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terça-feira, junho 08, 2010


Cú na mão

Aquela sala estava quente,
Como se o diabo soprasse baforadas.
Acho que não deveria ser assim.
Berço da lei.
Gente demais,
Interesse demais,
Testemunhas demais.
Culpa terna, inocência raivosa.
Acaba que nada é, o que é.
Era expectador,
Como em teatro
da vida real.
Um breve gole d’água,
Lá estava ela.
Feliz, abraçada a outro,
sorria como uma vadia
Que acaba de ganhar o valor.
Sorri, pisca os olhos.
Lembro de meu amigo,
Nem tão amigo assim,
Ele trabalha, merecia.
Fresco demais,
pobre demais,
Fodido demais.
Ela ali, me viu, fez cara de safada.
Quis dar a impressão
Que nada era,
nem parecia ser.
Coisas de nossa cabeça.
Tão pura,
tão puta.
Sorri, entendemos no silêncio
Dos cumplices informais.
Assassinos da quietude,
Estupradores da verdade,
Ditadores da mentira.
Viva.
Ordinária, leve como uma pluma,
Flutuava.
Tudo aquilo era um circo,
E a ironia desfilava
Nem consciência,
nem culpa,
nem réu.
Gostei aquilo,
acho que no fundo
Somos todos meio assim,
expectadores
Sem inocência.

Luís Fabiano.

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