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terça-feira, junho 28, 2011



Defecando amor...

Ela chega tarde
Tarde demais
Quando minha alma deformada
Enterrou o corpo dos seus sonhos
Ela quer me animar dolorosamente
Desesperadamente
Tarde demais
Tudo que faz e pode é lamentar, lamentar, lamentar
Angustia de autoimposição
Quer o amor como um produto raso
Entende que o que foi, sempre deveria ser
Como?
A vida não se congela no tempo
É morrendo que se vive
Mas como uma cadela desesperada não entende
Ziguezagueia perigosamente entre os carros
Em seu lamento trágico
O meu asco afogado em nojo
Amor?
Não tem, não existe
Rasgue o meu peito repetidas vezes
Esfaqueei meu coração
Nem areia sairá dele
Porque não é assim
A alma não cabe em um frasco
E o amor que desejas é um cadáver apodrecido
Mas não aceitas e não queres aceitar
Abraçada ao cadáver apodreces junto e feliz
Enquanto ele fede, estourando líquidos purulentos
Muco de podridão, merda e vermes
Saindo de minhas orelhas, nariz, boca e cú
Deixe-me apodrecer feliz
Entre as velas que se gastam
No tempo que a tudo consome lentamente
E quando for tarde demais para ti
No grito desesperado de quero viver
Perceberas o quanto é fugaz a emoção que se congela
Abre os portais do teu peito agora
Deixa que tuas dores
Ganhem o espaço, o alto
Como cometas fulgurantes do alento
Pois, o que nos libertamos
Nos liberta
O único meio de sermos plenos
Como lagrimas de Deus
Como beijos de despedida
Como caricias do sol
Vê?
O cortejo segue a frente...

Luís Fabiano.

Um comentário:

Dóris disse...

Cagando amor...alguém consegue cagar amor?
Uma coisa é certa, o cortejo sempre segue em frente.
Bom poema.

Abraço.