Pesquisar este blog

segunda-feira, maio 20, 2013

fodas de porra alguma...



Assalto, Ressaca e os fodas de porra alguma... 

Estávamos eu, Maciel, Rogério, Júlio e Alan. O maldito túnel estava muito  escuro, vestíamos preto... e nos arrastávamos por aquele buraco... Mas essa a vida, tentando fugir da lama, você precisa se arrastar um pouco por ai... 

Quanto maior o risco, maior o lucro... É assim com tudo... Você que fica na tangente, de fazer algo simples... Sem riscos... na linha dos medos possíveis, foda-se, você nunca vai fazer nada realmente relevante... Mesmo serve para abrir uma lata de sardinhas... É preciso arriscar, se arriscar. Diz Rogério:

-Silencio porra... Agora estamos quase chegando lá... Sem vacilação pessoal... Hein... Sem vacilo... Porra!

Todos concordamos em silencio cúmplice  Diante de mim uma placa negra, bem aparafusada, mas eu estava com o equipamento em cima. Fiz com jeito e a placa pesada foi se soltando. Júlio sorria com plena convicção, era isso... Grana... Caralho, grana... talvez Júlio estivesse rindo de nervoso? Não... acho que não Júlio...é frio.

Tenho um temperamento gelado... Aquilo era um erro imenso... Mas todos sabíamos...  Estávamos ali pela grana... grana brohter. Entre culpados não existe inocência, Alan estava assustado... Começou a questionar:

-Cara... E se nos pegam? Hein? Que merda vai dar isso? Não quero ir pras grade meu...

Maciel sorriu um riso nervoso talvez:

-Nada não meu... Se a gente cair... Vai cair todo mundo... Tendeu? E vai ser lindo.. ai´...

Eu:

-É isso... Se cairmos todos estamos fudidos... Então foda-se, vamos fazer isso bem feito... e desaparecer daqui...

Abri a placa de boa, o Rogério foi o primeiro a entrar... Acendeu a luz... e puta merda... Era o lugar certo, havíamos acertado a sorte grande. A sala da grana agora era nossa, era pegar só as notas de cem... Você já sentiu o cheiro de uma quantidade grande de dinheiro? Porra é bom pra caralho...
Júlio não conseguiu esconder os dentes:

-“Tamo” feito... Acabou a miséria...

Maciel:

-Porra...  E agora, que nos vamos produzir com esta grana toda hein? Vão ter que nos engolir... hein...

Rogério:

-Nada de comemoração pessoal... Nada... Só se ganha... Quando sairmos daqui lisos... O pessoal do banco pode chegar a qualquer momento... Então pressa porra... Pressa...

Que merda... Eu fiquei em duvida ai... Quem era o Diretor?...
O Alan... estava muito preocupado, mas colocava a grana nas sacolas...eu tinha certeza que tudo ia dar certo. Já estávamos ali... A uns sete minutos... Então do nada a porra do alarme disparou...
Respirei fundo... Já senti o gosto das grades na boca... Rogério aos gritos:

-Bora, bora... bora...bora...porra...bora...porra...

Juntamos o que pudemos, entramos no túnel novamente... Agora éramos lesmas turbinadas nos arrastando no óleo quente... Conseguiríamos?
Nunca se tem todas as respostas. Nem pretendo tê-las... Quem pensa que tem... Não passa de um idiota. Os segundos converteram-se em horas, em nossa consciência. Mas eram segundos...

Por fim conseguimos sair do túnel... E agora olhávamos por um bueiro, nada de viaturas, policia ou coisa parecia.
Sacos de lixo cheio de dinheiro. Havíamos fudido o banco. Quando saímos do bueiro, saímos andando até o carro... Entramos no carro, e então arrancamos, sem pressa, sem culpa. Então quer dizer... Que é possível vencer o sistema?
Claro que é... E a vitória é de quem vence o sistema...  Se você vence... Você tem méritos para não ir preso ou ser punido...

Os pensamentos eram uma torrente... Quando... Uma viatura bate em nosso carro... No virando de ponta cabeça... Um estrondo próximo da morte... Puta que pariu... olhei para o pessoal... Estava todo mundo inteiro... Sangrando um pouco aqui e ali... Maciel o motora... Estava machucado... Saímos do carro... Arrastando-nos novamente... Os caros da viatura também estavam machucados que se fodam... ao que parece era um acidente totalmente ocasional... Que merda...

