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quarta-feira, maio 01, 2019

Calcinha


CALCINHA


Ela larga a peça
Displicente como uma bebida jogada
E tudo que parece tão simples
Mas
O tempo mostra fissuras
Um cheiro do espanto
Volvendo ao braço do tempo
Rasgando o espaço
Do banheiro
A buceta
Sua história
As marcas do corrimento
lembranças de sua infecção
em meu coração de flagelo
Como doce
verme de desejo
saqueando o meu coração

Ela abre a buceta delicadamente
Os lábios sujos e melados narram
a noite
os homens
as mulheres que esteve

O silencio é lindo
Como uma Beethoven surdo
Porra  lentamente escorre por entre suas pernas entreabertas
Ali
A poesia do demônio
Do amor
Da doença

Ela nunca foi tão linda hoje e sempre
Enquanto fuma e 
Fica me olhando sorrindo
Ela é o que é
Sua verdade entorna
Luz tênue do chão
E meu abraço a espera
sem nenhum porque.

L.F



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