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quinta-feira, setembro 13, 2012




Navalhadas Curtas: Tempestade na buchada

Tudo em nossa vida, se anuncia por sinais imperceptíveis. Às vezes nem tanto. Acordei com uma forte pressão na barriga. Eventualmente acontece. Pela manha, os gases parecem estar mais nervosos. E nesta manhã especificamente... Eles haviam tomando alguma anfetamina...

Como um tolo preguiçoso qualquer pensei: Opa, beleza aí, é dar um peidinho... E isso passa, e posso levantar flutuante nas asas do fedor... Como um incenso do capeta.
Soltei o primeiro... Saiu alto e grave, como um tenor de opera. Mas não foi exatamente suficiente pra aliviar.

Achei que deveria aplicar mais força na pressão no próximo. Respirei fundo como um nadador dos duzentos metros... Saiu um som que mais lembrava o apito de um navio... Longo, largo e profundo.
Porem amigos... A coisa não ficou nisso, tão barato. É onde tudo muda na vida. A força aplicada fora demasiada... Fazendo com os gases saíssem com tanta violência, que os mesmos trouxeram seus acompanhantes mais sólidos...

Cena linda... Algo pastoso e quentinho, como uma papinha de criança, inundava meu rabo.
-Que merda!

Mas ao contrário das outras vezes... não corri, relaxei como um yogue iluminado. A pressão havia passado... Agora havia uma paz fedida em mim... Mas essa é a vida, tudo tem seu preço.

Luís Fabiano.


quarta-feira, setembro 12, 2012




* Filetes de Sangue

Terrível levar alguém ao limite. O beco sem saída nos leva a medidas extremas. Nem sempre boas. Como quase tudo que temos e somos, são o resultado direto das escolhas que fazemos na vida. Quase sempre é assim. Porque a existência não é um número matemático, programado na fria folha de papel.

É coração, sangue quente, olhos que brilham, alma e amor. Porra... O amor, que palavrinha. Pode parecer clichê barato, mas amor verdadeiro é estrada de mão única. Você dá ou não dá, é um presente entregue sem volta... Você apenas oferece feliz, e nada mais.

O foda começa exatamente aí... Estamos sempre esperando a volta... E isto geralmente ferra com tudo, expectativas, ansiedades, sonhos... E a culpa não de ninguém, que não nós mesmos. Esperar o retorno significa troca, escambo e interesse.

Só faço se você fizer?
A real que não sabemos muito sobre amar... eu não sei.

Luís Fabiano

terça-feira, setembro 11, 2012





Navalhadas Curtas: E ai, quantos centímetro?

Ele chegou de vangloriando como um imbecil emplumado. Porque esses caras vêm parar ao meu lado? O bar é enorme poderia sentar sobre o balcão e ficar ali como um papagaio de pirata. Eu bebia sozinho então:

-Há, há, há... Bah minha vida é ótima sabias?
-É? Legal.
-É... Ter grana, boa casa e um carrão...há, há há...

Fiquei olhando pra ele, putz de onde saiu esse? Digo a vocês, tem coisas que cansam. Mas como uma represa frágil, ele insistia.
-É, é eu to bem... Aliás, muito bem.
-Legal.
-Que mais um ser humano precisa?

Achei que aquilo tava um pouco demais. Decidi virar o jogo.

-Escuta ai meu velho, quantos centímetro de pica tu tens?
-Hã?Hã?
-É isso aí meu chapa... Vamos tirar agora o pau pra fora e medir... quem tem o maior...(com a mão no zíper, fazendo o gesto, como se tivesse o maior pau da américa)
-Que isso cara (disse já se levantando) tu ta maluco cara... bah...que isso...
-É... arregou para o afrodescendente?!

Comecei a rir sozinho, enquanto a cara saia porta a fora... O mundo ta cheio destes caras...


Luís Fabiano


A verdade é um gato que salta
Resgatando horizontes fieis sem tons
Mão esquerda, mão direta são apenas caminhos
A escolha é a tendência como a bussola do coração
So é preciso achar o teu norte...

Luís Fabiano





- Áudio Poema -

Texto e voz - Luís Fabiano


segunda-feira, setembro 10, 2012

Momento Boa Música

Orishas - 5.3.7 Cuba




domingo, setembro 09, 2012




Navalhadas Curtas:  Tartarugas Congeladas

Eu estava num show. No caso eu era o show. Porra, meu momento de estrela? Só pode ser assim. Eu teria que quebrar uma barra de gelo com um soco. (já fiz isso) Mas nunca fiz show.

