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segunda-feira, setembro 24, 2012



Cúmplice de crime algum

Ela realmente estava revoltada
Uma manha ingrata de sombras ressecadas
Um cabide abandonado no guarda roupa
Normalmente não dou atenção ao que pessoas falam...
Todos falam demais e fazem muito pouco
São merdas que jamais ressecam

Sou o que sou vocês sabem
Um frasco de veneno pela metade
Seja como for ela estava de cara comigo
Tinha jeito de quem falava sério
E eu segui bebendo enquanto lia o salmo vinte e três

Até que o coelho saiu da cartola
E ouvi o clic do revolver engatilhando na minha cabeça...
Pensei: só faltava essa agora, morrer porque uma maluca ficou com ciúmes
Já haviam me apontado quase tudo, facas, canivetes, sapatos e garrafas...
Geralmente comigo, é tudo ou nada
Sugeri que ela atirasse, mas alertei que isso não terminava com o problema
Disse: Baby, as outras sempre existirão aqui, no céu ou no inferno...
Agora atira puta...

A mão dela tremia e eu estava com bíblia na mão
Me preparei para o pior... E o pior não veio
É preciso culhão para apertar um gatilho...
Ela não me fez o favor...
Voltou pra cozinha e abandou a arma
De longe eu ouvia o seu choro junto com a torneira da pia aberta...
Era como regar uma planta morta
Já havíamos acabado há muito tempo

Raspávamos a insanidade de cada dia
Como quem cava desesperado no deserto...
A procura de um pingo de amor...
Para matar a sede da alma
Ela enlouquecera e eu não batia bem
Eu tinha feito muitas cagadas... mas ela também.
Jogo empatado...
Foda-se.

Luís Fabiano.


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