentados da vida, algumas bebidas depois escorregávamos um para dentro do outro. As bebidas podem ser poções xamanicas modernas, capazes de nos levar sem muita crítica a fazer coisas. Mas claro eu só fui pensar nisso no outro dia. Quando acordamos, e a aparência da manha, é a única verdade que existe na vida. O resto é ilusão produzida, efeitos especiais os quais preferimos, a realidade nua e crua.

Eu acordei primeiro, pude constatar que o cabelo de Samanta estava saindo da cabeça todo ele... a cabeça toda? Não seria possível... é...ela usava uma peruca loira que até parecia cabelo de verdade. Relaxei afinal, cada um se vira como pode. Ela dormia ainda, roncava, por um breve instante fiquei admirando o corpo bom, que estava em relativa ordem isso me motivou mais. Encaixei o meu pequeno membro entre suas coxas e fiquei ali, quentinho e molhado... mas a vida teria outras surpresas pela frente.

Quando acordou, sentiu meu pau lá, fez leves movimentos graciosos, estava molhava. Isso ao amanhecer é bom mesmo, da ficar quase eternamente nisso. As vezes penso que a vida deveria ser assim. Então Samanta se vira pra mim, queria me dar o beijo de bom dia, quando se vira, olho para seu rosto matinal, sem pintura, babada e tudo parecia bem. Então ela me beija com uma língua, que mais parecia alisar minhas amidalas, quando coloquei a minha língua em sua boca, dei falta de alguma coisa... opa... onde estariam os dentes? Dentes ?? Jesus, que mais viria?

Aquilo me deu uma aflição, senti que descia uma escada no escuro, minha língua acariciou suas gengivas moles, com se tivesse beijando uma lesma melada e quente. Resisti como um macho, lembrando que uma frase: quando se vai ao inferno, é preciso beijar o demônio. Eu tenho esta disposição e muito mais, não desisto fácil. A única coisa que me derrota, sou eu mesmo. Fui em frente corajosamente. Tenho um defeito (ou qualidade nem sei) grave, eu gosto muito de mulheres. Gosto de todas elas, do jeito que são, como são, da forma que são, a bem da verdade, a forma diz muito pouco pra mim, o que vale o que carregam, o elemento complementar para mim, um elemento que não é possível criar artificialmente. Puta merda, tesão é tesão.

Ficamos naquilo, entre a baba matinal, remelas, hálito viciado e beijos intermináveis em lesmas. Fui em frente, uma cavalgada, suas pernas fortes subiram para cima de mim, sua vagina era de uma mulher jovem, incrível contraste rosado, rubro destilando secreções ,a porra feminina. As tetas balançam firmes, gosto de tetas que balançam. Nisso a peruca já havia caído totalmente, dando uma aparência de um cabelo ralo, quase calvo e branco, os dentes que haviam desaparecido mesmo. Procurei-os em um copo com um olho meio aberto, mas nada. Azar, foda-se, aquilo era um mistério, uma estrada que só Deus sabe onde iria dar.

Tivemos um orgasmo explosivo, ela era incrivelmente forte, apertou meu membro como um torno, puxando dele até a última gota de porra, entre os gritos mais selvagens que um humano pode dar. Gosto disso, mulheres que berram, que soltam seus instintos verdadeiros, sem reprimir nada, as pessoas se reprimem demais. Ela uivava, meio que chorava e no final teve um gozo tão aguado ou mijado que adorei.

Bem, agora o que seria?

Eu tinha vontade de ir embora, nosso diálogo não era dos melhores, éramos estranhos que trepavam bem. Acho que isso pode ser uma benção as vezes. Tem algumas mulheres que conversam bem, me inspiram a falar de coisas, outras são áridas, e os longos silêncios nos conduzem ao prazer e acaba, até a próxima vez. Sempre achei estranho isso, mas o corpo fala nas notas musicais dos desejos. Relaxei quanto a isso, não se pode ser absoluto para alguém, mas se pode ser muitas coisas. A comparação grotesca, é que vivemos a vida, sem nos dar conta plenamente da imensa desimportância de nossa existência, para o universo por exemplo. As estrelas não se abalam com nossas picuinhas, o sol não se importa se temos guerras ou morremos lentamente dia a dia. A natureza faz sua parte, ignorando complemente se tua vida é uma merda ou não Se tua vida é uma merda, bem, você mesmo é responsável por isso, seja feliz com sua merda ou deleite-se no seu mel, apenas não torre os culhões alheios.

Ela saiu de cima de mim, ficamos em silencio, nos recuperando daquela maravilhosa foda. Olhei para ela e não acreditei, fantástica aquela mulher. Ela poderia ser minha mãe, que maravilha. Samanta começa a se recompor, peruca, os dentes no banheiro, uma breve pintura. Tudo isso em silencio de oração, algo que dizia mais ou menos que era hora de ir. Realmente era a hora. Não tomei banho, me vesti, naquele silencio sem cumplicidade, ela sorria as vezes pra mim. Agora estava bonita novamente, eu disse:

-Bem Samanta, to indo...
-Ta bem, mas olha, tu vais voltar?
-Você quer que eu volte?
-Sim, sou mulher e tenho minhas necessidades, tu me ajudas nisso?
-Tudo bem.