A primeira barra veio. Parecia boa. Fiz a concentração, a respiração e dei a porrada. A barra já era. Sentia-me o mais foda deste lado do planeta. O ser humano é muito tolo... Basta algo pequeno para queira ganhar “asas”em um ego feito de plástico.

Então o apresentador disse: agora um desafio ao Fabiano.
Veio uma barra de gelo, das grandes... Assustadora pela largura. Fiquei na minha, mas não sei por que, o cu fechou.

Fiz a merda da respiração, concentração, dei a porrada e barra não se partiu. Fiquei achando estranho porque ela não havia quebrado ?O publico vaiou pesado. Que eu fiz de errado? Sou destes que tem uma convicção profunda, acredito até o osso.

O apresentador me chamou num canto e disse: Vou te dizer por que não quebrou.
Deu uma marretada na barra de gelo, e do meio do gelo ele tirou uma tartaruga pequena de bronze. Afirmou que aquela era uma barra “alta”, o bronze faz isso.

Me acordei sobressaltado... Essas merda de sonhos que tenho depois de beber rum. Afinal acho que isso não tem sentindo algum... Tartarugas de bronze? Assim não dá.


Luís Fabiano.


sexta-feira, setembro 07, 2012

quinta-feira, setembro 06, 2012




Eu perdi totalmente ano amor...
Nesta vida estou condenado literalmente
Minha ironia é dor...
Minha agressão é desespero
Meu berro é mudo nas trilhas obstruídas de minhas emoções
Foi o que sobrou... 
é isso



Navalhadas Curtas: Um otário sobre um caixote...

Detesto ir ao banco. Sou vou em extrema necessidade. Fui ver se minha grana havia entrado. Mas nada, pura decepção. No meio disso, uma senhora tentou entrar naquela porta giratória maldita detectora de metais, armas e o caralho.

A velha não conseguiu. O guarda insistia com ela:

-A senhora tem um metal ai dentro senhora...por favor,  talvez a niqueleira com moedas? Uma carteira de aço? Quem sabe uma sombrinha? Chaves? Grampos?
Que porra é essa? Que merda, não se pode entrar no banco nem com moedas mais?

Então ela teve que abrir a bolsa na frente do guarda. Tinha um monte de merda. Ele ficou revisando e nada foi encontrado, mas ainda assim ela não podia entrar... Ela sorria tolamente com toda a paciência do mundo.

Então achei um pouco de mais. Gritei pra todos ouvirem mesmo:
-Olha aí pessoal... O guarda ta achando que a senhora aí é uma assaltante perigosa!! Ele já viu até a bolsa dela... E nada foi achado... agora? Acho que a senhora vai ter que tirar a roupa, pra ver se ela guarda uma metralhadora Ak47 entre as pernas...

Aquilo foi que bastou, o povo se exaltou com ferocidade...

- Ué que isso? Ô cara, a senhora não é assaltante não?? Te liga aí o boneco... Deixa ela entrar... no banco... É deixa ela entrar aí... Tu não ta vendo não?? Porque ela não pode entrar?
Várias vozes se insurgiram contra o guarda...

A coisa virou uma pressão. O cara me olhou com cara de poucos amigos, talvez quisesse me matar? Acho que ele devia fazer esse favor a mim. Mas nada, cara feia é trem fantasma... E não vai em lugar algum. Fiquei rindo, mostrando o meu deboche mais rasgado... O povo berrava agora...

Finalmente o cara não teve opção, senão deixara senhora entrar... Puta merda parecia um filme com final feliz. Ela entrou ovacionada pelo povo.
Acho que vou começar a fazer isso por ai...

Luís Fabiano.



Curta fodástico: Cauda do dinossauro -  2007 diretor:Franscico Garcia  

Você tem 17 minutos disponível? Olhe, é massa. Não da pra ver? Esquece então.
Seguinte, o curta metragem fala dos extintos “dinossauros”... Uma analogia aos homens “primitivos” que estão cada vez mais em extinção. Gente de verdade.

