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segunda-feira, dezembro 23, 2013

Rei das Bucetas - The End


Rei das Bucetas, látex, um cão furioso e Rebeca Sharon

The End.

O telefone celular tocando em uma madrugada é o anuncio prévio que o demônio estra trabalhando. Como se o sino de um catedral tocasse na madrugada...isso não deve acontecer. Deixo tocar aquela merda algumas vezes... tenho esperança que o diabo do outro lado da linha desista... as vezes desistem. Então ele para de tocar. Sinto um alivio. É assim. Então volta a tocar da mesma forma. Me recomponho...e pego o telefone e vejo o número... é Rebeca Sharon, uma amiga, atendo:

-Fala Rebeca... porra... deve ser algo do cão...
-Fabiano? Fabianooooo chega aqui cara querem me matar...o cara ta louco...chega aqui Fabiano...urgente.

Pensei: porque eu? Deus do céu... que merda...

-O Rebeca... calma ai... que houve porra?
-O cara ta louco...chapado...insano...quer me matar... do aqui na casa da praia Fabiano...vem aqui...
-Rebeca... tu tens tantos machos... por que eu?
-Fabiano...o cara ta quebrando a casa...

Rebeca é frequentadora de um outro bar que faço uso...é uma transex linda, loira e peituda, é uma pessoa legal... gosto dela, mas nada passou disso. Dei algumas caronas pra ela...quando vinha de algum puteiro... ela gosta de beber, cheirar e chupar pau. E agora estava nervosa no telefone...malditas encrencas parecem me acompanhar. É inevitável. Isso é viver.

-Ok Rebeca...ta tranquilo, já chego ai em minutos... mas seguinte vai tentando falar com cara pela porta...(eu ouvia estouros de tijolos no telhado...na porta, que teria acontecido naquela linda história de amor?)... relaxa.

Desligo o fone e me visto rápido, Zuleica queria fuder mais... mas agora não seria possível. Fiquei meio nervoso com a situação, amigos precisam de ajuda as vezes. Nervoso e meio bêbado, péssima mistura. Não sou bom de briga, não ando armado, não pretendia usar violência e não queria morrer...mas as vezes dá pra mediar a coisa toda. As vezes as pessoas se satisfazem com um pouco de violência apenas. Ele me dá uns socos... fica indignado e vai embora me chamando de merda. Beleza. Tudo resolvido.

-Fabiano tu vais voltar aqui? Comer meu cuzinho Fabiano – diz Zuleica.
-Não vai dar Zu... quer dizer não sei... se eu sobreviver...eu volto...
-Fabiano...eu não te entendo cara... podias ficar longe de tudo isso... mas..
-A vida não é fácil Zu...e eu não sou um babaca.
-Sei, tu é trouxa mesmo... mas gosta de fuder

Senti um pouco de raiva dela. Mas foda-se. Uma buceta é uma buceta, e por vezes o que temos é isso, um imenso nada coagulado em uma noite alcoólica. Não exijo demais da vida, jamais farei isso. Quero viver um minuto por vez, tomando meu rum, comendo algumas bucetas e tentando fazer o que gosto de fazer, brinca de viver, brincar de morrer e alguns tragos de arte.

Pego o kadett, dou a partida em direção ao Laranjal. O Laranjal não me traz boas recordações, muitos pensamentos ambíguos, penso em limite que já estive exposto, lembro de um desejo sanguinário que não chegou a se concretizar. Você sabe que em certos momentos da vida, não se tem nada mais a perder...ai as coisas podem se tornar perigosas. Estive neste momento, mas por um motivo que não sei exatamente por que eu não fiz nada.

A estrada do Laranjal madrugada, as luzes eram riscos densos desenhados nos postes...me sentia bem e não tinha um plano de voo. Que eu iria fazer lá? E se o cara tivesse dois metros de altura? Ou se tivesse afim de matar mesmo? Que porra teria acontecido? O trem estava andando e sou um maldito passageiro atrasado a espera de uma recompensa. Merda...merda...merda.

E você leitor não vai fazer nada pra me ajudar? Nada né. Você gosta desta merda toda, você não está na minha pele. Não ta vendo a merda toda. Você espera o final dessa porra...um final que talvez console? O final que consola é a cura. As vezes em mim não existe cura...e portanto não haverá consolo. Eu me fodo...você se fode também. Tu és meu cumplice...

Passo o primeiro trevo do Laranjal e dobro a direita dobro a esquerda na segunda rua...e ando um pouco mais...e lá estava a casa de Rebeca Sharon...luzes apagadas e um cara magro gritando fora de casa. Os vizinhos não reclamaram? Acho que não gostam das festinhas de Rebeca Sharon sempre tem muita bebida. Encostei o carro e comecei a minha atuação:

-Mas que porra é essa que ta acontecendo aqui? Quem é o senhor? Que merda é essa? O senhor quer ir preso é?

O cara virou pra mim e ficou me olhando talvez avaliando a minha autoridade. Era hora de mostrar que eu era da lei...um oficial...

-Recebi uma denúncia, que é? O senhor ta achando que não?Ta achando que eu to de comédia...  o senhor pode me explicar o que ta havendo aqui?

La dentro da casa... Rebeca gritava:

-Filho da puta... viadinho de merdaaaaaaa...seu porraaaaa... tu vais ver quando ele chegar caraaaa ele vai comer a tu cu com arame farpado e caco de vidro cara....há,há,há

Ela tava maluca... ria feito uma pomba gira desnorteada. Deus...
Por fim o cara me levou a sério...e baixou a bola. Então chegou perto do kadett:

-É que na verdade senhor, eu sou apaixonado por essa mulher...e tivemos uma discussão e agora ela não me quer mais?
- Entendo senhor, mas como a coisa foi ficar violenta desta forma no meio deste amor? Quero saber se o senhor vai cooperar...
-Não é que...essa mulher me deixa louco...ela me traiu...e agora não me deixa entrar...eu amo ela...

O amor as vezes, é uma doença tão daninha como um câncer. Os seres humanos lidam pessimamente como as emoções. Se deixam levar totalmente pela emoção, e a emoção assim é uma merda...ela vai te arrastar para uma subcondição. Foda-se amor.

-Tudo bem senhor, então quero saber se o senhor vai ir embora por agora? Uma vez que a moça não quer conversar, creio que não seja um bom momento. Da um tempo pra ela...na pressão vai ser difícil de lidar...

Agora éramos amigos. Será que ele sabia que a Rebeca era uma transex? Não vejo nenhum problema nisso. As coisas voltaram a ficar em silencio. O cara devia ta chapado mesmo...porque acreditou em mim... como a lei?  Acho que minha atuação esta ficando cada vez mais convincente.
Fiquei conversando com ele um pouco mais. Rebeca ainda gritava lá de dentro. Parecia estar cheirada, como um louca queria terminar de incendiar a coisa toda. No fim  foi mais fácil de lidar com isso que eu imaginava.

-Cornooooo, broxa viadinho da porra...quis comer o meu cu...e essa merda não ficou dura né? Seu porraaaaa...vem aqui que eu te como seu porraaa...

Olhei pro cara, ele sorriu meio amarelo.

-A moça é sempre deselegante assim?

-É...ela muito temperamental sabe...e acho que bebeu um pouco.
-Ok senhor...então agora peço a senhor que se retire...

Ele aperta minha mão e vai embora, a pé. Entro do carro e respiro fundo. A vida é menos pesadelo e mais bonança...as vezes. Tenho sede. Ninguém morreu. Barbada, talvez até voltasse para comer o cu de Zuleica.
Fui até a porta de Rebeca Sharon. Bati levemente dizendo que era eu  -ela abre.

-Porra Rebeca... que merda é essa?
-Fabiano...desculpa. É que ele tava louco mesmo...eu sou mulher 

Fabiano...frágil..tu sabes...eu é o cara que anda por ai...

-Não sou segurança Rebeca... mas tá foda-se a humanidade. To cansado...
-Quer dormir comigo amor?
-Não é pra tanto né... tem bebidas nessa casa?
-Tem.

Ela estava de vestido justo preto, havia feito a cirurgia a algum tempo... ideia brilhavam na minha mente. Mas não... lembrei do cu de Zuleica, um bom cu... grande, bem aberto de pregas distendidas...

O whisky veio. Uma dose boa... agora seria o que romance? Boquete? Amor e obrigado meu herói. Madrugada maldita. Aquilo foi pá de cal. Bebi aquela merda e o sofá me pareceu confortável demais...adormeci.
Acordo meio dia, dormi com a roupa do corpo, o sofá tava bacana, dor de cabeça e algum cansaço. Vejo Rebeca Sharon sem maquiagem em uma manhã infernal.  A vida não é como a novela e a realidade despida é foda. A vida não é adereços e acessórios. Levantei e senti cheiro de café... sentei a mesa:

-Não vai lavar o rosto não?
-Bom dia... não gosto de lavar o rosto.

Tomo o café...me sentia vazio....neste período do ano me sento assim. As pessoas parecem serem feitas de plástico. Pensava em voltar para casa...mas voltaria para que? Não queria pensar nisso. Rebeca querendo bancar a esposa...queria me agradar...mas preciso ir, preciso voltar.

Luís Fabiano.

The End.



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