Ela me abraça, aquele silencio persiste, não entendia e não queria entender. Não deseje devassar os abismos alheios. Todos carregamos algo, e mesmo dentro de nossa falta de importância, a vida deseja a vida, as almas a paz, e nos segundos que se escoam buscamos isso desesperadamente, mergulhando no amor possível, nos fragmentos de felicidade, na ânsia quase dolorosa de salvar-se.

Acho que hoje nos salvamos um pouco, ainda que seja apenas um pouco.
Paz.



Luís Fabiano.

quinta-feira, julho 07, 2011

Pérola do dia:

Amar é ser fiel a quem nos trai.”


 
Nelson Rodrigues


Gatas no Telhado

O celular toca de madrugada
Puta merda
Detesto telefones da madrugada
Ele brilha no escuro como olhos de gato
Atendo: hello!
A voz outro lado diz meu nome
Esticando a letra Oooo
Arrastada e bêbada
E diz ternamente: vem me comer agora...
Não, não vou... nunca mais vou te comer...
Bem
Mas já que me acordou faça o show
Gosto de pequenos shows eróticos...
Ela tá maluca e tórrida em uma noite a zero grau
Incentivei-a usar os dedinhos e gemer alto, gosto disso
Uma siririquinha de madrugada é lindo e doce
Ela faz enquanto fecho os olhos e acaricio o bicho
Ele dá uma boa crescida na minha mão, gosto do meu pau
Ficamos nessa bobagem um tempo
Até que ela geme mais forte e diz lógicas insanidades
Bebe mais, se mija, se goza, se pira
Então começa a curva
Não temos mais nada, e ao mesmo tempo isso acontece
Xanas choram e pirocas ficam saudosas
Sem que a emoção seja a liga desta merda
Xinga-me
Diz que me odeia e o quanto sou filho da puta por deixa-la assim
Bem vinda ao clube respondo
Tudo é rancor, dor e lagrimas evocativas
Mas eu jamais volto atrás
Uma vez adeus, é pá de cal
Fico escutando tudo em silencio de oração
Conheço bem este jogo
Fazem sempre a mesma coisa
Meu pau ainda esta duro
E minha paciência ganha o infinito
Então como uma bomba nuclear
Ela bate o telefone na minha cara
Telefones que tocam de madrugada
Que ligam e desligam almas
Mãos invisíveis agarrando-se aos fios
Balançando-os na corda bamba da vida
Voltei aos meus sonhos e pesadelos
Enquanto o celular apagava-se debilmente.

Luís Fabiano.

quarta-feira, julho 06, 2011


Navalhadas Curtas: Piscar de Olhos

Hoje sai para minha caminhada vespertina, intervalo de tudo, momento em que minha mente deseja alçar outros vôos, um vôo sereno descansado. Um desejo quase uterino de fertilizar-me através da luz que vira sombra, nos transeuntes meus semelhantes, nas ruas de sempre, seu fluxo e refluxo, ora veias transbordantes, ora desertos de pedra.

Não sei exatamente o que procuro quando saio, apenas fico atento, olhos de vampiro, deixando que a vida me fale, fale o que quiser, eu escuto no meu silencio as vezes respeitoso, doutras, babujando ironia e sarcasmo, sou assim. Um pendulo entre o céu e o inferno, brinco com os anjos pela manha, rolo com os demônios a tarde, e a noite os ignoro a todos, até o amanhecer.

Mas hoje quis ver dentro da maior pureza possível, o fiel entendimento que se pudesse captar, essa relutando verdade, que insiste em escapar, em camuflar-se e fugir. Confesso que não gostei do que vi.

A medida que ia avançando em direção o Centro da cidade, a tarde ia ficando densa, o frio ficando mais intenso, e a tarde turvando-se de noite, olhei o semblante dos meus semelhantes e tudo que vi foi estarrecimento, o frio fazendo a deformidade de suas expressões. Por um instante pensei: Que porra é essa de frio? Não acho isso justo, tenha-se a explicação filosófica que seja, evolução da espécie, enriquecimento vibracional, realmente nada explica e nada consola, frio esta ali.

Pode ter sido casualidade, mas não vi ninguém sorrindo, todos andavam rápido, uma fuga quase desesperada, para a toca. Parei em uma esquina, olhei para o céu, e quase perguntei a Deus, quais eram suas intenções, mas achei melhor não, não é bom brigar com ninguém, vá que se precise, não é? Temos essa maneira de ser, cagões medrosos de Deus.

Não quis caminhar mais, ao passar pelas ruas escuras do centro, uma sujeira deixada pra trás de grevistas, reivindicantes, bradando palavras de ordem, e a sujeira ficando no chão, cartazes, garrafas de plástico, papeis, senti asco. Por um breve momento desejei que uma chuva caísse e carregasse a todos valeta abaixo, uma limpeza das ruas poluídas.

Desejei sentir humanidade, mas era impossível, quando um senhor trombou em mim, me empurrando e nem pediu desculpas...

Puta que pariu, o velho maldito foi a pá de cal, minhas intenções foram furtadas, pela escuridão, pelas ruas sujas, a greve, as pessoas se empurrando em ruas apertadas, intenções na sarjeta, escoando pelo esgoto.
Essa é a visão desnudada da realidade ?
É isso?
Que seja, se é assim então, degustemos juntos essa merda.

Luís Fabiano
Pérola do dia :



“A mulher de bunda bonita caminha como se fosse duas: ela e sua bunda. Uma fala e ninguém ouve a outra cala e todos olham.”


Arnaldo Jabor