Existe uma nova raça surgindo hoje. Uma nova geração... Uma geração que não fode e não sai de cima... Que faz um monte de merda ao mesmo tempo com uma masturbação sem gozo, e não faz porra nenhuma. Que não lambe buceta, que não bebe, não fuma e acredita no politicamente correto.
Sinceramente?

Esse mundo tá ficando uma merda. Mas foda-se é isso que tá ai... Mas vez em quanto como um eclipse raro, nos deparamos com coisas realmente relevantes.

Mário Bortolotto esta impagável e a atriz Christiane Tricerri detonam na cena. O curta tem tudo que é bom na vida: bebidas, sexo, palavrões, putaria, filosofia e falas pesadas.
Naturalmente se você for muito moderno... Vai achar o vídeo uma merda... To cagando.

Luis Fabiano


Pérola do dia:


" O lance é o seguinte: faz por merecer, que eu faço valer a pena".



um tal de Anônimo.




quarta-feira, setembro 05, 2012




Espermicida

Não foram poucos os azulejos que tentei engravidar...
Mas algo me incomodava nisso
Lançar porra gratuita no chão, nos espelhos, banheiros, ou janelas
Em Algumas revistas também,
Páginas e paginas que colam como tenaz
Havia uma espécie de culpa por isso
Mas era engolida pelo prazer

Lá ficava um pouco de mim pra trás, morrendo em agonia solitária
Como mendigos na sarjeta
Porra, foda-se?
Isso me incomoda
Talvez devesse colocar essa porra em cubinhos de gelo?
E servir num copo de whisky, para as raras visitas? Boa
Claro que já pensei nisso
Acho que prefiro quando bebem de minha porra na fonte

Dias atrás fazia isso...
Ela mamava como tanta vontade, que me deu vontade de chorar
Raríssimas mulheres sabem prestar um bom boquete
Deveriam ensinar isso em cursos técnicos
Então quando estava no fim... A geleca jorrou como
Um oceano de ranho branco leitoso...
Ela engolindo serenamente, sem se engasgar ou tossir
Isso era um eclipse lunar ou nascimento de um dinossauro

Depois ela me beijou
E havia restos de porra na boca
Tudo pareceu lindo... E em paz
Então sobre a cômoda vi um frasco sem luz
Dizia em letras meio escorridas: Espermicida
Que porra é essa?
Pensei comigo: o mundo anda realmente violento
Homicídios que rebentam a forma doce
Suicídios silenciosos, em copos de veneno para Sócrates
Tortura solitária, em quartos fechados e escuros martelando a consciência
Estupros em gemidos sem harmonia tecendo feridas
Agora espermicida?

Aquilo não me caiu bem
Senti-me saciado de violência e prazer
Como uma ligação do presente com o passado
Sempre penso em minha morte(quase sempre)
Mas nunca é minha intenção fazer isso por mim mesmo
Penso no futuro, o que venderão mais?

Ela tentou começar o segundo boquete
Mas o vergalhão parecia morto
Estranho como as coisas nos atingem
O que vemos desperta um eco e as vezes acerta a nota
Olhei em seus olhos e disse: baby me abrace
Nossas almas já fuderam e esperemos o amanha
Amanha sempre é uma promessa.


Luís Fabiano


terça-feira, setembro 04, 2012

- Momento Mestre -

Bukowski tapes # 13



Que demônios você carrega aí ?

Jane sempre teve uma vida fudida. Era bonita mas a existência não facilitou nada por isso. Quando penso nesta historia, e tento buscar a parte mais branda do humano, mas confesso que é difícil. Difícil aliviar a mão, quando tudo aponta adagas afiadas, quando golpes do acaso expõem feridas violentas, que de alguma forma todos carregamos. Meus olhos procuram asas... Mas não encontram. Estou cego? A caricia encontra a sua contra partida.

Quando conheci Jane era faxineira, dava um duro do caralho limpando, arrumando e fazendo o melhor nas casas que trabalhava. Nesta época flertamos um pouco. Mas por um período longo tudo ficou no terreno da imaginação. Creio que a coisa platônica salva a vida.

Ela não tinha tempo, eu estava casado, mas minha esposa da época era uma cadela insuportável, extremamente chata, querendo por ordem em meu caos pessoal. Tenho uma desconexão com toda ordem. Meu casamento vinha se arrastando, e de alguma forma eu procuro ajudar sempre, para que piore.

