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sábado, janeiro 29, 2011



Um tapa no amor.

Nunca tive bons motivos para acreditar no amor. Na mais das vezes, o amor é uma solução de problemas: solução para solidão, para falta de dinheiro, para procriação e outras. Raramente esta palavra é usada corretamente. Em tese, quando se espera alguma coisa em troca, chame do que quiser, menos amor. Seria mais honesto.

Ela ficou sorrindo, enquanto fazia meu discurso de praxe. Tenho vários discursos prontos, para tais ocasiões, coisa que falo e não preciso pensar, porque afinal de contas ás vezes simplesmente não existe grandeza alguma.

Então Julia quis me convencer do contrário:
-Mas eu te amo. Do jeito que tu és, da forma que és, na liberdade que gostas. Podes ter todas as mulheres que quiseres, todas, que isso não altera nada em mim, eu continuo te amando.

Sorri de lado, erguendo a sobrancelha direita em silêncio. Ela segue entusiasmada:

-Podes transar com elas na minha frente, eu acho mesmo que adoraria de ver tu transando com elas, para ver se elas fazem como tudo gosta, e se não fizessem, eu diria: faça isso, e ao final te beijaria na frente dela, porque só eu te amo Fabiano...ninguém te ama assim. Eu vou cuidar de ti, como já cuido mesmo a distancia. Se adoeceres eu vou aparecer na frente de todos para te tratar, cuidar de ti.

Agora comecei a rir com mais vontade. Julia parecia que tinha um discurso também. Disse:
-É? E se eu estiver me cagando, me mijando todo, sem poder me limpar, mergulhado em um mar de merda literal? Hein? Será que esse teu amor é tão forte? Amor que vence merda?
-Fabiano, eu sou mulher de verdade. Sou muito mais mulher que todas as que tiveste tens ou terás. Escreva isso. Cuidaria de ti, mesmo que estivesse em pior estado possível. Alias, eu não deixaria tu chegares a isso, eu estarei lá, deixando tudo em ordem.

As vezes é preciso levar as coisas ao limite, para vermos a face da verdade. Deixei que ela ficasse tranquila, como se estivesse acreditado em cada palavra sua. Uma coisa eu digo, palavras são coisas fáceis. Ela sempre será uma verdade relativa. Representa algo, mas creio que nunca será da intensidade real. Usamos efeitos pirotécnicos, bons enfeites, as coisas ficam algo poéticas. Mas em essência, quando se está mergulhado na bosta, as palavras são totalmente desnecessárias. Quem te abraçará assim...

Julia se distraiu, e eu dei-lhe um tapa forte no rosto, fazendo o cigarro dela voar longe. Fiquei com a mesma cara, tranquilo, meu coração não alterou suas batidas, pois o que me animava não era a violência, ou ser agressivo, ou machucá-la.

Olhos de Julia ficaram arregalados, e me olhava com surpresa. Fiquei em silencio. Então depois de alguns minutos falei:

-Julia, ergue um pouco a tua saia...deixa eu ver tuas pernas...gosto delas ...
Ela não questionou nada. Fez, ela tem pernas lindas, e algumas vezes deito ali, depois de transarmos, é bom dormir no seu colo. Ela não fala uma palavra. Por fim depois de um bom tempo diz:
-Podes me bater de novo, que isso não muda nada. Nada mesmo. Tu estás fudido comigo Fabiano, eu te amo já disse.

Confesso que ela se superou. Me abraçou e deitou minha cabeça nas suas coxas gostosas. Ficou fazendo carinho no meu rosto, relaxei muito e adormeci. Quando acordei ela ainda estava ali, me olhava com ternura demasiada, e beijou com suavidade.

Me senti estranho, como se a verdade tivesse raspado meu coração. Ainda não acredito no amor, mas Julia tem meu respeito.
Não quero pensar que talvez ela apenas esteja psicologicamente afetada. Que tenha herdado minhas doenças mentais. Quero pensar um pouco,que tal emoção que a anima, é grandiosa e brilha no alto de uma montanha, a qual meus olhos ainda não podem divisar.

Ela me olha nos olhos, e entre nossos olhares algo existe, tão fino e incapturável, eu apenas retribuo o sorriso e digo brincando:
-Quer outro tapa?

Luis Fabiano.



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