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segunda-feira, setembro 22, 2014

Parte II - Boneca de Pano, Bar do Sujeira, fodas rasgada e trapaça




Boneca de Pano, Bar do Sujeira, fodas rasgadas e trapaça



Foda-se Deus... Entrei no bar com este espirito e foi algo maravilhoso me deparar com aquela amarrada de Sujeira, com seu tradicional mal humor e sempre pronto para ser grosseiro com tudo e todos... e ele olha nos olhos e rosna...

-Muito bom te ver também Sujeira...bom saber que estas vivo...
-E porque não “taria” vivo?
-Sei-lá pra morrer é preciso só estar vivo...
-Tu és um filho da puta Fabiano...
-Eu sei...que posso dizer obrigado?
-De nada...
-Ainda tem rum nesta merda de bar?
-Tem...mas só que bebe esse lixo é tu...
-Então serve um bem caprichado pra mim...

Ele rosna uma vez mais...e só então percebo as criaturas que estavam no bar... em canto sonolento Rebeca Sharon, mais loira que a lua sorria parecia feliz...linda como sempre então como um cafajeste chegando ao puteiro apenas abri os braços e ela veio passos lentos em um salto que a tornava uma gigante...e parecia tão tranquila, tão bela... nos abraçamos e ela me fala ao ouvido: não me aperta muito porque meu marido ta olhando. Eu respondo: O Sujeira?

-Sim Fabiano...estamos casados e tão felizes...
-Parabéns...eu fico feliz também...
-Mas não conta pra ele... eu lembro de ti as vezes...

Sujeira começa a tossir no balcão. Não tava por umas de arruma confusão. Em outra mesa Pedro Boludo sorria com seus dentes cariados tomando sua cachaça, ele é uma figura. Um teimoso renitente não aprende...ja fez uns rolinhos na vida, apanhou muito dos homens...o que lhe custara alguns dentes, mas sempre tinha uma paradinha sinistra pra vender... perguntava de onde ele tinha tirado aquilo...e ele sempre dava a mesma resposta:

-É caiu ai na minha mão...sabe né...
-Sei o que?
-Sabe né...

Ficava nisso horas. O bar estava conosco...o cheiro do bar do Sujeira ainda era o mesmo, um misto de sujeira, banheiro, frituras e perfume barato. Estranhamente eu sentia saudade disso. O cheiro limpo social são tão falso...o perfume não perfuma almas, você convive com o cinismo que cheira tão bem... com pessoas que te olham nos olhos e te fodem por trás... mas os filhos da puta cheiram bem...sem dúvida. Respirei fundo e me senti bem. Sentei junto ao balcão, o rum em um copo duvidoso veio. Parecei meio engraxado...mas isso era natural. Rebeca sentou-se junto a mim...e começamos a conversar:

-Fabiano que tens feito baby?
-Muitas coisas...tenho trabalhado pra caralho... muitas coisas envolvida no Fio da Navalha, tais ligada?
-To sim... já vi as coisas horríveis que escreves lá...
-Nem tão horríveis assim, eu já escrevi sobre a tua pessoa...te falei né?
-Sobre mim?
-É...
-Que tu escreveu?
-A verdade...somente a verdade nada mais do que a verdade...
-Das drogas também?
-A verdade...
-Fabiano...eu vou te processar...
-Não faz isso...eu não tenho onde cair morto...relaxa...além do mais to na vontade de fazer umas fotos tua pro site do Fio...que tu achas? Vais entrar nas poesias fotográficas? Nada de sexo...apenas fotos lindas, tuas pernas...cruzadas e um vestindo branco...cabelo pra trás...
-Nada disso Fabiano – fala sujeira – a Rebeca não faz mais essas coisas...é uma mulher casada...

Fiquei quieto...mas Rebeca responde:

-Como assim amor? Porque não? São apenas fotos...bonitas de roupa, eu linda né Fabiano?
-Sim é isso... vamos tirar umas fotos...eu mais ou meu brother Moizes...vai ser bacana...

Sujeira rosna...mas contra Rebeca ele não tem vez...o poder da buceta de plástico é algo?
Ficamos em silencio enquanto Pedro Boludo falava com alguma alucinação...e gargalhava...

Então ouve-se um estrondo na porta...e entra um cara manchado de sangue...com olhos esbugalhados, tinha o pavor da morte no rosto...
Mas que merda eu pensei... não se pode estar tranquilo nunca em lugar nenhum caralho? Sempre tem uma porra acontecendo?

O desconhecido cai ao chão...e sangra a ali...todos se alvoraçam... que teria acontecido? Merda é certo.
Todos nos acercamos do cara, era um coroa bem vestido...com um ferimento no ombro... não entendo porra nenhuma de medicina...mas ferimento no ombro não mata rápido...pensei comigo:

-Que houve cidadão?
-Ele ta vindo ai... e vai me matar...eu tenho certeza...eu preciso sumir...
Eu estava com meu copo na mão, e dei um gole dos bons... tem coisa que só bebendo...
-Ta meu velho –pergunto eu – que tu fez pra machucar assim?

Rebeca chorava ao meu lado... sinceramente não sei qual é a da Rebeca...seria saudade? Mas que merda...muitas decisões pra tomar...se bem que ela ta gostosa...bem...

-Não fiz nada...eles querem meu dinheiro...todo...eles são uns filhos da puta...
-Quem são eles porra?
-Meus filhos...

Isso parecia drama que acontece apenas em capitais...em filme, em novela barata... matar por grana...é foda. Você mataria? Qual é o teu preço...diga ai, todo homem tem um preço...

-Puta que pariu...esse ferimento ai é de faca?
-É um punhal de família

Eu estava gostando da história...mas o puto sangrava ali... e ai?

-Queres ir pra um hospital?
-Não, não...nada de hospital...quero me esconder.

Tudo bem.
Sujeira disse que não ia juntar bandido no bar dele... Rebeca chorava eu estava disposto a esconder o cara, Pedro Boludo Gargalhava com um fantasma louco que apenas ele via...e dizia rindo:

-A morte está vindo... montada em um cavalo de sangue e gargalha com dentes de aço e a foice brilha como ouro...a morte vem...a morte vem...

Eu estava com vontade da ruma porrada nele...pra ele calar a boca...aquilo já estava tenso demais... então em um surto anormal de minha parte eu gritei:

-Vamo parar porra! Deu dessa merda... Para todo mundo caralho! Deu de loucura... mas que porra...

O pessoal ficou em silencio... aquilo era a pausa de um sinfonia. Foda-se eu iria ajudar o cara sangrando... Sai até a porta do bar...espiei a rua, tudo vazio ainda bem, talvez a morte não venha hoje. Rebeca Sharon me ajudou com o cara, e colocamos ele no carro. Olhos de Gato sendo batizado com sangue... confesso que gostei disso. Então eu ia me arrancar com o cara de lá...e Rebeca entra no carro também... e Sujeira aos gritos:

-Mas que merda Rebeca...que tu fazendo?
-Não posso deixar o Fabiano sozinho com este cara...

Eu digo:

-Eu vou despejar ele no PS...e deu...

O cara:

-Não, Ps não...fora de questão me joga no lixão, mas só em tira daqui...
Então todos estávamos no carro...e arranquei, rasgando a noite em um destino ignorado...Sujeira ficou berrando com Rebeca, o cara sangrava no banco detrás e eu... bem que tinha a perder agora?


Segue e com fé... mas que merda...

Luís Fabiano.


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