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domingo, setembro 23, 2012




Rei das Bucetas – Carinho é uma mandíbula aberta

Parte-1

Por vezes é preciso recolher conselhos sábios, de alguém calejado, para que você possa fuder a sua vida lentamente. Isso, esse é o segredo, torne-se calejado no que faz. Seja vicio ou virtude... Bem ou mal, tome para si as melhores formas de fazer algo, mergulhe a fundo seja no que for, se entregue ate as ultimas consequências. Esse é o preço de quem quer ser algo relevante, do contrário você não passará de um “meia foda” ao amanhecer eterno.

Tenho feito isso minha vida inteira, tentar me desencanar de tudo, nunca quis ser absolutamente nada de relevante, sou um bom improvisador raspando cascas do destino e sendo feliz muitas vezes. E porra, quando funciona é foda.

Aquela noite eu me sentia bem. Precisava devorar algo, um tigre faminto não escolhe vitimas. Havia porem um detalhe que literalmente ferrava com minha vida. Talvez por beber demais agora esteja com uma gastrite filho da puta... Tava dando um tempo para me recuperar. Naturalmente isso é um perigo, porque quando voltar a beber... Tudo bem, uma coisa de cada vez. É tudo ou nada.

Da janela do quinto andar, a noite estava linda, como flores de neon refletindo em um asfalto molhado. Sorri confiante, noite perfeita para a putaria. Tenho muitas opções para escolher: Blue Bird, Bar do Sujeira, Bar do Rei das Bucetas. É esse, saudade de meu amigo Rei.

Antes de sair olhei para as garrafas de rum, intactas sobre a estante. Um olhar desafiante, as putas pareciam sorrir felizes de estarem virgens nuas diante de mim, ou será que choravam? Vai saber. Maldita tentação do caralho... Mas hoje seria agua mesmo. Ou mijo? Opa.

Peguei o carro liguei o radio, tocava uma musica new age destas instrumentais, meio chata. Lembrei-me do bom Celso Blues Boy... Quantas noites sai ouvindo-o. O Kadett deslizou lentamente como uma lesma de patins num mar de ranho...  Em minha cabeça, a merda das garrafas de rum gargalhando. Isso faz a gente se sentir meio morto, não poder fazer o que se gosta. Sempre penso que quando morrer, de que sentirei falta? Eu digo a vocês, sentirei falta da noite e da alta madrugada, o brilho das estrelas, o torpor alcoólico e as fodas maravilhosas que a vida me presenteou. Opa, presenteou o caralho, fui eu que estava ali, foi eu quem suou... Ri sozinho.

A uma e dezenove da manha, o bar do Rei tinha um povo quando cheguei, o pagode de mesa rolando alto, casais felizes dançavam um bom bate coxa. Estacionei o Kadett junto a bicicletas e carroças e uns caras fumando maconha.

Desci e alguns velhos conhecidos me cumprimentavam. Um deles o Jurandir:
-Fabiano? Porra cara por onde tens andado? O chefe tem perguntado seguido por ti... E nada... Aqui ninguém sabe nada de ti... Tu és um fantasma...
-Vida movimentada cara... Sabes como é, tem dias que a noite é foda...
-Que isso cara, a vida é boa... é beber e trepar... A vida é isso. Ou não... Às vezes é sonho também...

Jurandir é um catador de coisas da rua, tá sempre meio sujo e fedendo a lixo, mas tem umas tiradas interessantes. É o que sempre digo, todos temos algo a dizer, mas raramente fazemos, raramente prestamos atenção no outro, fico atento, pois tudo fala mesmo quando silencia.
-Tem razão Juranda...  Vamos ver o que dá...
-Jussara tá com saudade de ti... Não tem um único dia que ela não pergunta, há, há, há a buceta é apaixonada por ti cara... Qual é? Tais querendo vivar o príncipe das bucetas?
-Nada de realeza Juranda... o Rei só existe um tu sabes...
-O chefe?
-Isso aí...

Nisso a Tereza, veio até ele e pegou pela cintura. Tereza é uma mulher interessante. Uma falsa loira de cabelos mal tingido e muito gorda. Muito conhecida pelos seus dotes anais. Juranda havia me dito que ela era capaz de espremer o pau com o cu, que seu cu fazia massagem no pau apertando de dentro pra fora como que ordenha um cavalo.

Nunca sai com ela... Ela me achava perfumado demais, fazia parte do seu gosto. Mas confesso que ela tem estilo, usa uma minissaia e fio dental meio encardido... Certamente eu sairia com ela. Diz Tereza pra Jurandir:
-Vamu meu negão... Vamu fazê gostoso... Eu tenho que ordenhar esse pau de leite aí...

Cai na gargalhada. Isso que chamo de chegada. Ela tinha atitude, coisa que falta na grande maioria das pessoas que conheço. É tanto recate que da vontade de vomitar. Ás vezes vomito mesmo, bato a porta e simplesmente saio. Sou um bicho talvez, e me orgulho de minha brutalidade, espero sinceramente ficar pior.

Jurandir se foi, e no fundo do bar sentado com Jussara no colo, estava o Rei das Bucetas. Um clássico. Vestindo branco, calça, sapato, camisa e um chapéu que repousava sobre a mesa. Esse cara é uma aparição. Ter estilo é tudo. Você pode cagar tendo estilo que vira arte, você pode beijar com estilo, abrir uma lata de sardinha com estilo, tudo isso vira arte.

Jussara parecia uma Monalisa negra sentada na perna de Rei. O pessoal do pagode caprichava num Raça Negra. Me aproximo da mesa do Rei, e ele me aponta uma cadeira vazia:

-Porra guri... Achei que tinhas morrido... Por ande andas? Jussara aqui tem ate chorado de saudade...
-Qual é Rei? Sabe como eu sou, minha presença é inconstante como tudo que me cerca, um trapézio em chamas, e estou sempre na corda bamba...
-Filho, filho filosofia barata pra cima do Rei?(rindo), o coração de uma mulher é um templo, machucar isso é estuprar um santo no altar durante a missa!

A cachaça pura no copo veio. Um copo de massa de tomate grande cheio até em cima... Cristalino como agua ou veneno.
-Rei, não posso beber... Meu estomago ta fudido...
-É? Sei como é... Um tempo as vezes é bom... Das duas uma filho, ou ficas pior ou melhoras... vai beber pouco ou beber tudo... Ate a ultima gota.

Levantou o copo derrubou um pouquinho pro santo, dizendo: Salve Seu Zé Pilintra e os Chefes da encruzilhadas...
Fiquei olhando ele beber meio copo de cachaça e beijar depois a boca de Jussara, que sorria tranquila, com uma blusa branca sem sutiã, bicos das tetas enormes e duros e uma saia meio puída....

Segue...

Luís Fabiano.


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