Pesquisar este blog

quarta-feira, outubro 13, 2010

Xingamento vazio

Detesto altercação de vozes
Berros disformes
Como mugidos de um abatido
Elas entram pela porta
Com sapatos nas mãos
Arremessando diretamente em mim
Jogariam a pia da cozinha se tivessem força
Dariam um tiro
se tivessem coragem
Esfaqueariam-me
se fossem frias
A voz esganiçada proferindo impropérios,
Obscenidades e injurias
É a musica do amor
Talvez tenham razão em tudo
Não importa
Fico observando calado o circo
Desenvolvem a cena toda
Xingam, choram, agridem
Nunca tenho vontade de agir assim
Xingar e fazer o meu circo também
Não.
Prefiro o silencio
digam o tem a dizer
Xinguem,
cuspam,
vomitem e caguem sobre mim se quiserem...
permaneço uma estátua
Depois elas se vão
Com sua bolsa semi aberta
Coisas pelo chão
Carteira, chaves e velas vermelhas
Fico olhando elas se afastarem
A paisagem é serena
Não gosto de alterar minha voz
Meu tom grave me faz bem
Penso e falo devagar
Deixo-as no silencio
Silencio do abandono
Esquecimento
O nada que sempre lhes dou
Tudo passa
Não gosto de xingamentos
É deselegante grosseria
Prefiro o vazio.

Luís Fabiano.

Nenhum comentário: