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sexta-feira, maio 21, 2010


Numa Fria

Fidelidade nunca foi meu forte. Por mais que as pessoas tentassem incutir em minha mente que era errado, que não se deve fazer, que a religião chamasse de mandamento, nunca me soou assim. Tinha que escolher a quem mentir, a mim ou Deus. Nunca me importei ou senti algo na consciência. Traí noventa por cento das mulheres que tive. As tentações femininas vinham, e tudo parecia tão natural, pois ali,naquele breve instante de pecado, não era um encontro de almas, sem romance ou amor.
Uma boceta e um pau que se encontravam, o pretexto não fazia diferença . Lei da vida, lei da natureza, lei do desejo. Precisa outro motivo?
O amor nisso tudo é um detalhe, que pode ou não fazer diferença, isso cada um decide por si. Para mim não fazia. Muitas vezes tentei impor a minha cabeça, que tal atitude era errada, mas como?Sou pura emoção.Talvez emoções não tão boas.
Não sentia assim, como também não sentia nada quando me traiam.Importar-se com chifres? Os poucos que me conhecem, sabem que detesto drama.Mas os dramas me perseguem, cada nova mulher, o final sempre é dramático. Nunca fui o tipo que faz escândalo. Tive uma namorada que duvidava de meus sentimentos por ela.Foi se tornando chata com o tempo,sempre perguntando a mesma coisa: “tu me ama? Tu me ama? Tu me ama?” – No final falava por repetição por que isso é chato pra caralho.Sabemos que demonstrações de amor devem se espontâneas,ou não é nada.
Então não se por que cargas d’água, para me por a prova ou sei lá o que, beijou um amigo meu na boca, na minha frente, ficou me olhando, nos olhos, visivelmente queria uma atitude “masculina” de minha parte.
Ela gostava de uns tapas, mas aquela situação não me apetecia , ao contrário.
Olhei para cara do meu amigo, sorri suavemente, disse:
-Cuidado cara, tu vai ser o próximo...boa sorte com ela.
Já tinha perdido a namorada, não iria perder o amigo. Dei as costas e saí andando tranquilo, ela ficou me xingando como uma louca, falando um monte de merdas enfileiradas, coisas femininas, ressentidas e talvez doloridas:
-Idiota, bem que eu sabia que tu não gostavas de mim, querias apenas me comer, teu amigo é muito melhor que tu, tu és perdedor,fode melhor, filho da puta!
Puxa, não sei quantas vezes já me disseram tudo isso. Hoje não faz nem diferença mais. A cada dia que passa, os xingamentos não tem mais sentindo nenhum para mim, me tornei inofencível.
Não me importa nem o que dizem, nem o pensam, muito menos o que querem de mim. Tudo que tento, é desviar-me dos chatos, mas eles são muitos. Ás vezes me sinto nadando contra a correnteza, desde que nasci é assim. Nunca senti exatamente as mesmas coisas que as pessoas sentem. Mas elas sempre quiseram que não fossem assim.Talvez seja defeito de fabrica,talvez Ele tenha errado algo em mim, ou acertado?

Márcia era exatamente o meu tipo de mulher, embora eu ainda não saiba qual é meu tipo. Uma linda negra, alta, peituda e com uma bunda gentil e cheirosa. Gosto de mulheres que peidam alto.
A conheci no meu trabalho, ela não fazia o perfil dos meus colegas. Eles não gostavam das faxineiras que limpavam suas cagadas no banheiro e outras coisas, eles preferiam as perfumadas estudantes. Eu não,tenho gosto refinado.
Começamos como aquele velho papinho furado, o papo que ambos sabíamos onde iria nos levar.Joguinho de sedução barato de sempre, que leva o pau a subir, e as pernas dela a abrirem. A cada que dia passa acho isso cada vez mais tedioso.Fui aconselhado por um amigo a procurar prostitutas. Mas também não quero chegar no puteiro, escolher a que quiser, combinar um preço, isso não parece um outro lado do papinho barato da sedução?Ou a mesma coisa? Que sairá mais caro?
Naturalmente Márcia e eu não tínhamos muito para conversar, então quando isso acontece, agente fala da própria vida, de preferência as desgraças que cada um passou, as tragédias, aí se acha uns pontos em comum, se dá um abraço, talvez um beijo e o caminho é o motel mais próximo.Gostoso não?
Falo assim, porque exatamente assim que aconteceu.Acho que naturalmente sem planejar, aconteceu depois que transei com Márcia, acabei saindo com mais quinze faxineiras. Meu amigo Ângelo, terminou por me cunhar, o rei das faxineiras.Ele gritava:”tu é o rei das fachinecas” - Gostei do titulo.
Não sei se era algo bom, mas acabei me tornando o assunto principal delas no café de intervalo. Realmente não sei se esta parte é verdadeira, mas me disseram que sim. Numa conversa mais intima com uma outra,ela me disse, que eu era tão querido, porque não as discriminava. Tratava como igual a todos.
Eu nunca achei isso uma qualidade em mim, pra mim realmente todos são iguais. Não trato ninguém melhor ou pior por isso. O que conta é outra coisa,quer varia de individuo para individuo,simpatia talvez.
Quando saímos daquele motel vagabundo, ás três horas da manhã, a transa não tinha sido a melhor que dei na vida, mas se ambos gozamos já é alguma coisas.Quis ser educado e leva-la em casa. Perguntei onde ela morava:
-Moro no Dunas.
-Hã?
-É no Dunas, a vila.Tu tens medo de ir lá?
Eu pensei comigo: puta que pariu, Dunas as três da manhã, é terra de ninguém, a policia pensa duas vezes antes de entrar lá a tarde, eu vou as três da manhã? Foda-se, eu vou. Não era coragem, era uma gentileza levada ao extremo. Fui sabendo que poderia não sair de lá, perder o carro, ser currado e mais alguma coisa terrível neste nível.Morrer seria barato demais.
Quando chegamos na vila, na entrada, cinco caras, fazendo churrasco as três e meia da manhã? Na rua, no meio da rua.Parecia uma alucinação. Márcia abriu o vidro, e fez que eu parasse o carro, e disse:
-Pessoal, tudo na boa, ele ta me levando pra casa.
-Se liga meu irmão, leva ela direitinho - disse o desconhecido.
-Pode deixar, tudo tranquilo, vou só deixa-la em casa e to saindo.
-Tá, vazem!
Eu já tinha entregue minha alma a Deus ou ao diabo, naquelas circunstancias tanto faz. Quando deixei Márcia em casa, dei-lhe um beijo, acariciei de leve os seios, foi assim que nos despedimos.
Sai de lá com o cú na mão. Se os caras quisessem me tomar o carro, não tinha o que fazer, mas são os riscos do amor.As vezes a adrenalina vale isso. Deve ser por isso que dizem, que boceta, arrasta até um trem com cem vagões. Aquela não valia isso, mas lá estava eu.
Parei na mesma esquina do churrasco da madrugada, o cara me olhou, disse:
-Tudo certo com ela?
-Sim.
-OK, te manda, nós anotamos tua placa, se acontecer qualquer coisa com ela, vamos te encontrar.
-Tudo bem.
-Vaza!
Desapareci de lá, o mais rápido que pude. Não preciso dizer que embora tenhamos transado mais vezes, logicamente, não me interessava levá-la. Ela teve que se virar no ônibus. Como sempre acontece em minha vida, ela começou a se envolver comigo. Que péssima idéia a dela. Então veio o drama. Que saco.

Luís Fabiano.
A paz é estar com o cú na mão, e se safar na boa.

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