Pesquisar este blog

segunda-feira, fevereiro 03, 2014

Navalhadas Curtas: Eu sou o Demo..




Navalhadas Curtas: Eu sou o Demo...

Eu vinha voltando do Pássaro Azul, vinha a pé. Gosto de caminhar a noite...gosto de ser surpreendido a noite...uma puta, um assalto, sexo casual uma nota de vinte no chão. Mas nada disso aconteceu.

Voltei pela praça, a rua detrás de onde moro... e ali, as três e quarenta e sete da matina... tava um cara no meio da praça... velas acesas, uma capa negra, mão erguidas... balbuciando uma cantoria estranha.
Cocei os olhos, pensei que estava vendo coisas...ando bebendo demais. Um bom vicio. Foda-se.

Eu ia passar direto... mas como uma irresistível vontade de saber qual era aquela historia... ele não parecia um macumbeiro tradicional! Eu deveria ter ido embora mesmo. Fui até o cara. Que eu tinha a perder?
Quando estava a uns três metros dele... ele se vira de-repente pra mim:

-Tu és o demônio? És tu o enviado que solicitei? Belzebu me atendeu finalmente...és tu né?

Pensei comigo: puta merda, este cara deve conhecer as minhas ex-mulheres, namoradas, ficantes...etc... todas diziam unamimente que era um diabo. Bingo.

-Claro – respondeu eu, agora assumindo a postura do diabo. Braços cruzados, tipo Mister M e olhando fixo pra ele. Dei uma de ator, fazia tempo que não atuava.
O cara arregala os olhos...

-Diga filho, o que você quer...
-O senhor poderia matar a minha mulher? Quero que ela morra de alguma doença.

Bingo.

-Há,há,há, claro meu filho...mas a paga? Hein...O demônio não trabalha de graça... (usei minha voz grave)
-O que o senhor quiser... cabritos? Uma vaca? O sangue de um terneiro novo...

Aquilo era uma tremenda loucura... mas a loucura dos outros pode me ajudar.

-Sim...um cabrito... e umas notas de cem reais...
-Claro claro... aqui eu tenho apenas duas notas de cem...
-Deixa no chão...e vai embora, ela vai morrer... certamente ela vai morrer.
-Sim... obrigado...muito obrigado Sr...ela não presta, que morra desgraçada.

Ele larga as notas de cem, e vai saindo...deixando tudo pra trás. Eu mantive minha pose de demônio. Afinal de contas eu não menti... ela vai morrer, não vai? Quem não vai?

O cara foi embora, catei as notas de cem, e fui até o posto frente a minha casa... e tomei uma gelada.
Salve Belzebu.



Luís Fabiano.

Nenhum comentário: