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segunda-feira, setembro 21, 2015

Aquela praça alí

Aquela praça alí

Aquela era uma praça
Onde nereidas cuspiam palavrões que afogam
E putas desgastadas
Corroídas
Desfilam entre transeuntes anônimos que pecam em transe de bolsos vazios
Corações vazios de guilhotina
Babando desprezo e rancor

Diante de andróginos belicosos no silencio que agridem
Amam e fodem e comem e são felizes
No inferno de Dante retorcido
Rugindo encantos de beleza
Amordaçados entre fagulhas da emoção

Velhos jogam damas, xadrez, cartas, vidas escorrendo no banco da praça
A espera do carinho final
De um grelo maravilhoso que os devolva ao útero em chamas
Da mãe
Da medusa pentelhuda
Gargalhando

Essa é a porra da praça
Maravilha das maravilhas
Declinando afagos quando passamos
Olhando monumentos e as cuspideiras Nereidas que jamais Envelhecem
Jamais morrem
Jamais dizem nada

O bronze, o ferro, a farpa o adeus
Despidos entre bancos e riqueza
Entrosando simplicidades
Que bailam no que jamais se modifica em nós

Esse é o canto fudido da sereia
Fudendo e afogando cus de cristal
Nas anedotas sem graça
Nas facas que perdem o fio
A voz que vomita agua olhando para o nada
Você já olhou para o nada?
Um sino que não toca.


Luís Fabiano

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