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terça-feira, julho 19, 2011



Calmo muito Calmo

Tudo calmo
Dentes entram na jugular
A procura da vida
O alimento
É tranquilo
Quando a lâmina sedenta procura o coração
O pulso, a vida
Tudo silencioso quando a raiva espuma em ti
E o que desejamos fenece nas folhas secas
Tudo tão irremediavelmente imutável
Fotos do destino
Congelando a vida
Enquanto a saudade é viva carcomendo o ontem
Deliciando-se com nossos fantasmas
Ecos
Mas tudo muito calmo
As correntes frias passam pelo teu pescoço
Sem que fervam os nervos
Sem sirenes de urgência
Sem emergência
Vamos sendo enterrados pelas areias do deserto
Dia após dia devagar
Enquanto nossas mesquinharias dançam tango
Futilidade reza para que tudo de certo no final
Os dentes entrando mais fundo
Quer atingir a alma
As bolas
O útero
O ferro em brasa afundando na carne tenra
Sem desespero
Sem anestesia
Sorrimos como uns loucos
Os disfarces de tudo
Enquanto a verdade caga sobre nosso rosto
Tentamos engolir um pouquinho da merda
Tudo calmo, muito calmo
La fora
A neblina das esperanças
Lagrimas dos céus
Noite a procura do dia
E ambulâncias que berram distantes
Longe e muito longe de nós
Ainda bem
Mas calmo
Tudo muito calmo.

Luís Fabiano

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