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quinta-feira, julho 28, 2011


Besta

Gosto do olhar bestial
Os olhos ternos do santo
O breu abissal e denso dos olhos apagados
A indiferença nauseabunda dos olhos comuns
De todos
O bestial é o que grita
Raro
O que mais vejo por ai
São aqueles olhares sem chama ou sombra
Triviais lampejos da indiferença inescapável
Verdadeiramente não se importam com nada
Prefiro os outros
Sórdidos
Frios
Maus
Bons
Quentes
Ao invés do nada bradando silêncios corrosivos
Vi este olhar no assassino apaixonado
E na mulher que recém pariu
Olhos do insano eivado de loucura
Vi este olhar no amor quase puro
No ódio mais sagaz
Eu vi
Ando pelas ruas
Em busca de olhos reais
Não consigo ver-lhes a alma
Vejo-os apressados e ocos
Bambus ao vento
Então olho para onde não se olha
Quase em desespero
Ou me fecho em meu coração
Onde me balanço como um terremoto
Entre o céu e o inferno
Tentando talvez tornar-me bestial
Olhando para o fim
Como se fosse um novo começo
Meus olhos agora beijam o fim

Luís Fabiano.

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