Pesquisar este blog

quarta-feira, fevereiro 20, 2013




Os olhos de Charles Manson

Ele entoa uma cantiga com laminas manchadas
Quando frascos feitos de ideias se destilam a noite infinda
Quando a pagina é virada outra vez, e outra vez
Quando o cuspe sela o pacto
E o ato mais cruel, que ecoa num horizonte como um por do sol
Flores da agonia, em veias de opressão
O limite que raspando os abismos

Ela tão doce, com o seu maternal olhar
Embalando o amor, como uma vela aberta a espera do vento
Caracóis sobrevivendo agarrando-se ao que podem
E nos exortamos, quando a palavra se afoga em nossa alma quase vulgar...
O medo...
A dor...
A merda...
O horror...
O amanha...
O ontem...
Somos frágeis como formigas, esculpidas em egos de catedral
Desconhecidos errantes, a procura de alguma paz
E todos terão uma solução...
Como a promessa da semente...

Mason tem o que a todos ausenta
A convicção sem fronteiras, o míssil certeiro pairando no deserto, como um beija-flor
A fé inabalável, como uma passarela de navalhas
Um rinoceronte em fúria, ardendo chamas
Como os teus piores silêncios, feitos de pura solidão
Quando o chão parece se abrir...
E nem Deus ou diabo parecem ligar...

Vi nos olhos de Manson, o que falta aos de bem...
Uma razão tão profunda, como as raízes da sequoia
Uma raiva tão visceral, como um milagre de um santo
Como a paz de um meditante, nos sonhos de uma quietude quase inumana
E por um instante...
Um piscar de olhos, me percebi do tamanho que sou
A engrenagem sistêmica de um caos delicado
A crueldade fiel, de esperanças simples
O sorriso fabricado para quem não ligamos

Luís Fabiano

Nenhum comentário: