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sexta-feira, maio 22, 2020

Buceta a espera


 

Ela brilha nos vãos

Entre pentelhos diáfanos

Benzendo latidos e grunhidos solitários

Cuspindo mijo

Sangue

suor e gonorreia

Sua reza vagabunda

Feita de odores maravilhosos

Que afogam anjos

Diante deste mundo despedaçado de desejos

Flácidos como a piroca

Dos Moribundos

 

A buceta espera

Com raiva e amor

Ser rasgada

mutilada

Beijada

Amada

Ate que uma cabeça inocente lhe rasgue as entranhas e chame de filho

 

Ela espera que realize

Em gozadas de chuva

Inundando camas

Caralhos

Corações

 

Espera sim...

Por mim e por ti

Que desfraldemos nossas velas em pedaços

E insensivelmente

Consigamos rugir como a fera indomada

Sem polimento

De nossas fissuras mais doentias e lindas

Que agridamos

Que provoquemos dor

Claro, choremos em ânsia

Fudidos nos braços densos

Do obscuro

 

Ela espera que dure

Eu também

Quero gozar até última gota

De porra

Ainda que esteja a beija da morte.

 

L.F


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