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segunda-feira, maio 30, 2011



Navalhadas Curtas: Baratas da solidão

Não tenho problema de chegar em casa de madrugada, completamente derrotado. Não se pode ganhar todas, e creio ser como tudo que se repete, perde-se, o gosto torna-se enfadonho, ganhar demais ou perder demais será foda do mesmo jeito.

Três e dezessete da manhã, sem mulher, cansado, meio bêbado, cheirando a um dia de trabalho árduo, sou uma poesia marginal viva, que as tais madrugadas vão deformando, entre as estrelas de um dia pior, e os afagos falsos de pentelhos por aí...

Abro a porta, ligo a luz, entro, o silencio de um necrotério. No banheiro, sento meu rabo onde todas as pessoas de boa e má vida sentam ritualmente, isso nos torna a todos irmãos.

Faço minha serenata de merda. Quando olho minha escova de dente jogada na pia, a volta dela, pequenas baratinhas filhotes a exploram, andavam por cima das cerdas, pareciam comer algo invisível ali.
Sorri toscamente, afinal não estava tão só assim, pensei: afinal Deus não é bom?

Luís Fabiano.


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