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quarta-feira, abril 20, 2011



Acarinhado pela doença

Quero infectar-me de ti
Mergulhar em tuas profundezas
E beber de tuas rasuras
Quero o cheiro forte e acre do teu suor
E todos os outros odores
Todas as tuas dores
Meio carcomidas e devoradas
Teus pedaços que se quebraram nas dobras da vida
Quero-te em mim
Ferindo-me
Ferindo-te
Como uma doença incurável
Invadindo as frinchas de minha alma
Tornando caos minha vida uma vez mais
Não quero tua cura
Ou devaneios insondáveis de preces vazias
Mas aquilo que tua fé não me pode dar
Um pouco sangue
Sussurros
Gemidos e luxuria
As lágrimas desesperadas
De doloroso prazer
Quero o que Deus em ti duvida
E em mim descrê
Te quero a maldita
Hedionda e puta
Viciada
Ultrajada
Cuspida e mijada
Quero injetar-te em mim
Alastrar a benção do meu pior em ti
E permear-me dos teus brilhos serenos
Partes da tua doença
Misturando-se as minhas
Raiva de tua raiva
Saliva de tua saliva
Meus medos afagando os teus
A porra em tua garganta
Assim
A certeza mais passional e desenfreada
Deixa-me morrer aconchegado em ti
Como um pequeno pássaro no ninho
Enquanto adormeces aquietada em mim

Luís Fabiano.

Um comentário:

Anônimo disse...

Lindo poema. Amei.

Cris