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sexta-feira, abril 08, 2011



07-Abril-2011

Amanhece mais um dia fatal
Modorra inegável de nossas fragilidades
Expostas como feridas frescas conectadas
Parecemos nos importar com o que fede, chora e dói
Mas não
Aviões seguem pousando em segurança
Como a aceitação bovina também
Fingimos comoção momentânea com tudo
Como um flash fotográfico que captura o nada
Tentando raspar o fundo de nossas almas
Soterrar-se para ter um pouco paz
Enquanto adiante eles seguem morrendo
Como as vagas do oceano
Sem que lhes notemos a ausência
Sem que notemos quase nada
Nossa vista torna-se turva
Embaçada pelo selvático disfarçado
Quero entender e preciso entender
Porem existe uma lacuna impreenchível
De minhas misérias
Uma fome que não sacia
Uma sede desértica esgotando oásis
Pouco importa agora
Se morrem mais ou menos, morrem
Se balas perfuram notas musicais
Rompendo o doce encontro da harmonia
Gostaria de ter mais braços
De mais abraços para esta ânsia infinita de serenidade coletiva
Desejaria transformar-me em um disforme monstro
De tantos corações, tantas mãos e um manancial de lágrimas
Mas sei da impossibilidade enclausurada de mim
Não será por esta trilha densa
Mas pelo insondável alado querer humano
Que se inicia em um tempo sem tempo
As palavras escasseiam
Como abelhas sem favo ou mel
A sinfonia das agonias encena uma vez mais
Até quando, hein?

Luís Fabiano.

Um comentário:

Dóris disse...

Ótimo texto.
Ninguém sabe explicar uma tragédia.
Até quando? Isto ninguém saberá...
ficaremos sem saber e sem entender o que não pode ser entendido.

Abraço cheio de PAZ.