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sexta-feira, maio 21, 2010


Trecho “...

“Martin Blanchard casou duas vezes, divorciou, e se amigou de montão.Agora já estava com quarenta e cinco anos, morava sozinho o quarto andar de um prédio de apartamentos e a acabaça de perder o vigésimo sétimo emprego de tanto faltar ao serviço, por puro desinteresse.
Vivia ás custas da previdência social. Tinha manias modestas - gostava de se embriagar ao maximo,sozinho,de dormir até tarde e ficar lá no seu apartamento,sozinho.Outra coisa curiosa a respeito de Martin Blanchard e que nunca se sentia só.Quanto mais pudesse manter-se longe do convívio humano,melhor pra ele.Os casamentos,as amigações, as trepadas passageiras,deixaram-lhe a sensação de que o ato sexual não compensava o que a mulher exigia em troca.Agora,desistindo de uma companheira fixa, se masturbava com freqüência.Deu por encerrada a sua educação no primeiro ano do segundo grau e,no entanto, quando escutava radio - seu contato mais intimo com o mundo - só queria ouvir sinfonias, e de Mahler, se possível.
Certa manhã, acordou bem cedo, pra ele – lá pelas 10 e meia - depois de uma noite de muito porre.Tinha dormido de camiseta, cueca e meias; se levantou da cama encardida, fui até a cozinha e espiou na geladeira.Estava com sorte.Havia ali duas garrafas de vinho do Porto,que não custa nada barato.
Martin foi pro banheiro, cagou, mijou, depois voltou á cozinha e abriu a primeira garrafa de vinha do porto, enchendo até em cima. Era verão e o calor convidava a preguiça. La embaixo, se via uma casinha onde moravam um casal de velhos.Estavam viajando, em férias.Embora pequena, a casa tinha na frente um gramado extenso e largo, bem cuidado, todo verde.Transmitia a Martin Blanchard uma estranha sensação de paz.”

Charles Bukowski - Crônica de um Amor Louco.

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