Eu trabalhava muito, chegava tarde... Muitas noites eu nem vinha pra casa, ficava na rua até as cinco da manhã... E para as poucas pessoas que me conhecem, sabem que basta apertar o cerco em cima de mim, para que justamente eu escape pra longe. Me deixe livre, as coisas podem transcorrer normais e suaves.

Mas eu não estava mais ligando pra ela... Foda-se a vida, fizesse o que fizesse não faria a menor diferença. Tudo era uma questão de tempo. As vezes até incentivava ela a dar pro vizinho. Mas como as verdades que digo, quase ninguém acredita, acham que não é possível que eu seja ou fale assim. Tolos. O tempo te ensina a falar, as piores coisas para as pessoas, de uma forma tranquila.

Jane neste período era delicada, tinha um cheiro forte de suor, não chegava a ser um fedor, suor limpo, de um dia de trabalho cansativo. Era perfume pra mim. Conversávamos muito, mas ela não cedia, não queria nada além de papo furado.
Fiquei na minha. Nunca de atenção demais pra uma mulher. Segui tocando minha vida de trabalho e casamento falido. Neste período eu também não bebia muito, era quase normal. 

Tinha pouquíssima paciência. Em dez anos as coisas mudaram. Creio que piorei na opinião de muitos, mas eu me sinto muito melhor hoje. As coisas com Jane aparentemente haviam dado em nada.

Um dia, ela me chama com um sorriso lindo e olhos que brilhavam. Era todo um sinal que a mãe natureza fazia. Fiz o convite e saímos. Realmente como pessoa, Jane era interessantíssima e fazia um sexo tranquilo, com beijos longos e molhados, sem sofreguidão e loucura, havia uma ternura branda naquilo. Não era exatamente o meu estilo, mas naquela noite gostei daquilo. Ela tinha um cheiro marcante na pele toda, e o gosto agridoce na xoxota peluda, uma mistura de urina, sucos vaginais e suor... Uma combinação perfeita, não existe perfume melhor.

Nosso envolvimento foi breve, e mantivemos essa amizade sexual. Coisa que era bom para ambos. Fodas e sorrisos leves. Quem precisa de mais? Eu não. Mas ela precisava, isso parece uma sina comigo. As mulheres sempre querem aprofundar as coisas, tornar tudo um casamentinho. Sempre querem me transformar em “maridinho”. Isso me causa nojo. Não sirvo pra essa profissão: marido.

Ao perceber isso, naturalmente fui me afastando, como um vento de outono... Vendo as folhas secar de longe e fim. Foi o fim também do meu casamento numero quatro. E sentia-me em paz apesar de tanta pressão emocional. Anestesiado por tanta merda.
Merdas aconteceram depois disso. Não falei mais com Jane. Soube que ela acabou engravidando de um cara quer era guarda municipal. Não era uma relação de amor, mas era o cara domesticado que ela precisava. Felicidade pode ser isso também. Desejei sorte e um foda-se a vida mais uma vez.

Tive um período mais ou menos calmo. Os envolvimentos se sucediam rapidamente, muitas mulheres ao mesmo tempo. Peguei este vicio neste período. Muito sexo, e as bebidas começaram a chegar mais incisivamente. A vida ganhou outro significado, as pessoas também. Minha capacidade de entender os seres humanos aumentou exponencialmente, e aprender a se tornar indiferente também. Passei a compreender que os seres humanos, podem um dia te fuder, mesmo sem querer. E isso é natural e esperado. 

Que ao travar contato com alguém você deve se lembrar disso sempre, e confiar nesta pessoa absolutamente, sabendo que um dia ou menos um dia alguma merda vai dar. Primeiro porque raríssimas pessoas se conhecem internamente, o que torna todos os humanos um perigo. Então quando menos se espera... Boom!

A partir deste momento as coisas ficaram mais tranquilas em mim. Tornei-me o saco de apanhar, e isso não me importunava. Quanto mais golpes, mais forte ficava. Uma armadura filosófica, que me tornava vencedor mesmo quando estava na pior. Ótimo.
Então dias atrás, tornei a encontrar com Jane. Infelizmente. Ela continua muito bonita. Negra alta, seios de silicone, pernas esguias e cabelo bem arrumado, unhas perfeitas. Mas não era mais a pessoa que conheci. Não é mais faxineira também. Mudou de emprego, caiu pra cima, e agora é secretária.

-Oi Jane... Tudo bom, quanto tempo, né?
-É verdade... Ainda bem né? Passou aquele tempo todo...
-É, eram dias difíceis... Mas tu estas muito bem...
-Melhor não Fabiano. Eu to ótima... Chega de miséria e pobreza.
-Puxa que bom. Que tu fazes agora?
-Secretaria administrativa. Quase a “chefa” e te digo, não dou mole pra faxineiras não... Faxineira tem que se ferrar mesmo...
-Como é?
-Isso mesmo... As “coisa” mudaram, gente que tá abaixo de mim, tem que fazer tudo muito direitinho, se não já mando pro olho da rua... Inclusive lá em casa é assim.

Houve um silencio que mastigava víboras, em que eu assimilava aquela merda toda. Tentava formular algo que a ofendesse, com discrição. Jane me parecia agora tão filho da puta, naquela conversa arrogante, aquele vestido justo que me causava engulho. Puta desgraçada.

-Então estas feliz ?
-Muito, bem casada, boa casa, bom emprego e tô muito bem... que mais é preciso? Nada.(risos)
-Que houve com a tua delicadeza, Jane?
-Hã ? Que pergunta é essa Fabiano? Para com isso.
-Sim, tu eras uma mulher linda, educada e delicada. Hoje não vejo mais isso...
-Eu era tonta e boba... Isso sim. Hoje eu sou esperta e ligada “tendeu” cara!
-OK, “tendi” baby. Tu me fazes um favor Jane?
-Claro Fabiano... Embora tu não mereças... (risos vazios)
-Obrigado. É um pedido simples. Na próxima vez que tu me veres, não precisa me cumprimentar ou mesmo falar comigo, não precisa nem perceber que eu existo, tá bom? Pode ser?Me quebra essa? Thank´s.

Ela fez uma cara indignada, um rosto perturbado pelo inesperado. Gostei do que vi. Uma poesia maldita reverberando um ego fervendo em um caldeirão. Ela não falou mais nada, deu meia volta rapidamente e saiu pisando o chão com salto alto, como se tivesse amassando culhões da humanidade.

Fiquei parado ali. Lembrei-me de tantos por aí, que esperam anos para exporem seus demônios, e outros tantos que aguardam a oportunidade pra isso. É tudo é uma questão de tempo?

Senti-me um anjo pecador, porem honesto. Digam-me como salvar um anjo caído com asas borradas de merda? Respirei profundamente, busquei a paz possível em um calçadão atolado de gente inquieta e políticos barulhentos. Não havia o que fazer, as coisas são como são.

Luís Fabiano







Pérola do dia:

O que eu não sei, não me perturba. O que eu sei, torna-se um pênalti”.

Luís Fabiano.

segunda-feira, setembro 03, 2012



Alguns Probleminhas

Nem tudo são flores a noite. Algumas destas apresentam suas garras, dentes e emboscadas. Talvez não seja bonito, quase nunca é... Não há tesouros raros, ou escaravelhos sagrados brilhando desmaiadas esperanças. Confesso que por alguns momentos me sinto cansado disso... Mas como um narcotizado sigo, a dor implementa o querer, o querer rasga a lógica e merdas diáfanas chovem como orvalho preenchendo espaços.

Um dia, sempre é um dia. Não nada de interessante pra fazer em casa, já havia bebido o suficiente, batido uma boa punheta, mas olhar a vida do quinto andar me entediava agora. Isso era bom, devia sair sem propósito, vagando no despenhadeiro a procura de qualquer coisa. Às vezes revirando a lata de lixo que são alguns humanos. Nada a perder, nada a ganhar... Fuder o tempo antes que o tempo nos foda!

A garrafa de rum estava no fim. Nem coloquei no copo de costume, tinha uns três dedos de rum, fui virando lentamente, como se o mijo de uma buceta estivesse escorrendo pela minha garganta, cheiro poderoso, inspirador, a serpente escorregando pela goela em direção ao coração. Acabou.
Peguei o Kadett. Agora ele esta limpinho por fora... Ligo o rádio e ouço Loreena Mackenitt – Raglan Road. Conheço bem essa musica, é suave caricia aos ouvidos, Loreena é fantástica sempre. É daquelas mulheres que desejamos casar hipoteticamente, um amor platônico pela arte, pela beleza. 

