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sexta-feira, janeiro 20, 2012



Flor Molhada

Ela flui suavemente escorregando em segredo
Toda aquela seiva perfumada
Um clamor silencioso do querer, orvalhando lhe as pétalas rosadas
Num visgo gelatinoso do desejo
Alcançando-nos a alma em torrentes
Do impensado
O arco-íris sem querer

Nada pode ser melhor
A recriação da vida
A música dos gemidos, sussurros e uivos
Agarrados pela noite adentro
Na orgia celeste das estrelas com os anjos
Ela me mastiga lentamente em sua intimidade
Como e sou engolido
No sacrifício que devora e é devorado

Sou o regador da flor
O jardineiro da consumação em orbita
Onde culminam sêmen e alma
Na teia da mente, estreitada as glândulas em disparada
Afago-lhe as pétalas
Futuco-lhe as entranhas na sutileza do amanhecer
E a linfa escorre para as fendas mais profundas
O esconderijo e morredouro dos desejos ocultos
Virginais da brutalidade dilacerante
Molhando, acarinhando, enlouquecendo e delirando

Despertando o ontem nas dobras do hoje
O botão de sua rosa se abre a primeira vez
E dela nascem desejo, beleza e paz
O clamor silencioso rasga o silencio
E desespero e alegria
Amalgamam-se no brilho da retina.

Luís Fabiano.


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