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domingo, fevereiro 12, 2012

Navalhadas Curtas: Brilho falso na noite

Gosto de estrelas, gosto desta breve sensação que a noite não esta tão densa. Encontrava-me com alguns amigos de copo, bebendo e saboreando uma carne inocente. A porra do meu telefone brilha chamando com sua falsa luz, evocando o achaque dos bêbados de plantão.

Um numero desconhecido depois da meia noite, é merda na certa, já sei. Atendo com profunda má vontade:

-Sim...
-Fabiano?
-Não, é o pato Donald... e você quem é... Minnie?
-Fabiano... calma...é a Vera... a tua ex...tá lembrado??

A voz dela havia se tornado uma borrasca de choro, ranho e fungadas asquerosas... eu faço as contas... já havia se passado anos... ela ainda chorava,por que??

-Porra Vera... que foi desta vez?
-Gostaria de transar contigo hoje, agora se possivel... vem aqui... quero muito dá pra ti...quero um abraço...um carinho...

Eu estava bêbado... aquilo me irritou. Ela havia esquecido os motivos de nossa separação... e agora queria uma piroca gratuita. Nada é gratuito na vida. Se eu estivesse em uma ilha deserta, com chimpanzés e ela... eu olharia com carinho para as chimpanzés...

-Vera vá trepar sozinha... use a imaginação....

O Coro dos bebuns gargalhava ao fundo... querendo pegar o telefone... e se oferendo para comê-la...

-Cara como tu consegues ser assim? Bom para algumas pessoas e mau para outras... ( chorava como uma criança...) quando tu queres tu és um cara legal...
-Anos de prática... anos sendo um Tigre... anos me fudendo... siga assim... tu aprendes um dia...

Houve um silencio na linha, talvez meditativo... talvez a merda descendo pela garganta... talvez emoções sendo afogadas.

-E se eu morrer?
-Todos vão... mas se acontecer... mande um abraço pro Wando...

Ela desliga.
Cada dia entendo menos as pessoas.

Luís Fabiano.

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