Escutei a musica um pouco e fui saindo lentamente, o ronco do motor sereno, era bem diferente de mim.
A cidade parecia morta domingo, ou seria eu? O rum fazia seu efeito maravilhoso como todas as drogas liberadas pela sociedade. Não lembrava de ninguém. Minha solidão é aceita como uma amante traidora, a puta que fode com Deus e o diabo e depois vem a mim, querendo meus carinhos.

Gosto disso. Já fudi mulheres com cheiros de outros caras, hoje tenho uma que gostaria de trepar comigo depois que eu tivesse comido a outra. Ela disse outro dia: quero sentir o cheiro da buceta da outra no teu pau... chupar e depois tu me comer. Eu tive uma ereção na hora.

Os bares estavam desertos, e naquela hora todos eram iguais, catando o resíduo da madrugada.
Subi pela Deodoro, putas, travestis e michês faziam sua ronda da esperança, tentavam pegar alguém, que por trinta reais usassem seu corpo rapidamente e levantassem voo desocupando a pista de decolagem. Todos pareciam sem graça.

Acabo parando no bar de sempre. Puta merda Fabiano, como tu és repetitivo... Penso eu. Também, foda-se, não desejo conhecer a Índia, a Espanha ou Inglaterra, não pretendo nada. Quando se conhece um pouco o ser humano, sabe-se que todo mundo é quase a mesma coisa... Com raríssimas exceções. Eu não sou exceção.

Chego ao bar do Sujeira. Apenas ele ancorado no balcão, olhar distante naquele tampo de mesa sujo e engordurado,  o bom e velho cheiro de esgoto na frente.

-Sujeira, Sujeira tu não deverias estar dormindo em um domingo fudido destes?
Ele sorri (coisa rara) com um brilho de alento.
-Fabiano, porra... Que cara amassada? Mas parece bem... Meio bêbado e triste... Mas bem.
-É Sujeira, a vida. Nem tudo precisa ser sempre bom e cheio de tranquilidade. Somos um pendulo... Ora isso... Ora aquilo.
-Vai rum?
-Sempre... Uma pedra de gelo. Mas porque tão vazio aqui?
-Fim de mês... Ninguém tem dinheiro e tu sabes como eu sou - apontado a placa que dizia: Fiado só amanhã.
Sorri.

Tomei um bom gole de rum e fui ao banheiro dar um mijada no capricho. Não podemos chamar exatamente aquilo de banheiro. Cheiro forte de urina e merda e um mictório. Antes de chegar você sente o aroma do local. Quando chego lá dentro, tem um cara enorme, um gorila olhando o rosto no espelho velho. Não sei o que ele procurava. Aquela cara cheia de pipocos, espinhas e outras merdas que não sei exatamente o nome. Dei boa noite, tirei o pau pra fora,  respirei tranquilo, é bom mijar.

Quando olho para o lado o negão também estava mijando e me encarava com olhar estranho Então piscou o olho, e apontou para pica dele. Puta que pariu. Não era uma pica, é um pedaço de um cavalo ali. Ficou me olhando e sacudindo aquele muçum gigante. Senti o perigo. Tentei terminar de mijar rapidamente. Então ele falou:

-O fraquinho... Tu até que é bem gostosinho, quem sabe tu não queres dá uma pegadinha na minha piroquinha?(rindo)
-Vai te fude brother... Que porra é essa? Acho que tu estas enganado... Sai fora meu...
-Que isso meu queridão... Chega aí... A piroquinha até gostou de ti... Olha aí ta meio dura já...

Meus sentidos se aguçaram de raiva. Normalmente trato estas coisas com um papo furado, meio coisa de embaixador. Já levei cantadas e tentativas de sexo forçado, mas o rum talvez tivesse se tornando veneno em meu sangue. Despertando o tigre do mal. Não gosto deste cara que há em mim, porque ele perde o controle.

Me sentia frio, meu pensamento foi atacar o pescoço, a jugular do gorila... Lembro que senti vontade de espicaçar aquela veia com os próprios dentes fazendo jorrar o sangue como o chafariz do calçadão... Um chafariz vermelho.

