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terça-feira, julho 26, 2011


Língua de guindaste, alma de cadela 

Por onde andas?
Como um radar tento captar no nada
Mas o silencio cala mais fundo que o silencio
Felpas magnéticas da saudade ficando a alma
Saudade?
Não sei... não é
Talvez a sede do teu corpo bom
Se diluindo em mim babada
Penso melhor...
Lembro-me da tua voz enfadonha, modorrenta vomitando futilidades
Hoje prefiro outra voz
Mais um gole de rum
E como um xamã alado do inferno
Tudo fica mais claro
É a tua boca
Isso
Tua boca voraz querendo tragar minha alma pelo pau
A melhor de tuas qualidades
Mestra de todas as pirocas românticas do planeta
Mas o humano se confunde
Entre as vagas do querer
E a desértica realidade
Havia tanta ternura naquela boca de algodão, lábios e a língua vigorosa
Ternura demais parece amor
O cheiro constante de outras porras
As lésbicas a amam também
Era capaz de ordenhar um cavalo com a mesma serenidade
Com aquele sorriso e olhos que se reviraram nas orbitas
Gostava de suas calcinhas beges broxantes
A detestava quando falava
Falava como uma puta rameira
Deus nunca dá um dom completo
O beijo e a desgraça andam abraçados
Um dia desapareceu
Sem adeus ou dramas
Acho que cansou de chupar
Imagino que deva ter se convertido aos desejos formais da vida
Virou uma mulher comum
O anseio supremo da felicidade de todas.

Luís Fabiano

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