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sexta-feira, fevereiro 21, 2014

Trecho SOlto




" Trecho Solto...  


Como ela me chupava! Mulher sempre chupa xoxota muito melhor do que homem, que geralmente acha que sua língua é uma espécie de pênis desarvorado  e que pode sugar um clitóris ignorando os próprios dentes cheios de arestas, como quem ta tomando refrigerante  de canudinho, com raiva do conteúdo. E ela me chupava com classe e um toque não sei bem como dizer, um toque devoção. Respirava fundo, se aconchegava entre minhas coxas, me segurava delicadamente na bunda, respirava fundo outra vez, me cobria de beijos nas virilhas, fechava os olhos e me levava ao céu, ao céu!

Não posso nunca me esquecer do dia em que começou a me chupar no sofá, e eu resolvi que naquela hora preferia a cama e, não sei como, ela conseguiu me seguir até a cama sem tirar a boca de mim com os olhos fechados e eu gozei torrencialmente logo em seguida.

Não sei se posso dizer, porque não vejo razão para rejeitar o rotulo de libertina pervertida e devassa, se já tive paixonite a serio por alguém , mas, se já tive, foi por ela.

Uma vez, Fernando fora de casa, comendo uma carioca grã-fina que havia aparecido com um marido altamente babaca e nós duas em casa, eu deitada num  tapete, e ela , usando um roupão felpudo de Fernando sem nada por baixo, fez que ia passar por cima de minha cabeça e parou bem acima da minha cara com as pernas levemente abertas e aquele bocetão irresistível na penumbra em torno de meus olhos. Toquei nos quadris dela, e ela, como se tivéssemos combinado antes, sentou na minha cara, que sensação insubstituível e incomparável! Como era aveludada, como era acolhedora, como tinha os cheiro certos! Como era submissa da maneira mais encantadora, pronta para fazer tudo o que eu quisesse, do jeito que eu quisesse, na hora em que eu quisesse, tudo com uma naturalidade que parecei que a vida sempre tinha sido assim, desde que o mundo é mundo. 

Não sei , não sei mesmo como descrever o que havia entre mim e ela, até o jeito como ela se livrou do roupão nessa hora é inimitável .Ela me chamou de meu amor, meu amor, minha tesão, minha dona, minha ídola, meu tudo, minha vida e, ai como eu chupei, como chupei tudo dela, até que ela, falando as coisas mais sublimes que pode ser ouvidas, gozou como uma loba divina uivando, gozou mais, suspirou com aqueles olhões que davam vontade de mergulhar e pediu para que roçássemos entrelaçadas até morrermos, e naturalmente que morremos um pouco. E depois continuamos a nos roçar e eu pedi que ela me desse a língua toda para eu enfiar na minha boca e, enquanto isso, que girasse a bunda para eu alisa-la, e ela passou a me chupar novamente, eu já sem folego e sem vontade de ser mais coisa nenhuma neste mundo, a não ser nós duas.

Quando falo nisso, fico um pouco – um pouco não, muito- excitada e me arrependo por não te-la perseguido o resto da vida. É claro que o negocio dela não era homem, era eu mesma. Podia não ser só eu mesma, mas eu fazia parte importante do negocio dela.

Os outros participantes certamente houve ou há, mas não podem ter tido melhores com ela na cama do que eu".


Extraído da Obra – A casa dos Budas Ditosos – Luxúria
Autor: João Ubaldo Ribeiro
Páginas: 137 e 138.




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