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quinta-feira, dezembro 04, 2014

Beladona – A saga de uma mulher



Beladona – A saga de uma mulher

Capitulo 1

Conhecendo


Eis que a pena digital se ergue uma vez mais, e dispara com traços e caracteres, uma história capaz de fazer os anjos chorarem, os demônios vibrarem e a humanidade sentir asco de si mesma.

Somos mornos no falar a verdade, brandos e corretos ao extremo tantas vezes. Mas tanta conservação e polidez, deixa a alma inquieta e o espirito entalado quase empalado. Mas a pena digital não cala, expõe as vísceras humanas ao ponto que lágrimas, suor, sêmen e sangue cheguem a alma ou esta seja arrastada até as secreções humanas.

Esta é a poesia maldita, entoada na voz de um cantor que chora e deforma-se ao longo do espetáculo... conquista e é conquistado, explora e é explorado, perde e se perde.

Já faz alguns anos que conheci Beladona. E por muitas vezes penso que conhecer alguém é uma faca de gumes ou mais, porque prefiro a face mais serena, mas encantadora, porem convém lembrar que tal face não existe só, ela é uma criação de nossa mente, de nosso desejo de pureza inconsciente que carregamos até a senilidade.

Humano demais e sendo humano, é sempre bom lembrar que não existe um único ser humano no planeta isento de erros, enganos e todos os defeitos que temos. É natural e brutal é nossa apoteose às avessas, seja o beijo da lama em nosso coração.

Gostaria sinceramente de ter conservado o aspecto mais poético de Beladona... porem como vocês sabem, Beladona é uma flor venenosa que mata se ingerida. Talvez seja melhor evita-la... Não obstante os sinais eu não evitei. Sou um homem de extremos, levo tudo as últimas consequências, em mim não ficam resquícios de nada, nem de bom e nem de mal, os expurgo todos e posso dizer com serenidade em mim que não tenho um único arrependimento em minha vida. Meus demônios estão cativados, porem jamais mansos.

Foi num sábado do ano de 2010 que a conheci. Eu estava em um aniversario, a noite já havia avançado, muitos convivas estavam bêbados ou chapados, um clima feliz, todos conversavam. Casa cheia, fumaça de cigarro, cinzas e cheiro de álcool no ar e maconha também.

Eu estava observando apenas...sou um predador silencioso, depois de beber os desejos se aquecem e preciso ter alguém... preciso de uma buceta despojada de amor próprio. Gosto destes alvos, são mais vulneráveis e procuro explorar a culpa feminina natural e latente em toda mulher.

Então passado dá uma hora da manhã, Beladona da entrada no ambiente. Tinha uma expressão totalmente masculinizada. Gostei. Cabelos negros raspados, um óculos de grau pesado, rosto sem nenhuma maquiagem, ligeiramente estrábica e com uma carga excessiva de seriedade, uma camiseta branca sem sutiã que deixava ver seus seios pequenos e ligeiramente caídos de bicos escuros e pontudos, jeans, sapatos pretos e masculinos.

Não é expansiva, discreta, entra e vai cumprimentando a todos com educação quase limpa. Estou no canto observando tudo, um pouco entediado. Ela passa por mim como se eu fosse um móvel de merda e fica falando com outras pessoas conhecidas. Então uma amiga em comum, me apresenta a Beladona. De cara gostei do nome, depois gostei do papo, gostei de tudo, sou fácil como uma puta sem preço...

Beladona é inteligente e tem por volta de cinquenta anos. Ela sentou-se por perto e ficamos falando sobre livros, magia, meditação e kama sutra. Era um bom papo, minha noite ficou diferente. E acho que foi pela primeira vez, não pensei em comer uma mulher que conversa comigo. Até mesmo porque, eu não era a praia dela. Tudo certo.

Aquela noite foi boa, trocamos ideias e contatos, mas não falamos nada sobre nossas vidas pessoais. Melhor assim. É o mundo perfeito do facebook. Uma dimensão fantástica de arte e cultura, onde moram os pensamentos mais sublimes do ser humano, onde não somos tão terráqueos, egocêntricos, egoístas, vaidosos e orgulhosos.

Sim, isso quando tudo se mantem no plano das conversações lindas e perfeitas. Mas a realidade caros amigos, é foda, a realidade é lama das sarjetas descendo uma ribanceira, enxovalhando a existência e dando aquele gosto tão bom de decepção, lagrimas e riso amarelos.

Não pensem que sou pessimista, apenas realista sem traumas, te olho como realmente és, e o que és, não tão bom... e nem tão mal.
O reino encantador daquilo que desconhecemos é uma benção, a ignorância é muitas vezes preferida.
Porque?
Porque preferimos mentiras bonitas as realidades feias e sombrias.
Enquanto conversamos, alguém pede a Beladona para que toque algo...e cante talvez. Fiquei curioso para ver os talentos artísticos de Beladona. Alguém lhe arrumou um violão, e ela se pôs a dedilhar.

Beladona começa cantar uma música desconhecida...porem não gosto do seu tom, um tom baixo e a voz não era tão boa e cantava desafinado. Logo perdi o interesse. Fui beber mais... a bebida torna as pessoas melhores sem dúvida. Eu já estava cansado de aniversario, e de saco cheio de ver Beladona cantando desafinado. Cansei dela, daquela festa, daquela música desconhecida e ruim... cansei daquele instante. Eu me canso fácil demais ou não...

Esta merda continua...

Luís Fabiano.



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