Então o Sujeira entrou no banheiro de-repente:
-O que tá acontecendo aqui? Que porra é essa aí?
-O cidadão aí... Ta se exibindo Sujeira – disse eu.
-Qual é, Pé de mesa? Vais começar com isso de novo aqui no meu bar? Pode ir saindo...
-Oooo Sujeira... Calma aí... Gostei do gostosinho ai... Libera o espaço...
-Gostou o caralho rapaz... Vai te fude, vai embora, vou fechar esta merda por hoje... chega...

O cara foi saindo do banheiro, quando estava na porta virou pra trás e largou:
-O gostosinho... Eu ainda vou te pegar com a minha piroquinha...

Porra ,o Sujeira chegou na hora certa. Me sentia congelado mas vivo. Voltamos para o balcão. Sujeira ria:
-E aí como é ser quase estuprado por um abobado?
-É, não é bacana... Aquele cara, qual é dele?
-Ele faz isso direto... É meio tonto da mente, tem neurônios faltando, gosta de pegar caras que não são viados, gosta de comer cu deles... Sabes como é, tem de tudo. Ja foi internado algumas vezes. Ele já andou apanhado de um grupo de travestis também... Mas é daqueles que piora com o tempo.
-Acho que eu ia matar ele... Tava sentindo algo estranho... Algo que não é legal. Da outra vez que isso aconteceu, custou caro... Pra mim e o pro cara.
-Relaxa já passou. Quer saber, vai embora, vou fechar estar merda. A noite não tá boa hoje... tu não ta legal, vai pra casa, vai comer alguma buceta barata por aí... Boa noite Fabiano.

Dei o ultimo gole de rum, gosto de fel e vazio. Voltar pra casa me pesava, como ser instalado em manicômio de quietude, por outro lado eu não sabia o que queria... Talvez fosse melhor tentar rezar. Anjos, Deus ou alguém poderia estar vendo. Mas nem tentei, liguei o motor encostei a cabeça no volante e chorei.

Luís Fabiano.


Pérola do dia:

A perfeição de nada me interessa. Quando algo se torna perfeito, significa que está tedioso ”.

Luís Fabiano

domingo, setembro 02, 2012


Dica de Filme: Raul – O início, o fim e o meio.

Quando terminei de ver, sentia-me devastado e em silencio por dentro.
O documentário e avassalador, mostrando em detalhes da trajetória de Raul, sua ascensão e queda e nova ascensão... E por uma destas características existenciais que temos sentido falta nos dias de hoje: a verdade impactante de alguém que crê naquilo faz... Crê até as ultimas consequências, dando um foda-se ao mundo, pagando o preço por isso.
No documentário não faltam, parceiros, drogas, bebidas e ex-esposas. Das coisas que se destacam, é a contrariedade de opiniões, uns amam Raul outros odeiam e mesmo em sua família era assim. Atentem para uma cena de Paulo Coelho e uma mosca insistente.
Quando se termina de ver o filme, sente-se uma saudade imensa de Raul, sua sagacidade e loucura e irreverencia, coisas não temos em nosso tempo tão limpo e politicamente correto. (vontade de vomitar)
Veja o filme porra... É bom.

Luís Fabiano








Punhetinha Matinal

Ergue-se o vergalhão com asas de anjo
Apontando como a Torre Eiffel
Disposto a fuder o céu inteiro, na agonia de um estupro infinito
O clamor dos errantes cometas doentios
Apontados para Terra, escavando buracos virtuais
Como a buceta de um dinossauro

Assim abro os olhos
Manhã após manhã...
Como um touro reprodutor
A espera da vaca encantada
De olhar luminoso na xoxota de ouro
Tem sido assim em alguns anos...
Solidão e ereção... São tantas e nenhuma
Vida delinquente e amor ausente

Então com lentidão
Exponho a glande inteira
Como um dedo apontado para o sol
Sou destro, mas detesto tudo que é direto
Mexendo lentamente, pra cima e pra baixo, até pegar o ritmo bom
Penso em Marias, Monicas, Judites e Antonias
Todas peladas sorrindo suavemente
Elas são melhores em minha mente...
Cheiros bons misturam-se ao meu agora...
O típico cheiro de porra no ar
A tesão rasga a beleza

E a vida vira um mar de porra, entre lençóis desarrumados
O naufrago desmaiado em uma UTI sorri uma vez
Lutando pela vida, a espera do depois
Se eu tivesse tempo, foderia com todas as mulheres da humanidade

Agora tudo volta ao normal...
Eu peido com força
Seco o pau nos lençóis...
Tá, e agora ?
Bom dia... Ou foda-se.

