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segunda-feira, abril 26, 2010


Vacas Magras, fodas gordas.

Houve um tempo em que eu pensava somente com o pau. Isso tinha dois lados, para a mulher que estava na época, era ótimo, ela entendia isso como amor, algo tão vital como ar, este lado era bom.
Ela fazia o perfil que mais me agrada, a safada até o osso, vulgar quase grosseira, sem polidez sofisticada, crua como a natureza selvagem. Isso mexe forte comigo. Pouquíssimas me causaram isso.
Já o outro aspecto,tanta trepada, eu ficava cansado demais para pensar em fazer outra coisa, a não ser trepar e trabalhar, um turno apenas. Nesta época não tinha nada na cabeça, a vida resumia-se ao mais simples possivel.
Com o tempo fui complicando as coisas.
Éramos muito pobres na época. Tudo era racionado. Eu tinha um empreguinho de balconista, um patrão chato,detalhista ao extremo. A empresa não ia bem, ele sabia disso, descontava sua frustração em nós, os três funcionários miseráveis.
A merda é algo curioso, não demorou muito para o Sr Alberto, sua esposa o trocou por um cara mais jovem,estilo tatuado e com muita disposição.Depois não sei o que aconteceu.
Alguém tão detalhista como Alberto, chato demais, torna-se insuportável com o tempo, eu ria sozinho desta merda toda, imaginando que sexo com Alberto deveria ser algo cirúrgico, muito minucioso.
Tudo era contraponto nesta época.Eu fudia demais e me fudia demais também.
Quando chegava em casa, Jeane estava ociosa, desempregada,a casa resumia-se a um quarto e um banheiro em uma vila estreita, o lugar era uma espécie de cortiço.
Faço escolhas estranhas em minha vida, lembro que saí de casa, que era bem melhor, para parar neste lugar. Era perigoso e muito miserável, mas estranhamente, junto a ela havia algo transcendente que não entendia muito bem, não sei se era amor, uma carência mutua, uma pobreza de espírito, ou tudo era o melhor sexo que tive naqueles meses. Não sei.Não gosto de ser tão minucioso com detalhes.
Mas junto a ela estava feliz, comiamos coisas simples, era um arroz com qualquer coisa. Depois víamos uma televisão bem pequena, que pegava apenas um canal, acabávamos indo dormir. Jeane tinha sua cota de quatro fodas por dia. Coisas de ser jovem, eu certamente não trepava tão bem assim, mas ela gostava da função.Acho que o negócio dela era quantidade.
Usava uma saia de jeans, ou minissaia,(coisas que adoro) sentava-se de pernas abertas na minha frente, era o suficiente, não havia muito o que dizer, nos gostávamos.Minha mão subia por sua perna e encontrava a buceta bem molhada, com pelos abundantes. Meu estilo até hoje.
Por aqueles poucos meses fomos felizes. Sem grana, sem bebidas,sem grandes estruturas, mas felizes.
Foi então que arrumei um emprego um pouco melhor no hospital. Ela começou a fazer faxinas, eu comecei a ganhar um pouco melhor,vestir-me melhor também. Não que isso tivesse importância pessoal, mas o trabalho precisava de uma aparência melhorada. Comprei umas duas ou três camisas, duas calças e um sapato. O meu estava furado embaixo,mas ninguém sabia.
Agora quando chegava aquele quarto reduzido, Jeane estava cansada, eu também, no entanto ela queria a foda dela. Mas eu não tava afim, queria ficar jogado numa cadeira, deixando a vida passar um pouco, olhando tevê.
Minhas roupas tinham cheiro de formol,isso a irritava, eu e meus mortos repletos de cortes. No inicio achava o trabalho intrigante, depois você aprende a cortar pedaços bem fininhos dos tecidos,fiquei um mestre com o bisturi.O negócio era tão afiado, que eu passava sobre a pele do meu braço, fazia um corte tão fino, mas tão fino, escorria um filete se sangue mas não tinha dor, acabei descobrindo sozinho isso e outras técnicas.
Passamos a não trepar mais naquele ritmo louco que tínhamos. Para Jeane eu a havia deixado de amar,não havia, apenas as coisas tinham mudado. Um dia chego em casa e ela aos berros:
-Tu não me fodes mais, já faz uma semana que não trepas comigo, tens outra? Estas comendo alguma morta no hospital? As enfermeiras vadias...?
-Ei, Jeane, ei, calma, calma...as coisas mudam...
-Mudam porra nenhuma, se não vais me comer, então vai embora, sai daqui...
Na época não senti raiva, talvez pena, ela não entendia meu cansaço,não entendia nada,e eu não queria ficar explicando.Para fuder quatro vezes por dia é preciso ser vagabundo não fazer nada,simples, faça as contas, quatro vezes por dia, sete dias da semana? Vinte e oito fodas semanais. Cento e doze fodas mensais, mil trezentos e quarenta e quatro fodas anuais? Que isso? Terminamos assim, fui embora enxotado do cortiço, não houve adeus ou lágrimas,prefiro assim, nunca mais voltei lá. Mas Jeane marcou minha existência, minha preferência por mulheres depravadas,chulas, grosseiras, sensuais, putas de corpo e alma.
Coisas que marcam a alma, lembro que na época da grana curta nunca broxei com ela, depois de quatro fodas diárias. Comecei a broxar depois que minha vida mudou, com mulheres assépticas demais, bem comportadas, limpinhas em demasia. Sexo não pode ser somente amorzinho cheio de ternura, é preciso um pouco de brutalidade, um carinho e um chicote.Ainda hoje penso assim, porem não é fácil entender.

Luis Fabiano.

3 comentários:

Anônimo disse...

Ótimo texto Fabiano,estas tuas companhias,tipo Gutierrez e Bukowski estão te fazendo bem. Muito bom,o texto ficou duro e tocante ao mesmo tempo.

M.

Anônimo disse...

Esqueceu de citar a minha cia, tb faço muito bem....

M2

Dóris disse...

Vida conjugal é isto mesmo...um dos dois sempre é incompreendido, principalmente quando falta diálogo, existe apenas sexo. Um sempre vai amar menos, outro sempre terá mais ciúmes, um sempre mais depravado, outro mais recatado....um com muito fogo, outro broxa. Coisas da vida, cotidiano, fatos que não precisam ser entendidos, pois sempre estarão aí.