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domingo, dezembro 14, 2014

Cicatrizes



Cicatrizes

Deixe-me ser doentio...
Por favor
Só um pouquinho...
Deixe que esqueça as formas e o primor dúlcidos 
E me deleite naquilo que mais odeias em ti...
Sim...

Quero tuas cicatrizes
Tecidas pelos acidentes da vida
Pelos tropeços e atropelos tantos
Por dores que nunca se foram em ti...
Que tragas aprisionada
Em bagas fluorescentes da tua alma...
Deixa eu enrodilhar nas tuas feridas
As novas
As velhas
E as que ainda virão

Nesta noite maldita não quero tuas tetas
Tua buceta
Ou teu cu
Quero tuas lágrimas
Quero recender os pecados infames
As memórias piores
Que como lâminas invisíveis riscaram
Teu corpo
Teu espirito
Teu nada...

Nesta noite maldita
Quero beber dos teus pesadelos
E a escuridão mais profunda nos abrace
Como renegados que se perdem
Quero o aço
O cuspe e o vazio que há em ti...
Quero me afogar nas tuas culpas
E que possamos ser o pior que fomos em uma vida inteira
Beijas tuas cicatrizes
Lambe-las
Até que tudo que reste sejam
Lagrimas
Tuas
Minhas
Abençoando um novo destino
Porque a beleza faz caminhos estranhos
Fazendo do hediondo extremo
Rosas da transcendentes
Seremos felizes?
Não sei
Mas isso a gente nunca sabe.

Luís Fabiano.



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