Luís Fabiano.


Pérola dia:

“ A intensidade é minha droga. Quem vive a vida na temperatura morna... Já tá meio morto, apenas não percebeu”.

Luís Fabiano

sábado, setembro 01, 2012




A Cidade dos Cagões

Cheios de excessiva confiança
Como merdas encantadas sobre flores
Sorriem fácil quando o trem esta na linha
E estrelas falsificadas, brilham no horizonte
Sempre os observei de longe
Mas por estas fatalidades existenciais
Eles e elas vêm aparecendo em rota de colisão comigo
Cometas filhos da puta sem razão

Então eu faço um aceno
Consentindo o estupro de minha vontade
E quando tudo parece tão intenso e verdadeiro
Eles cagam... Como anjos geriátricos do fracasso
Mas tudo é apenas voz sem eco
Um cantar ordinário levado pelo vento

E lá fico eu...
Com a minha piroca flácida da mão...
Meu saco que quase arrasta no chão (quem viu sabe)
A espera do nada

Folhas secas que caem das arvores, tem sentido
Vagalumes querendo ofuscar o sol também
Mas eles?
Que fazem?
Cagalhões aguardando a esperança luminosa
Que tudo seja fácil, seja lindo, seja perfumado
Enquanto o cu aperta... Diante da agulha
Bucetas falsas e cadáveres apodrecidos fazem a festa

A expectativa é sempre uma miragem que some
Não há oásis no deserto
Ou bater de asa fácil
Carinhos gratuitos ou avião que pouse sem riscos
Depois que cagaram, fiquei mastigando o silencio
Abrandando a fúria na doce solidão de sempre
Deixo meu abraço por trás a todos os cagões da Cidade.


Luís Fabiano




Cidade Tatuada

Uma tatuagem é pra sempre. Assim deve ser. A forma, o desenho a mancha tem seus significados. A vida nos enche de cicatrizes, o tempo mancha a nossa pele, e externamos isso em nós, na pele da cidade feita de tijolo, asfalto, areia e alma.
Aqui começa uma história marginal...
“Tatus” de nossa cidade, historia  feita de fotos que se tornam linhas... E linhas buscando a tal alma...
Uma tatuagem é uma ancora.
Vou postar uma a uma, não há pressa pra nada, aprecie se quiser.

Luís Fabiano







Navalhadas Curtas: Rendas da Verdade

Vizinhos mais vizinhos, porra porque estes caras são tão chatos? Chego tarde da noite, levanto tarde de dia. Pouco me interessa, quem lava, caga, fode ou mija. Mas eles têm tempo demais. Grande problema isso, tempo demais sobrando para quem não sabe lidar com ele, com toda certeza da merda.

Estacionei o carro no prédio e desci, então como uma poesia erótica de proposito, uma calcinha alada caiu sobre a capota do carro. Uma gaivota de seda com rendas suaves em tom avermelhado... Peguei a calcinha, e olhei pra cima. Na janela do terceiro andar uma moça me encarava... parecia não muito feliz de me ver com a sua calcinha.

Sorri pra ela. Naquele momento éramos muito íntimos. Mas tais momentos são assim, breves como um tiro na cabeça.

-O senhor... o senhor pode largar a minha calcinha ai no chão mesmo!!
-Oi, tudo bom? Não queres que eu te leve aí, não custa nada ?
-Não, não, o senhor deixa ai mesmo no chão, o senhor nem era para ter tocado nela assim...

Trouxe a calcinha limpa para perto do nariz... cheirava a alvejante, algo que jamais lembraria uma buceta... senti nojo daquela limpeza toda. Ela se aborreceu mais.

-Que isso senhor? Isso é abuso viu... vou contar pro meu namorado... que o senhor tá fazendo.
-Calma moça, calma... Tenho certeza absoluta que teu namorado nunca cheirou a tua calcinha usada assim, né?

Houve um silencio inesperado, então ela se deu conta...

-Hã?Como é que é?

Joguei a calcinha no chão e subi para meu Ap.

Luís Fabiano