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segunda-feira, outubro 01, 2012




Historia de Jussara do Bar – A Égua do tesão
Parte-1

Existem almas que nasceram para santidade, outras para o pecado original. E a grande maioria que todos fazemos parte, nasceram para porra nenhuma. Não somos nem santos, nem pecadores entregues plenos as paixões mais sacrílegas. Somos os mais ou menos alguma coisa.

De minha parte prefiro os que pecam muito. Estes têm mais historias pra contar, e às vezes tem final feliz. Que tem a dizer que é “bonzinho eterno”? Algo como: hoje eu fui bom, ajudei todos os meus semelhantes, só fiz o bem, pensei em Deus e estou feliz, com final feliz? Isso parece fácil demais. Mas também não perco tempo pensando nisso, fodam-se, cada um que lamba a sua própria pica, seja do bem ou do mal.

Tais derivações lancinantes, são como gritos no escuro acordaram minha entorpecida alma. Brindando as boas coisas da vida, o álcool, o sexo e aos pouquíssimos amigos. As péssimas companhias também, porque é graças ao inimigo, que nos tornamos mais fortes, firmes e decididos, ou morremos mais cedo.

Foi mais ou menos assim que as coisas começaram. Minhas conversas com o Rei das Bucetas e seu aprazível lugar noturno. Noites perdidas em um recanto do Navegantes, boa cachaça, pagode de mesa e mulheres intensas. Belezas diversas, cheiros fortes, que mesclam um pouco de sujeira, suor de um dia fudido de trabalho, banheiro pequeno, imundo, entupido e  cheiro de pobreza. Não tenham duvidas, a pobreza tem cheiro.

Gosto de lá, não sei bem por que... Mas como uma conexão errante da alma. O Inexplicável é benvindo em minha vida.
Quando vi Jussara pela primeira vez, não foi das coisas mais lindas de minha vida. Eu já a havia visto algumas vezes lá. Rei das Bucetas já a havia beijado na minha frente. Imaginei que fosse uma de suas mulheres. Quem sou, pra me meter com as mulheres do Rei? Neste dia em questão ela beijou o Rei, e com um olho aberto me olhou atravessado. Passou.

Então tornei a vê-la outro momento, parecia a visão do inferno. Brigava com outra mulher por um motivo que até hoje não sei. Não preciso dizer que ninguém interveio, o Rei com seu copo de cachaça sorria, o pagode andava e fiquei ali olhando, gemidos fortes, tapas estalavam, cabelos arrancados e arranhões. Uma luta digna de mãos nuas, roupas se deformando.

A oponente de Jussara era muito gorda, gestos lentos e um braço poderoso, que rasgou a roupa de Jussara, diante de uma plateia feliz, as tetas lindas dela surgiram como uma nascer do sol. A briga parou.
Jussara tapou os seios como pode, e saiu correndo ante as risada de todos, a mulher gorda sorria feliz e confiante, faltando dentes e se achando a mais foda do lado que cá desta galáxia. Fiquei com pena de Jussara. Mas a vida não é tão simples.

O rei percebeu e me disse tranquilo:
-Fique com pena não, Jussara é uma ferida incurável... Uma gangrena forte como uma vaca, um câncer que sempre volta...
-OK Rei, pegue leve, ela saiu daqui fudida...

Eu me esqueci de Jussara. Passados trinta e um minutos, ela voltou. Desta vez a gorda não teve chances, ela acertou a cabeça dela com um capacete que estava sobre a mesa, aquela mulher imensa caiu no chão meio atordoada, e Jussara aproveitou e deu uns bons socos nela e cuspiu no seu rosto varias vezes chamando-se de vadia... Pra finalizar arrancou a saia dela deixando a pobre coitada, ferida e meio nua com aquela calcinha rosa com um furo na bunda. Por fim levantou os braços e foi aplaudida por todos. Seu momento de celebridade.

O Rei a chamou com firmeza para mesa. Estava eufórica e feliz, como que drogada. Puta merda, a felicidade do ser humano é por vezes uma imbecilidade sem fim. Então pude perceber sua beleza meio negra, meio índia, meio portuguesa e algo espanhola. Isso, lábios grossos, uma cor de canela quase negra, cabelos em desalinho, olhos castanhos cor de mel, uma blusa sem sutiã (algo que gosto muito) num decote lindo, coxas grossas e estava de salto alto, um sapato bem usado... Mas estava bem. Olhei isso e não vi que ela me olhava nos olhos... E fez um risinho safado.

Por um breve instante todos ficamos em silencio ouvindo a batucada do pagode. O rei disse:
-Porra menina... Tem que parar com estas brigas aqui no meu estabelecimento... Pode beber, dançar e fuder... Mas brigar não é coisa de Deus...
-Desculpa Rei... Mas aquela gorda asquerosa tava implicando comigo há muito tempo... Ela teve o que mereceu... provocou, agora que se foda. Detesto gente grossa, um nojo...
-Tudo bem Jussara, tudo bem... Mas é a ultima vez. Tá dito!

Um generoso copo de cachaça veio. O Rei ofereceu a ela. Ela bebeu até a metade e na hora gostei do que vi. Sem fazer cara feia, sem gemer, tomou tranquila como se fizesse uma prece.

O Rei levantou dizendo que ia dançar um pouco e tratar de negócios depois. Ele havia entendido.
Sem perder tempo fiquei ali, ia dizer algo, mas Jussara me atropelou:
-Então gostoso... Qual é o teu nome?
-Fabiano... e tu Jussara, sempre feroz assim? Isso não faz bem pra saúde...
-Não meu amor, eu sou um doce... Tu queres ver? Mostro tudo pra ti...
-Claro que quero... Sempre...

Jussara feliz, Jussara bêbada, Jussara fácil como a vida deve ser. O vento traz o cheiro das rosas de graça... Que mais eu queria...
Ela veio até mim e me beijou intensamente, enfiando a língua nas minhas amídalas  sugando com força como que se quisesse estuprar minha boca. Foi o beijo! Vocês sabem como é, beijo ou é tudo ou é nada.

É preciso furor para viver a vida, amor, ódio, paixão algo tem que nos levar para frente, com vontade plena de viver... Quem vive porque vive esta tecnicamente morto. Se entregue ao que gosta, ao que ama e não exija nada de ninguém... Viva pelo sente, quem aprendeu isso esta imune as dores da vida. Não é pra dizer nada não, você sabe o que conta? É o que tu sente, só isso, as outras pessoas são o resto... Que podem fazer bem ou mal por algum tempo... Agora você terá sempre você mesmo, pelo resto da vida.

Depois que ela tirou a língua da minha boca, ambos estávamos babados, com um aquele cheiro que a saliva com desejo deixa, um misto de tesão, excitação e vontade de trepar com outro na hora.

Ela bebeu o resto da cachaça e começou a rebolar na minha frente. Sambava fazendo algo como a dança do ventre. Porra que mulher! Foi talhada pra explodir a mente de qualquer homem... Erguia um pouco a ponta as saia quase mostrando a calcinha pequena, e bebia mais cachaça. Ela me olhou nos olhos e disse:
-Fica quieto... Apenas olha bem... Olha tudinho, quero me mostrar pra ti...

E como uma cobra se contorcendo, ela ficou ali próxima a mim, vinha roçava a perna dela entre as minhas, baixava um pouco encaixando a xoxota no meu joelho...  Ela apenas estava se esquentando. Agora muito bêbada, parecia um entidade incorporada. O publico a ignorava, estavam acostumados aquele jeito raro de ser.

Ela é vulgar, grosseira e bonita, sabe disso e usa todas as suas armas fatais com autenticidade... Rindo alto e bêbedo muito...

Segue...

Luís Fabiano

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