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sexta-feira, setembro 20, 2013

Valadão, Monica e uma confissão



Valadão, Monica e uma confissão.
  
Existem histórias que me contam, que custo muito a crer. Mas a raça humana pode absolutamente tudo. Muitas vezes não é bonito, mas o trágico é plataforma de voo de nossa beleza.

Se você ouviu falar em algo, é porque existe, tenha certeza disso. Por vezes não queremos crer, talvez para não nos sentirmos tão merdas assim... na real que não estamos no topo da cadeia alimentar. Embora nosso ego acaricie a possibilidade  Porras.

Tenho amigos e parcerias que não por demais perturbados. Carregam problemas a flor da pele... e eu prefiro eles ao invés dos outros, que mentem para si mesmos que tudo esta bem...ok. Faça sua escolha. E na teia tecida por você mesmo... seja a aranha e o mosquito, seja o visgo de ingenuidade restante... como raspas da parede... tinta velha, tinta nova...e você, aquilo que habita debaixo da pele.

Conheci Valadão em tempos idos. Bom sujeito, cara justo, trabalhador, apaixonado por Monica. Yes baby, história boa pra caralho. Eles eram o exemplo bacana de uma coisa profunda entre homem e mulher. Creio que dai as muitas vezes que casei, foi pensando que talvez, pudesse ter uma vida assim. Mas não. Não foi assim comigo. Tem coisas que não são para nós. 

Aquilo era bom no inicio, e eu minha instabilidade e elas e suas inseguranças ou sacanagens... fodiam tudo. E lá se ia ralo abaixo, como a porra de uma punheta ou menstruação ou...

Parece que o Criador não curte muito paraísos perfeitos. Ele dá as cartas e diz: vá lá, mas não se sinta tentado... ok se sentir tentado... não abuse...mas se abusar...tente se arrepender depois, e se você não se arrepender, ok baby, vai para o inferno eternamente e beleza. Você já era. E aí tu fica nessa, cheio de culpas, cheio de dores e cheio de vontades.

Valadão era foda... é isso aí, era. E por estas fatalidades existências, na porra de um acidente de carro...velocidade, caminhão, curvas e desastre... não gosto de lembrar. Valadão ficou quase um mês entre a vida e a morte. A mulher dele sobreviveu...quase sem um arranhão. Amor por vezes é isso também... Ele desviou o lado dela, praticamente se sacrificou para que ela...vivesse bem e feliz. Puta merda... será que eu já fiz isso por alguém em minha vida? Não lembro, não sei.

Acasos que a vida nos propõe, e a coragem brota porque aquilo que sentimos, é mais forte que tudo... e talvez mesmo, mais forte que a própria vida.
Agora Valadão tá fudido, esta numa cadeira de rodas...é tetraplégico, mexe apenas o pescoço pra cima... diversos problemas funcionais no organismo. O Cérebro intacto, problema estomacais, problemas respiratórios e a porra toda. Então fui visitar Valadão. Ele conhece o Fio da Navalha, falamos por e-mail, disse que curtia a coisa toda... e me perguntou se eu faria uma entrevista com ele...

-Não sei Valadão... vai dizer o que na entrevista?
-Poderia falar das condições de saúde de hoje... o quanto é difícil pra mim...
-Valadão não vai dar... cara tu tens grana... tens atendimento particular... ta ligado?
-É tens razão...bom história eu tenho pra contar...

Nisso passa Monica, com um vestidinho colado, uma bunda capaz de fazer o Cristo Redentor olhar para o lado...mas que fazer?  É claro que o Valadão notou meus olhos. Puta merda aquela mulher tão fresca... linda, gostosa, cheirosa não tinha como não pensar na xoxota dela... e será que eles trepavam? Como seria? Eu o bizarro explorando as doenças... é uma questão de apreciação...somos todos doentes, a única diferença que alguns nós podemos ver ao olho nu... então olho para Valadão:

-Qual é Fabiano... tais olhando pro rabo da Monica ?
-Desculpe Valadão...é que...
-Não precisa dizer nada não... cara é normal... eu não canso de olhar também...

Eu pensei... porra que Valadão poderia fazer quanto a mim? Levantar? Atirar uma faca...uma bala... no, no, no ele poderia chamar Monica, e fazer passar uma vergonha mas não.

-Fabiano... tenho algo pra te contar então cara...  já que tu gostas destas bizarrices... mas na próxima vida eu teu mato...ok
-Tudo bem Valadão...mas entra na fila cara... tem muita gente na tua frente...
-Tu não presta Fabiano...
-Quem presta inteiramente?? Todo o ser humano tem um lado filho da puta...as vezes mais de um...é uma questão de procurar bem.
-Ok cara... tu sabes das coisas.
Então Valadão, que estava encostado em uma cadeira apropriada, para o seu conforto... chama a Monica.
-Monicaaaa  chega aí...

Monica vem suave, não caminhava fazia um desfile...os lábios bem vermelhos, cara de meiga, caminhar de puta, bote de serpente? Fiquei na minha... que merda viria por ai? Pensei...o porra do Valadão vai falar pra ela... que eu achei ela gostosa... se alguém diz que minha mulher é gostosa... bem eu vou concordar e nunca ficar ofendido. É verdade pô!

Então ela chega e senta-se ao lado de Valadão, cruza as pernas, e aguarda silenciosa. Valadão engrossa a voz e diz:

-Conta pra ele Monica... conta a verdade toda...

Ela fica olhando silenciosa... e aquele silencio era ensurdecedor, diria o bom Nelson Rodrigues. Havia um certo constrangimento em seu semblante. Putas envergonhadas são lindas, Marylin Monroe safada, abrindo as pernas diante do eterno, fudendo com a existência...com a descrição suave de uma luva de pelica, tanta discrição é fantástico. Quatro paredes encerram e abrem a liberdade, porem fora delas...somos castrados... somos o pendulo dilacerante dos dias.

Continua...

Luis Fabiano. 


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