Fomos saindo... O dinheiro meio espalhado na rua... Então na esquina... outro carro de policia... Armas apontadas desta vez... todo mundo no chão! Devagar caralho...

Meu coração dispara... A ultima coisa que escutei: tá todo mundo fudido hein!!! A casa caiu seu bando de filho da puta... Se fuderam...
Abro os olhos em sobressalto. Estou em uma cama. Puta merda era um sonho... ou melhor um pesadelo...beleza. Estávamos a salvo, todo mundo eu acho.

Gosto de acordar de ressaca. Cabeça pesada, o corpo lento a vida arrastada. Instantes fantásticos em que você mandaria qualquer pessoa desta humanidade, a puta que pariu sem hesitar.
É liberdade?

Talvez... Existe uma liberdade que é conferida aos doentes, aos terminais, aos loucos... Uma liberdade cheia de consentimento, como um respeito devido a agonia alheia...  Você já olhou nos olhos de alguém em estado terminal? Faça o teste... É uma experiência relevante. Respiração difícil, olhar semifechado, um brilho lento que se termina... Ual ...realmente não é bonito.
Eu estava bem...tinha dormido naquela cama desconhecida... Cama desconhecida? Mais uma.

Puta merda... Bebidas, boa noite cinderela, ressaca e quem era a vadia que estava ao meu lado? Tive medo de tocar nela... Ela roncava forte, uma porca leitosa... Eu trepei com ela? Quem era? Como era? E que lugar era aquele? Inúmeras perguntas e nenhuma resposta. Eu preciso parar com isso. Tive medo de toca-la e de-repente encontrar ali quem sabe uma ereção? Não... beleza... Toquei sem olhar mesmo, e ali estava uma bucetinha... Bucetinha não, nada de eufemismos... Aquilo era um bucetão imenso. Graças a Deus.

Ela parecia esta muito drogada, bêbada... Ótimo não iria acordar tão fácil... mas quem era ela mesmo? Não interessa... Eu a conheci no bar... Ela estava no cio... eu também... Muitas bebidas depois e o resultado desta equação é sexo! Nada mais a esperar... alias, apenas que ela não acordasse agora. O quarto não estava muito iluminado, então eu não lembrava se ela era bonita, feia... mas se me conheço bem... Topei...

Fui levantando devagar... E havia um cheiro no ar que estava me incomodando... Um cheiro forte de mijo... Talvez mijo de gato?Humano?
Vou caminhando... Tropeço em um penico velho... Que vira não chão todo... derramando uma boa quantidade de xixi e coco... Jesus... Que pessoa era aquela que fazia suas necessidades em um penico ainda?? Existem criaturas mais doentes que eu por ai... Isso era um consolo.

Me visto e vou até o banheiro...  A casa esta muito zoada... O banheiro quebrado... Isso explica o penico... O vaso é apenas um cano aberto... Pra cima e sem o vaso... O espelho quebrado, a pia com umas calcinhas enormes de molho... Peguei uma das calcinhas... Por que eu fiz isso? Eram calçolas horríveis... Acho que nem minha vó as usaria...

Era melhor ir embora o mais rápido possível... Minhas roupas estavam sujas... Com um cheiro típico de sexo rasgado... Xoxota suja e um pouco de merda. Ela continuava roncando forte. Qual era o nome dela mesmo? Rita? Andria?Tereza? Sei lá. Fui saindo de fininho. Tudo certo. Seja como for, eu estava em uma vila. O Kadett completamente embarrado... Ainda estava ali me esperando. Ótimo.

Dei a partida... Fui embora. Por vezes é melhor você não saber das coisas em detalhes... A ignorância pode ser uma benção... Eu apenas queria e ir embora... O dia claro agora... ruas conhecidas, uma paz existencial advinda do esperado... Uma puta a mais, uma puta a menos... é isso... Vou sorvendo a vida lentamente... E amanha? Amanha a gente vê.

Nisso olho para o assoalho do carro, no lado do carona... Me assusto, paro o carro: que porra era essa?
Ali... Amassadas... Perdidas, jogadas três notas de cem reais... Três notas? De onde vieram? Achei que deveria dar uma olhada na mala do carro... Mas não agora... Agora não.


Luís Fabiano.


Nenhum comentário: