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quarta-feira, janeiro 05, 2011


Santa Pentelhuda



Todo animal gosta de cheiros fortes. Nunca neguei isso em mim. Contraditoriamente, sempre encontrei mulheres que eram de um asseio invejável. Concordava porque é mais fácil pra mim aceitar, que expor as minhas vísceras repletas de merda a frente das pessoas. Sabia que não me atenderiam, não atendem e consideram ,acham “nojento”. Eu não.

Valesca era do laboratório do hospital que trabalhava. Eu a via sempre, e fazia um perfil exótico em termos visuais. Tinha um buço escuro, aquilo fazia eu pensar nos pelos de sua xoxota. Se fosse como seu buço, seria o portal do paraíso.

A amizade converteu-se previsivelmente em namoro. E com a intimidade, a verdade. Por vezes nada pior que a verdade. As doces ilusões que fazemos sobre os outros, sempre são melhores que eles em sí. Quando a realidade vem, é como uma nevoa mágica que se desfaz, convertendo tudo a ossos e nada.

Não queria que fosse assim. Durante muito tempo em outros momentos de minha vida, fiquei alimentando a nevoa, que não era assim. Tentei ficar alimentando uma doce ilusão, na esperança que ela crescesse, como algodão doce. Mas era algo inexorável e radical.

E mesmo com todo esforço, uma coisa é certa, fatalmente mais dia ou menos dia chegaremos nos ossos da vida. Se houver espiritualidade, é possível da morte, erguer vida e algum encantamento. Do contrario, a vida será a coisa mais sem sentido que se possa conceber. Essa é uma possibilidade. O resgate das pedras, a benção dos porquês e as lagrimas repletas de carinho e agonia.

Valesca era realmente peluda. Porem por uma questão de gosto pessoal. Alias a mulher mais peluda que conheci até hoje. Era uma mata negra, que saia por fora da calcinha e subia-lhe pelo rabo. Realmente uma poesia em flor e natural. Um cheiro ácido e provocante.

Pelos e ossos combinam. Ela não era uma pecadora nata. E isso era profundamente contraditório. Ela não constituía a grande sacana, e fazia sexo quase como uma freira. Gostava de ouvir palavras de amor ao ouvido, com toques suaves, em uma trepada que não se estendia muito.

Um dia depois que fizemos amor, eu estava relaxado, um bom momento pra dizer palavras duras, um momento onde as defesas estão literalmente “gozadas”. Ela fumava o cigarro da satisfação, com as pernas entre abertas, eu falei:

-Valesca deixa eu mijar em você ?
-Hã ?
-É deixa eu mijar você, e depois você mija em mim, eu bebo com todo o amor...
-Nem pensar...tais louco...isso nada tem haver com sexo...que isso...
-Como que não? Você nunca fez ?Eu já. Alias, qual a coisa mais ousada que você fez ?
-Nunca fiz e nunca farei...que eu lembre, uma vez eu transei com num banheiro...
-Legal, com quem, um desconhecido ?
-Não, com meu namorado...
-Sei, ele comeu o teu cu com força ?E gozaram aos berros ?
-Não, nunca gostei sabes, fizemos um amor rápido.
-Amor? Num banheiro?
-E foi lindo...tem ser amor.
-Que porra é essa? Lindo ? Puta que pariu, não tens nada mais ousado no teu cardápio?
-Para com isso Fabiano, tu parece louco cara.
-Nada disso meu anjo. Quero apenas saber, você transa como um freira, eu rezando palavrinhas de amor no teu ouvido. Bem a vida não é sempre assim, ás vezes uma boa mijada pode ser boa. Depois tomamos banho juntos, e fazemos anal...pense...
-Não e não. Pode esquecer tais ideias...
-Ok baby. Então em diz que você propõe de diferente?

Ficou me olhando, pensava algo. Valesca não gostava de palavrões, e quando eu começava a falar estas merdas, começava a caminhar para irritação. No fundo ela queria um sonho de amor. Não tenho nada contra sonhos de amor. Mas eventualmente um pequeno pesadelo para temperar é bom. Isso é verdade. Caminhar na navalha, é temperar a existência. Não se vive no diáfano nevoeiro de emoções ideais. Lembre-se, tudo está fadado a chegar aos ossos. Fazemos a fuga, nos agarramos a fragmentos de esperanças. Eu perdi as minhas, ainda bem.

A expressão de Valesca, era transtornada. Realmente ela não gostava de falar sobre essas coisas, ia contra a beleza que ela imaginava pra si. Era isso era meu prazer:

-Não sei Fabiano...não sei...realmente não sei o que tu queres eu faça...ou seja...não sei...
-Nada Val, seja apenas mais puta, uma vagabunda feliz e apaixonada...me chama de canalha de vez em quando...não fique com vergonha de peidar na minha frente...sorria e peide e depois me beije entre risos. Puta merda, não estou pedido nada. Que sejas mais brutal ás vezes, que esqueças que os anjos fazem amor. E entre os carinhos que me dás, eventualmente me dá um tapa na cara também...isso será a poesia de um amor maldito, é isso que quero, um amor maldito.

Meu discurso foi bom, porque ela ficou triste. Tentei traze-la para meu abraço, mas fugiu. Buscava a segurança de seus valores. Talvez eu tenha sido franco demais, cheguei aos ossos sem anestesia ,e não haviam asas para levar-nos além.

 
Luis Fabiano.





Um comentário:

Unknown disse...

Cara, tenho observado que tua técnica de escrita tem se aprimorado cada vez mais. Tecnicamente, fazes com que o leitor "assista o filme do texto", sabe? Isso é muito legal. Não sei que o que li foi tirado do teu quarto ou do teu banheiro, mas foi legal, ainda mais sendo algo do Fabiano que não conheço. Abraço!